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quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Quase 300 pessoas desaparecidas em sete meses na Grande Cuiabá
O Departamento de Desaparecidos da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) registrou, de janeiro a junho deste ano, o desaparecimento de 238 pessoas na Grande Cuiabá. Os números de julho e agosto ainda são desconhecidos, mas o mês de setembro fechou com 49, num total de 287 pessoas desaparecidas em sete meses (mais de uma pessoa por dia. Os números são 30% maiores em relação ao mesmo período do ano passado, que registrou 179 desaparecimentos. Só que, com um trabalho sério, a DHPP vem conseguindo resolver, pelo menos 75% dos casos, cujas histórias são às vezes hilárias, se não fossem tristes e trágicas.
Das 238 pessoas desaparecidas este ano – de janeiro até junho, mas 49 do mês de setembro, totalizando 287 pessoas desaparecidas, segundo dados da DHPP -, 179 foram localizadas (75,21%) dos casos. Mesmo assim outras 59 (24,79%) pessoas ainda estão desaparecidas. No ano passado, os números foram menores. Das 179 pessoas desaparecidas - também de janeiro a junho -, 114 (63,69%) foram localizadas. Outras 65 (36,31%) continuam desaparecidas.
Os casos de desaparecimento, segundo conta o investigador Gardel Ferreira, chefe do Departamento de Desaparecidos, são cada um mais estranho que o outro. As vítimas do sexo masculino são a maioria. Quando se trata de vítima do sexo feminino, ou eles fugiram de casa com namorados, ou estão escondidas na casa de amigas depois de passarem a noite fora sem o consentimento dos pais.
Pelas estatísticas da DHPP jovens com idades entre dez e 17 anos representam a maioria dos casos de pessoas desaparecidas. Em segundo lugar vem os casos com pessoas entre 17 e 25 anos. Em terceiro aparecem as vítimas com idades entre 25 e 35 anos, e em último lugar estão as pessoas com idades acima de 35 anos.
Obidiel Oliveira Souza Júnior, 31, morador do bairro Pedra 90, na periferia de Cuiabá está desaparecidos desde fevereiro desde ano quando fez o último contato, por telefone, com a família. Depois de muito esperar por um sinal, o pai dele, Obidiel Oliveira Souza resolveu registrar ocorrência na DHPP.
Obidiel, o pai, contou que o filho Júnior saiu de casa para trabalhar em Tangará da Serra (Médio Norte, a 280 quilômetros de Cuiabá) onde desapareceu. Segundo ele, o filho fez algumas ligações, mas a última aconteceu no mês de fevereiro deste ano. Apesar das buscas realizadas pelo Departamento de Desaparecidos, Júnior continua em lugar inserto e não sabido.
A jovem Charlene Souza Cardoso, 23, que antes de sumir morava no Jardim Umuarama, em Cuiabá, está entre os casos misteriosos investigados pela equipe da DHPP. O pai dela, Antonio Américo Cardoso, registrou queixa no dia 26 do mês passado. Quase um mês depois e a jovem ainda não foi localizada, e também nunca fez contato.
A pequena Sirlei Aldaíza Clemente Lopes, de apenas 12 anos, moradora do bairro Altos da Boa Vista, em Cuiabá, também representa um dos grandes mistérios investigados. Ela, segundo sua mãe, Márcia Maria Clemente dos Santos, sumiu sem dar notícias até hoje por volta das 13h20 do dia 29 de setembro, quando foi vista pela última vez.
Cíntia Salvador Vieira, de apenas 14 anos, também vem agitando as investigações da DHPP nos últimos dias. Ela, segundo a mãe Maria de Fátima Salvador, simplesmente desapareceu misteriosamente desde o último dia nove deste mês.
Um dos casos mais intrigantes, no entanto, é o da adolescente Lorana Fabíola da Silva, que sumiu, mesmo grávida de nove meses aos 15 anos. Segundo a ocorrência registrada, Lorana ganharia o bebê um dia depois de sumir de casa.
Antes de desaparecer no dia 26 de agosto, no entanto, Loreana ainda deixou um bilhete explicando os motivos de seu ato para o pai, Gonçalo Santana da Silva, cuja família mora bairro Parque do Sabiá, em Várzea Grande (Grande Cuiabá).
Entre outras coisas, Lorana contou ao pai que estava saindo sem dizem para ia porque estava sendo ameaçada de morte. Contou ainda, que o ex-namorado dela - a Polícia tem a identificação -, havia feito a seguinte ameaça: “Vou te matar, pois se você não teve um filho meu, também não vai ter de mais ninguém”.
Para a Polícia, segundo o investigador Gardel, todos os casos são importantes e tem o mesmo peso nas investigações. Só que, em alguns casos, só pelo relato dos pais ou responsáveis pelas vítimas, a Polícia já sabe o desfecho final. “Todos os casos ganham a mesma importância após os registros. Só que, alguns, como o da Lorana, tanto são mais graves, até porque são duas vidas em jogo, como também dão mais trabalho. Mas nós estamos aqui para isso”, destacou Gardel.
A equipe do Departamento de Desaparecidos da DHPP tem apenas duas pessoas: o chefe Gardel Ferreira, um veterano investigador da Polícia Civil, e o jovem Auri Vieira, que dia a dia vem se aperfeiçoando na confecção de retrato falado, feito à mão.
A reportagem acompanhou algumas investigações, quando constatou que os dois: Gardel e Auri se transformam, em pelo menos dez investigadores quando estão empenhados em uma investigação, ou em várias investigações de uma só vez ao mesmo tempo.
Muitas vezes, segundo a reportagem também comprovou, os dois não tem tempo, sequer para comer, pois correm atrás dos mínimos detalhes nas investigações, que vão desde o perfil das vítimas, até seus principais amigos e últimos contatos realizados por elas antes de desaparecer.
Tudo é minuciosamente checado e investigado, principalmente os últimos passos da vítima, inclusive seus últimos contatos. Quando é necessário, o investigador Auri faz o retrato falado à mão, na mesmo na DHPP. “Isso dá trabalho, mas é gostoso de fazer. Tanto é verdade, que temos um índice muito alto, mais de 75% de localizações de vítimas”, afirma Gardel.
Os contatos para registros de ocorrências, ou para dar notícias sobre alguma pessoa desaparecida, podem ser feitos diretamente no Departamento de Desaparecidos: 3616-9219, ou pelo telefone 3616-9214, do plantão 24 horas da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP). (JRT).
Fonte: Redação 24 Horas News
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