terça-feira, 8 de setembro de 2009

Danos causados por Abdelmassih são irreparáveis, diz Cremesp


Às vésperas de a juíza Kenarih Boujikian Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, decidir se atende ao pedido de reconsideração da ordem de prisão de Roger Abdelmassih (foto), o Jornal Nacional divulgou ontem trechos de um primeiro relatório do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) que dão ideia da extensão das irregularidades cometidas, segundo o órgão, pelo especialista em reprodução humana assistida.
Uma sindicância ético-profissional do conselho apurou, diz o documento, “diversos pontos que afrontam a ética médica, como abuso sexual contra pacientes, a interação com farmácia e laboratórios, a incerteza quanto ao destino dos óvulos e espermatozóides, além de aborto e redução embrionária.”
A conclusão do relatório é de que os danos causados por Abdelmassih a pacientes “são graves e irreparáveis”.
A relatora da sindicância (cujo nome não foi divulgado) afirma que ficou constatado que o médico fazia sexagem (exame genético para a escolha do sexo do bebê), uma prática ilegal. De acordo com a ex-paciente Helena Leardini, o médico oferecia a sexagem por um acréscimo de 1.200 dólares no preço do tratamento.
Há prova de que Abdelmassih recorreu ao aborto seletivo para reduzir o número de embriões em gestação, conforme relatou a repórter Graziela Azevedo, que teve acesso ao documento.
Comércio de medicamentos e prontuários preenchidos a lápis, de modo que possam ser alterados com facilidade, também estão entre as irregularidades apontadas pelos peritos do Cremesp que investigam as denúncias há sete meses.
Acusado formalmente pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça por ter estuprado 56 pacientes, Abdelmassih está preso desde o dia 17 de agosto.
Márcio Thomaz Bastos e José Luís Lima, advogados do médico, recorreram à Justiça com o argumento de que, com a decisão do Cremesp que suspende provisoriamente o registro profissional de Abdelmassih, deixou de existir o principal argumento da prisão, o de que o especialista, em suas atividades, representa uma ameaça à sociedade.
Contudo o relatório do órgão mostra que, dada a abrangência das irregularidades, as quais contaram com uma rede de colaboradores, o médico, se for solto, poderá, em tese, interferir nos rumos das investigações ou fugir do país, além de inibir o surgimentos de novas denúncias.
A rigor, conforme destaca o Ministério Público, a tramitação na Justiça das denúncias e as investigações do Conselho de Medicina são independentes entre si.
A Justiça já negou a Abdelmassih três pedidos de habeas corpus em diferentes instâncias. Lima afirma ter a “convicção” de que o seu cliente é inocente.

Fonte: Blog do Jornalista Paulo Lopes

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