sábado, 26 de dezembro de 2009

Ataque contra 80 brasileiros no Suriname deixa 14 feridos e uma grávida morta


Segundo embaixada, sete feridos estão internados em estado grave.
Tumulto teria começado após brasileiro matar morador local.


Um ataque contra cerca de 80 brasileiros em Albina, cidade do Suriname a 150 quilômetros da capital Paramaribo, deixou 14 feridos, dos quais sete em estado grave, e uma brasileira grávida morta, segundo informações da Embaixada do Brasil no país.
O ataque teria sido uma retaliação à morte de um morador local. Um brasileiro teria assassinado na véspera de Natal, dia 24, um "marrom", como são conhecidos os surinameses quilombolas. O brasileiro está foragido. De acordo com o embaixador brasileiro no Suriname, José Luiz Machado e Costa, as autoridades surinamesas estimam que entre 100 e 500 marrons tenham atacado os brasileiros em retaliação.
De acordo com a embaixada, os brasileiros que vivem em Albina trabalham no garimpo de ouro, atividade proibida no Suriname, e vivem, em sua maioria, ilegalmente no país. Albina tem cerca de 10 mil habitantes e fica na fronteira do Suriname com a Guiana Francesa.
O embaixador informou que não é possível estimar a quantidade de brasileiros que vivem em Albina porque a maioria é nômade, vive um pouco para atuar no garimpo, morando em tendas plásticas, e vai embora.
O embaixador José Luiz Machado e Costa afirmou que houve um "ataque brutal aos brasileiros" e que os marrons estupraram mulheres e atacaram o grupo de brasileiros com facões. A mulher grávida assassinada teria sido golpeada no pescoço com um facão, disse Costa.
Após os ataques, as autoridades surinanesas levaram os cerca de 80 brasileiros para a capital Paramaribo em dois ônibus. Os 14 feridos estão em um hospital militar e sete estão em estado grave.
"Os golpes de facão produzem ferimentos graves e pode ser que o número de mortos aumente", disse o embaixador. Segundo ele, uma equipe da embaixada está no hospital para obter a identidade dos brasileiros e analisar quais são as necessidades imediatas.
"A situação é bastante complicada e hoje a embaixada está montando uma espécie de multirão de emergência. Estamos em contato com os ministros locais da Defesa e da Justiça", afirmou o embaixador.
Os brasileiros que não se feriram foram hospedados em dois hotéis, disse ele e cerca de 30 vão ser interrogados pelas autoridades locais.
Do grupo que atacou os brasileiros, quatro pessoas estão presas e as autoridades surinamesas investigam se há outros envolvidos.
Na avaliação da embaixador, o governo surinamês está sendo muito atencioso com os brasileiros. "Hoje o exército e a polícia estão voltando a Albina para uma avaliação geral. Os ministros foram para a televisão na noite de sexta (25) e pediram oficialmente desculpas aos brasileiros, o que demonstra um especial cuidado e apreço pelos brasileiros."
O embaixador afirmou ainda que o Ministério das Relações Exteriores ofereceu um avião da Força Aérea Brasileira para enviar ajuda aos brasileiros atacados, mas ainda depende do posicionamento das autoridades surinamesas. "Isso é um assunto interno do Suriname e não podemos interferir na soberania do país."

Simpatia
O embaixador afirmou que nunca houve precedente de desentendimento entre locais e brasileiros. "A relação de integração no Suriname é completa e temos total simpatia com eles. Eu acredito que tenha sido mais uma atitude de massa, começa um quebra-quebra e a coisa sai do controle. Não qualificaria como ressentimento."
Cerca de 18 mil brasileiros vivem no Suriname, segundo a embaixada. O país tem uma população de cerca de 500.000 habitantes, e sua economia é baseada, principalmente, na mineração.


G1

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