domingo, 20 de dezembro de 2009

Papai Noel existe? Psicólogos orientam


Responder a perguntas embaraçosas é uma habilidade que todos os pais têm de desenvolver conforme os filhos vão crescendo. E entre as questões, uma é inevitável: “Papai Noel existe?”. Mais cedo ou mais tarde, ela virá de encontro aos ouvidos dos pais. E pode esperar que será numa época como a que estamos vivendo agora, ou seja, no Natal, quando a figura do Papai Noel aparece. O que fazer quando essa hora chegar? Sabemos que a ordem é sempre falar a verdade para os filhos, mas a regra deve valer também quando se trata de uma fantasia que faz parte da vida de praticamente todas as crianças?
Para a psicopedagoga Maria Irene Maluf, de São Paulo, o melhor a fazer é devolver a pergunta para o filho. Assim é possível ter uma idéia do que ele já sabe sobre o assunto e o que pode receber como resposta. “Chame seu filho ou neto, sentem-se confortavelmente e lhe diga: ‘Sobre a pergunta que você me fez agorinha ... o que você acha? O que você pensa a respeito?’ Assim, a criança vai expor da forma dela uma dúvida real e você pode evitar um discurso penoso para ambos”, orienta.
Segundo ela, a melhor forma para se dizer uma verdade a uma criança depende muito da idade dela, mas nada justifica mentir. “Quando se trata da educação dos filhos, sabemos que mentir é sempre um erro”, diz Maria Irene. “Jamais traia a confiança do filho. Além de você ficar desacreditado, uma criança pode no futuro deixar de perguntar a você coisas muito mais sérias”, alerta.
Ela acredita que é praticamente impossível uma criança, hoje, não descobrir por si só ou no contato com os colegas, TV, Internet e outros meios de comunicação que Papai Noel e suas renas voadoras não passam de pura ficção, de uma criação da cabeça dos adultos.
Mas caso isso não aconteça, a psicopedagoga diz que é bom chamar, aos poucos, a atenção da criança para alguns pontos, como a quantidade de Papais Noéis, o que ela acha disso, entre outros pontos. Despertar na criança a curiosidade para deixá-la descobrir sozinha, nas conversas com os colegas. Principalmente porque, segundo Maria Irene, não existe uma idade certa para contar a verdade ao filho.
“Se a família cria um mito muito forte em torno dessa história é claro que a criança terá dificuldade em perguntar. Então, questionar sobre o que os colegas falam e o que ela leu a respeito, pode dar uma abertura para o assunto”, sugere Maria Irene.
A psicóloga Sandra Leal Calais, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru, reforça a importância de falar a verdade quando questionado pelo filho. Ela também ressalta que o acesso à informação é muito maior atualmente do que quando éramos crianças, independentemente da idade de quem estiver lendo essa matéria.
“As crianças de hoje são muito espertas. Elas estão atentas aos menores sinais”, comenta. Uma voz mal disfarçada, um óculos ou uma corrente de uso constante do falso Papai Noel pode levantar suspeitas nos pequenos. “Acho que é válido criar essa fantasia, mas se os filhos perguntarem tem de falar a verdade, tem de ter a coragem de dizer que os presentes não foram dados pelo Papai Noel, mas pelos pais. Diga que tem muita criança no mundo e que o Papai Noel não dá conta de levar presentes para todos”, ensina.

Adilson Camargo
Jornal da Cidade de Bauru
Foto: Karina Bertoncini - Olhares.com

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