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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Acre: Médico acusado de estupro é preso em flagrante
Médico acusado de estupro é preso em flagrante, em Senador Guiomar a vítima é uma paciente de apenas 15 anos segundo o acusado, "tudo não passou de procedimentos profissionais"
Assista a reportagem de Marilson maia e Cleriston Amorim para A Gazeta
A Polícia Civil prendeu em flagrante dentro do Hospital Ary Rodrigues, em Senador Guiomard, 29 quilômetros de Rio Branco, o médico Humberto Nilo de Araújo Filho, 31 anos, acusado de atentado violento ao pudor contra uma menina de 15 anos. Ela havia procurado a unidade hospitalar com dores abdominais e a família suspeitava de inflamação no apêndice.
A jovem deu entrada no hospital Ary Rodrigues por volta de 9h e foi atendida no setor de emergência. Após ser avaliada preliminarmente, foi procedida uma Ultrassonografia do Abdômen da menor. Com o exame, ficou comprovado a existência de uma Cistite, nome que se dá para doenças inflamatórias e/ou infecciosas da bexiga.
Porém, ao contrário de uma solução para a saúde, a jovem teria encontrado um problema contra a dignidade sexual. Ela acusa o médico Humberto Nilo de tê-la molestado durante o tempo em que permaneceu no leito hospitalar. Período compreendido entre às 9h a 18h de segunda-feira.
Conforme a versão da vítima, ao invés de ser levada para uma enfermaria, por ordem do acusado, ela foi colocada em um local de portas fechadas. Segundo a menina, neste momento, o médico a convidou para ir ao cinema, pediu o número de seu celular e prometeu ligar para ela com o número restrito.
As insinuações do médico começaram a causar medo na menor, que, por intervenção da mãe, pediu que uma vizinha a olhasse. Já no período da tarde, quando a genitora da vítima precisou ir alimentar um bebê de colo. Antes de ir para casa, a mulher pediu a uma amiga que cuidasse de sua filha.
Toda essa preocupação tinha um motivo: um funcionário da saúde já havia alertado de possíveis “traquinagens” de Humberto Nilo contra pacientes. A mulher ficou desesperada e entrou de supetão na porta onde sua filha se encontrava. “Lá, me deparei com o médico deitado numa maca que estava do lado da minha filha”, disse a mãe.
Imediatamente, a mulher exigiu a alta hospitalar da filha. Antes de assinar a alta, Humberto Nilo teria dito que somente ia liberar a moça na próxima quinta-feira, mesmo conhecendo todo o diagnóstico da doença, queria manter a jovem no hospital supostamente com a intenção de abusá-la.
Versão da vítima
Mesmo sabendo que a enfermidade da jovem já havia sido diagnosticada como infecção na bexiga, Humberto Nilo teria persuadido a moça a fazer exames de toque. “Ele apalpou minhas partes íntimas e perguntou se doía. Depois, apalpou meus seios e perguntou se eu fazia sexo”, relatou a vítima.
Eram 18h quando a menina contou aos pais sobre o ocorrido, que repassaram as informações ao delegado Alberto Dalacosta. Às 18h30, o suspeito já estava preso num flagrante que terminou por volta de 1h da madrugada de ontem, segundo Dalacosta.
O médico acusado foi indiciado por atentado violento ao pudor, crime que se diferencia do estupro por envolver ato sexual diverso da cópula (também denominada conjunção carnal ou sexo vaginal) ou ainda, quando a vítima é do sexo masculino.
Há outras formas de atentado violento ao pudor, que compreende a prática de atos diversos da conjunção carnal, por exemplo, acariciar as partes íntimas de pessoa, após havê-la subjugado de alguma forma - pelo emprego de arma ou outra violência.
Neste caso, a violência é real (mediante intimidação capaz de anular a resistência normal da vítima); situação diferente da violência presumida - aquela em que a vítima é menor de 18 anos, onde o agressor não ofereceu nenhuma capacidade de a vítima se defender.
AÇÃO DA POLÍCIA
O secretário da Polícia Civil, Emylson Farias, reuniu a imprensa ontem para falar sobre a prisão do médico. “O acusado vinha sendo investigado na Delegacia Especia-lizada de Proteção à Mulher (Deam), por estupro, crime ocorrido em janeiro de 2008, e por atentado violento ao pudor”, disse Emylson.
“Para fundamentar o inqué-rito, o delegado, Alberto Dalacosta, ouviu testemunhas, pessoas, que estavam no interior do hospital durante a internação da menor e o indiciou. O flagrante foi encaminhado à Justiça para devida homologação que ocorreu ainda na manhã de ontem”, completou o secretário.
A Justiça homologou o flagrante por volta de 11h30 de ontem e Humberto Nilo passa a condição de pronunciado da Justiça. Ainda conforme o secretário, Nilo foi inquirido no art. 213 parágrafo 1º do Código Penal. Se for condenado, poderá pegar até 12 anos de prisão.
A polícia procedeu a investigações e constatou que o acusado, usando da função, conseguiu subtrair da vítima qualquer tipo de reação e mesmo sabendo que se tratava de outra patologia, passou a proceder a toques em partes do corpo da mesma que nada tinha a ver com a doença em questão (infecção na bexiga).
Emylson acrescentou que o delegado Alberto Dalacosta fez tudo que a lei determina, buscando minúncias para garantir a fiel aplicação da conseqüente ação penal. “Nossa meta é combater com veemência todo crime contra a dignidade sexual”, explicou o secretário da Polícia Civil.
Ao tomar conhecimento dos fatos, o deputado Luiz Tchê (PMN) foi até a cidade de Senador Guiomard conversar com os familiares da vítima. O parlamentar preside a CPI da pedofilia da Assembléia Legislativa.
Ele enalteceu a ação da Polícia Civil, que em duas semanas prendeu um professor acusado de ser pedófilo e um médico acusado de abusar uma menina. Os dois presos são funcionários públicos e foram flagrados dentro das repartições onde eram lotados (hospital e escola) abusando da aluna e da paciente.
Por: Pedro Paulo
Fonte: A Gazeta On line
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