sábado, 12 de setembro de 2009

"Madrasta não tem atenuante"

Muitas nos procuraram depois do assassinato da Isabella Nardoni
Há sete anos, a psicóloga Roberta Palermo fundou
uma associação de madrastas, categoria à qual pertence.
Sua entidade tem 2 750 filiadas. Há uma semana, elas se
reuniram no Rio para discutir seus infortúnios


Raquel Salgado

O que a levou a fundar essa associação?
Na cabeça das pessoas, há três vilões: babás, mordomos e madrastas. Ora, nem todas as babás batem, nem todos os mordomos assassinam e nem todas as madrastas fazem malvadezas. Sou uma madrasta e queria lutar contra esse preconceito.

O que faz sua associação?
Ouve, aconselha e tenta resgatar a imagem das madrastas. Queria até convencer os autores de dicionários a mudar a definição de madrasta, que inclui a descrição de uma mulher má e ingrata.

Mas madrastas más existem.
Claro, eu fui vítima de uma delas, que, depois, se arrependeu. O problema é que ninguém as desculpa.

Por quê?
O perdão está reservado às mães. Para elas, sempre há justificativa. Se uma mãe maltrata um recém-nascido, é por depressão pós-parto. Se perde a paciência, está estressada. Madrasta não tem atenuante.

Quais são as queixas das suas associadas?
Muitas nos procuraram depois do assassinato da Isabella Nardoni (de 5 anos, cuja madrasta é acusada de asfixiá-la). Foi o que bastou para muita gente dizer: "Madrasta é tudo de ruim".

Que outros problemas elas enfrentam?
O mais comum é a dificuldade de lidar com o ciúme em relação aos filhos e à ex-mulher do marido. Elas precisam de ajuda do marido para superar isso. Ele tem de mostrar aos filhos quanto sua atual mulher é importante.

Seria melhor arranjar outro nome para madrasta?
Não, o nome é madrasta, e ponto. A palavra não é negativa só porque começa com "má". Macaco e maçã começam com a mesma sílaba e não são ruins.


Revista Veja

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