terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Pesquisa mostra que jovens do estado do Rio veem no tráfico oportunidades de conquistas


Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, em parceria com a Unicef, apresentada ontem, mostra que o que atrai jovens e adolescentes a entrar para o tráfico de drogas pode, na maioria das vezes, ser resumido em duas palavras: poder e sexo. De acordo com o estudo, intitulado Meninos do Rio: jovens, violência armada e polícia nas favelas cariocas, o poder de portar uma arma e a possibilidade de atrair mulheres são alguns dos fatores que levam esse grupo a entrar para o tráfico no Rio.
As informações colhidas na pesquisa foram obtidas por meio de entrevistas com os envolvidos no tráfico entre maio e novembro do ano passado, reunindo moradores de favelas, estudantes universitários, traficantes, lideranças comunitárias, ONGs e até mães de jovens que fazem parte do esquema. A conclusão, descrita no texto, é: “A informação mais repetida, confirmada, explicada e reassegurada — e ainda assim surpreendente e obscura — é a supremacia das armas para atrair mulheres, meninas bonitas, da favela, de fora e até de outra classe social”.
Uma das razões desse foco pode ser respondida pelo próprio levantamento, que aponta uma redução nos rendimentos obtidos com a venda das drogas. Ou seja, o poder segue, embora o lucro seja substancialmente menor. “No repertório das principais mudanças ocorridas no tráfico de drogas nos últimos anos, a redução dos rendimentos obtidos pela venda das drogas está na base de um dos consensos verificados ao longo de toda a pesquisa de campo”, ressalta o texto.

Meio ambiente
Ainda no Rio, mais 400 alunos de escolas da rede estadual participaram ontem da cerimônia de encerramento de mais uma etapa do programa Nas Ondas do Ambiente, do governo fluminense. A finalidade do projeto é ensinar técnicas de comunicação a jovens e adolescentes para tratar de temas como o uso sustentável dos recursos naturais e consumo consciente em rádios comunitárias nas escolas.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou da solenidade, o trabalho é importante para incentivar o protagonismo de jovens e adolescentes na questão ambiental. “A junção desses elementos trouxe uma coisa curiosa: a garotada das escolas aprendendo a lidar com equipamentos de rádio e produzindo programas que têm a ver com a questão ambiental das comunidades mais próximas, como o lixo, a escassez da água e o aquecimento global.”
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, destacou o caráter lúdico da iniciativa, que substitui as aulas formais de meio ambiente e tem como objetivo também multiplicar os conceitos discutidos pelos jovens para toda a comunidade. “Ele se apropria do microfone, dos programas e consegue de uma forma lúdica passar para a comunidade a questão ambiental”, acrescentou.
"No repertório das principais mudanças ocorridas no tráfico de drogas nos últimos anos, a redução dos rendimentos obtidos pela venda das drogas está na base de um dos consensos verificados ao longo de toda a pesquisa”
(Trecho da pesquisa Meninos do Rio: jovens, violência armada e polícia nas favelas cariocas)

Fonte: Correio Braziliense

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