domingo, 11 de outubro de 2009

Uma galera que não quer ficar calada


Há três anos inventando e interpretando suas próprias histórias, esse pessoal não se contenta em ficar vendo TV e decorando fórmulas, eles querem mesmo é se expressar e levar a cultura da liberdade para os palcos, praças, eventos ou até semáforos

Tudo ali começou na flor da adolescência. Com oficinas de teatro no Centro Cultural Schubert de Umuarama eles se reuniam para se expressar e dizer com a cara e a coragem, o que a juventude de hoje em dia tem para dizer e quer dizer. Em 2006 então surgiu o grupo Identidade Teatral, que até hoje se apresenta com um repertório de 12 peças teatrais. Eles não têm um mentor, um profissional de teatro que os dirija atualmente, no entanto, isso não é motivo para parar. Com o que aprenderam nos últimos anos e com criatividade e vontade de experimentar, as ideias sempre viram cenas e as cenas, boas histórias.
O que seus pais pensaram que era apenas uma diversão da mocidade, foi se adensando e hoje muitos deles são vestibulandos em artes cênicas. O que deixou os cabelos paternos e conservadores em pé. Mas aos poucos, eles vão persuadindo a família de que teatro é coisa séria, difícil e que estão dispostos a tentar.
Uma das integrantes do grupo, Carla Donadoni (22), que hoje está se firmando em instituições para trabalhar exclusivamente com teatro, conta como é o choque familiar em um momento desses, e narra uma velha história americana. “Meu pai falou que eu era uma vagabunda, que eu tinha que pilotar fogão, mas deixei claro que no momento certo eu iria ganhar dinheiro com o teatro”, conta. Alguns ali dentro foram crescendo, terminando o colegial, mas a vontade de continuar nos palcos não terminou e eles não aparentam pensar em parar com o ofício. Alguns já pediram demissão para estar ali, outros se desdobram para fazer tudo sem abdicar do sonho. “Temos uma vida paralela, mas essa vida paralela acaba se relacionando com o teatro, que é uma atividade inexplicável”, diz a integrante Fabíola Bravo (17).

RAZÕES – Carla vê o teatro como uma das formas de mudar o mundo. “Já que o teatro me mudou, penso então que ele também pode ser capaz de mudar o outro”, afirma. E a arte não está sendo um divisor de águas apenas para Carla. Amanda Boleta (19), diz que se tivesse que resumir a sua vida até agora, o teatro certamente seria um precursor dessa síntese. “Acho que o teatro é a coisa mais complexa e mais simples do mundo”, expõe. Simples e inesgotável, pois o grupo já chegou a apresentar um espetáculo – Procurando Maria – 42 vezes em apenas uma semana, em diversos locais da cidade.
Para reunir os pensamentos da trupe, o grupo possui um livro aonde as criações, pelo menos as linguísticas, vão para o papel e são arquivadas. Muitos dos integrantes escrevem, inclusive a dramaturgia das suas montagens, além de aforismos, poesias, contos e fragmentos. Com isso, o grupo ganhou em 2008 um prêmio em Cascavel de melhor pesquisa de linguagem popular brasileira.
“A energia que o palco dá pra gente, a recepção nas instituições de caridade, além da relação criada no grupo, pois somos uma família, tudo isso nos faz continuar”, afirma Amanda. Embora Umuarama apresente muitos obstáculos na vida do grupo, como um público ainda tímido e a falta de patrocínio, nada disso chega a ser sequer um beliscão que os faça desistir, seja investindo do próprio bolso nas produções, seja se apresentando aonde for.
Em festas, formaturas, semáforos ou em diversos lugares públicos, além do palco italiano, todo espaço pode ser tablado para o Identidade Teatral, que, em algumas apresentações já são remunerados com cachês.
Dentre as montagens do grupo estão “Joaninha”, “Circo dos Tatacas”, “Sonho de Sofia”, “Procurando Maria”, “Parede Azul”, “Natal da Alegria”, “Joaninha, adaptada”, “As 10 coisas que os homens precisam saber”, “A minha rua”, “Ninguém vai reparar”, “Sítio do pica-pau amarelo” e “As lavadeiras”.
O grupo é formado por Carla Donadoni, Éder Capoia, Amanda Boleta, Fabíola Bravo, Letícia Araújo, Tayssa Mazetto, Emanoel Faria e Thays Tsuji.
O grupo atualmente mantém vínculos com a Fundação Cultural de Umuarama, Serviço Social do Comércio (Sesc), Universidade Paranaense (Unipar) e continua tentando conquistar o seu espaço e seduzir os seus espectadores.



Umuarama/DaRedação
cidade@ilustrado.com.br

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