quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Sean deixa o consulado americano acompanhado do pai



Menino foi entregue ao pai por ordem da Justiça brasileira.
Sean retorna ainda hoje aos EUA em voo fretado, diz advogado.


O menino Sean Goldman, de 9 anos, deixou o consulado americano, no Centro do Rio, acompanhado do pai biológico por volta de 9h50 desta quinta-feira (24). Saíram dois comboios do local e, segundo informações do governo dos EUA, eles estavam no segundo.
Dois veículos chegaram ao Aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador, e David Goldman e Sean desceram dos carros e entraram, de acordo com as primeiras informações, no prédio da administração da Infraero.
O menino chegou por volta de 8h30 com o padrasto, a avó materna e o advogado da família ao consulado para ser entregue ao pai biológico David Goldman, cumprindo ordem judicial.
Eles foram em três carros e pararam a cerca de 100 m do local, seguindo a pé. O menino entrou no consulado abraçado do padrasto. Houve muita confusão e o trânsito ficou complicado. Eles foram cercados pela imprensa, e a família teve dificuldades para entrar no local. Cerca de 30 seguranças tentaram fazer um cordão de isolamento para a passagem.
O advogado Sérgio Tostes informou que pai e filho viajam ainda nesta quinta em avião fretado para os Estados Unidos. A avó pediu para ir junto no voo, mas foi negado pelo governo americano. O governo brasileiro concordou.
David Goldman chegou ao consulado antes das 8h em comboio da polícia. A segurança foi reforçada e foi montado um cordão de isolamento. Segundo a porta-voz da embaixada americana no Brasil, Orna Blum, o consulado está tomando todas as medidas para que essa transição seja a mais tranquila possível para o menino.

Decisão do STF
O presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), desembargador federal Paulo Espirito Santo, determinou, na quarta-feira (23), a entrega de Sean ao Consulado dos Estados Unidos até as 9h desta quinta.
A ordem atendeu à determinação do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, que suspendeu liminar do próprio Supremo.
O advogado dos Bianchi, Sérgio Tostes, disse, que não vai recorrer da decisão do STF. Segundo ele, a família decidiu dar prioridade ao bem estar e a uma transição suave da guarda da criança.
David Goldman se disse feliz com a decisão do STF, que suspendeu na terça a liminar que garantia a permanência do garoto no Brasil. A informação é de seu advogado, Ricardo Zamariola. Em entrevista à rede de TV americana NBC, o americano declarou que o Brasil "terá um futuro melhor honrando o império da lei”.
Por outro lado, a avó brasileira, Silvana Bianchi, afirmou em entrevista ao G1 que a ordem judicial atende a interesse político e econômico. "Estou chocada, triste, decepcionada e envergonhada."
Na terça, ela havia divulgado carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que o menino seja ouvido pela Justiça e reitera o desejo de que o neto permaneça no Brasil. "Tentar tirar uma criança de 9 anos do convívio da família com a qual vive há 5 anos ininterruptamente e especialmente de perto de sua irmã, Chiara, de 1 ano e 3 meses, que tem em Sean seu grande amparo, justamente na véspera do Natal, representa uma desumanidade", diz Silvana.
A guarda do menino era disputada pelo pai e pela família de sua mãe, a brasileira Bruna Bianchi, que morreu em 2008 durante o parto de sua filha com o advogado João Paulo Lins e Silva. Sean mora no país há quase 5 anos, quando veio dos EUA com a mãe.


G1

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