Abandono e insegurança levam carioca a evitar a maioria das passagens subterrâneas da cidade
Rio - Pedestres que precisam cruzar as muitas passagens subterrâneas abandonadas da cidade já se acostumaram a fazer escolhas difíceis: o perigo de ser atropelado ao atravessar pistas de alta velocidade ou o risco de ser assaltado. Com iluminação precária, sem segurança nem manutenção, os túneis viram abrigo para moradores de rua, viciados em crack, assaltantes e até estupradores.
Dia 8, a estudante de Direito Danyanne Santos da Silva, 24 anos, escolheu a primeira opção. Ela morreu na hora ao ser atingida por um carro no Aterro do Flamengo. Segundo amigos, Danyanne teve medo de usar a insegura passagem subterrânea na altura da Rua Farani, em Botafogo, às 22h.
No mesmo local, a funcionária pública Jose Lima, 32, foi vítima da violência duas vezes este ano. “Isso aqui é um perigo. Pivetes chegaram correndo e arrancaram minha bolsa. Infelizmente, preciso descer aqui todos os dias para ir trabalhar”, lamentou.
A prefeitura não soube precisar o número de passagens no município, mas O DIA foi a sete delas e encontrou um cenário desolador. Em Parada de Lucas, a passagem conhecida como ‘Anjinho’, embaixo da Avenida Brasil, é o caminho para muitos estudantes da Escola Municipal Cardeal Câmara, logo em frente. “A gente procura ir em grupo sempre e só à luz do dia”, contou o estudante Fábio Freitas, 15 anos. Moradora da região, Daniele de Oliveira, 18, contou que há dois meses sua vizinha foi estuprada e morta no local. “Passo aqui rezando, tenho muito medo. Mas não tenho outra opção. Se eu atravessar a Avenida Brasil, vou ser atropelada”, concluiu.
O perigo dos túneis para pedestres se repete em São Conrado. Entre a Favela da Rocinha e o Shopping Fashion Mall, a passagem subterrânea cheia de infiltração e sem iluminação assusta. O empresário Alexandre Pereira, 36, saía de reunião no shopping e visitava o local pela primeira vez. “Estou impressionado. Cheguei a parar aqui na frente, olhar para dentro e pensar se devia entrar ou não. São goteiras para todos os lados e uma escuridão enorme”, criticou.
Embaixo da linha férrea, no Engenho Novo, próximo ao Centro Universitário Celso Lisboa, a iluminação e a segurança da passagem são mantidas por um comerciante. “Eu cheguei há um ano e instalei a luz. A limpeza também é por minha conta”, explica o vendedor de frutas Alan Xavier Lopes, 27.
A dona de casa Suely Santos, 53, disse que só passou a circular durante o dia ali depois da intervenção de Alan. “A presença dele faz a gente ficar mais tranquila, mas, durante a noite, nem pensar”, avisa.
Promessa de ‘Choque de Manutenção’
A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos reconheceu o mau estado de manutenção das passagens subterrâneas da cidade e informou que já se prepara para realizar um grande Choque de Ordem. Em nota, a Seconserva informou que já está fazendo levantamento das deficiências e os órgãos necessários serão envolvidos para a recuperação das mesmas.
Sobre a segurança, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que os setores de radiopatrulha atendem essas áreas de acordo com as necessidades. A PM solicita ainda que as reclamações devem ser encaminhadas para o batalhão da área respectiva da passagem.
Já a Guarda Municipal informou que nas passagens da Zona Sul há ronda com dois guardas; na Zona Norte e Oeste, a corporação comparece quando surge solicitação de contribuintes, mas apenas das 7h às 19h. O horário só é estendido para atender a demandas pontuais. Segundo eles, no Engenho Novo, por se tratar de área de risco, os guardas não atuam na passagem subterrânea.
Anna Luiza Guimarães
O DIA ONLINE
Rio - Pedestres que precisam cruzar as muitas passagens subterrâneas abandonadas da cidade já se acostumaram a fazer escolhas difíceis: o perigo de ser atropelado ao atravessar pistas de alta velocidade ou o risco de ser assaltado. Com iluminação precária, sem segurança nem manutenção, os túneis viram abrigo para moradores de rua, viciados em crack, assaltantes e até estupradores.
Dia 8, a estudante de Direito Danyanne Santos da Silva, 24 anos, escolheu a primeira opção. Ela morreu na hora ao ser atingida por um carro no Aterro do Flamengo. Segundo amigos, Danyanne teve medo de usar a insegura passagem subterrânea na altura da Rua Farani, em Botafogo, às 22h.
No mesmo local, a funcionária pública Jose Lima, 32, foi vítima da violência duas vezes este ano. “Isso aqui é um perigo. Pivetes chegaram correndo e arrancaram minha bolsa. Infelizmente, preciso descer aqui todos os dias para ir trabalhar”, lamentou.
A prefeitura não soube precisar o número de passagens no município, mas O DIA foi a sete delas e encontrou um cenário desolador. Em Parada de Lucas, a passagem conhecida como ‘Anjinho’, embaixo da Avenida Brasil, é o caminho para muitos estudantes da Escola Municipal Cardeal Câmara, logo em frente. “A gente procura ir em grupo sempre e só à luz do dia”, contou o estudante Fábio Freitas, 15 anos. Moradora da região, Daniele de Oliveira, 18, contou que há dois meses sua vizinha foi estuprada e morta no local. “Passo aqui rezando, tenho muito medo. Mas não tenho outra opção. Se eu atravessar a Avenida Brasil, vou ser atropelada”, concluiu.
O perigo dos túneis para pedestres se repete em São Conrado. Entre a Favela da Rocinha e o Shopping Fashion Mall, a passagem subterrânea cheia de infiltração e sem iluminação assusta. O empresário Alexandre Pereira, 36, saía de reunião no shopping e visitava o local pela primeira vez. “Estou impressionado. Cheguei a parar aqui na frente, olhar para dentro e pensar se devia entrar ou não. São goteiras para todos os lados e uma escuridão enorme”, criticou.
Embaixo da linha férrea, no Engenho Novo, próximo ao Centro Universitário Celso Lisboa, a iluminação e a segurança da passagem são mantidas por um comerciante. “Eu cheguei há um ano e instalei a luz. A limpeza também é por minha conta”, explica o vendedor de frutas Alan Xavier Lopes, 27.
A dona de casa Suely Santos, 53, disse que só passou a circular durante o dia ali depois da intervenção de Alan. “A presença dele faz a gente ficar mais tranquila, mas, durante a noite, nem pensar”, avisa.
Promessa de ‘Choque de Manutenção’
A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos reconheceu o mau estado de manutenção das passagens subterrâneas da cidade e informou que já se prepara para realizar um grande Choque de Ordem. Em nota, a Seconserva informou que já está fazendo levantamento das deficiências e os órgãos necessários serão envolvidos para a recuperação das mesmas.
Sobre a segurança, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que os setores de radiopatrulha atendem essas áreas de acordo com as necessidades. A PM solicita ainda que as reclamações devem ser encaminhadas para o batalhão da área respectiva da passagem.
Já a Guarda Municipal informou que nas passagens da Zona Sul há ronda com dois guardas; na Zona Norte e Oeste, a corporação comparece quando surge solicitação de contribuintes, mas apenas das 7h às 19h. O horário só é estendido para atender a demandas pontuais. Segundo eles, no Engenho Novo, por se tratar de área de risco, os guardas não atuam na passagem subterrânea.
Anna Luiza Guimarães
O DIA ONLINE
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