segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Índios Guarani kaiowá reivindicam cemitério de antepassados


DOURADOS (MS) - A apenas quilômetros do centro de Dourados, 12 índios da etnia Guarani Kaiowá vivem acampados às margens da Rodovia BR-463, na saída para Ponta Porã, em frente a uma grande fazenda na qual dizem estar enterrados alguns de seus antepassados.
Os três barracos, improvisados com lona e pedaços de madeira velha, contrastam com as grandes propriedades rurais da região. No acampamento não há energia elétrica e os índios tomam banho e bebem água em um córrego próximo que está poluído. Eles se alimentam de cestas básicas entregues pela Fundação Nacional do Índio (Funai) a cada 15 dias. Não trabalham e às vezes vendem latinhas e garrafas descartáveis recolhidas às margens da rodovia. Dormem no chão ou em finos e gastos colchonetes, num local usado como galinheiro durante o dia.
“Estamos passando dificuldade aqui. A comunidade está sem coberta, dormindo no chão, fazendeiro não deixa a gente cortar nem lenha seca. Já falou que se cortar madeira lá, pistoleiro vai matar índio aqui e se pescar no córrego também”, lamentou a líder do grupo, Damiana Cavanha, 75 anos.
“A gente já pediu pão na cidade. Aqui não dá para plantar nada nem para criar galinha direito. Ainda tem dez [galinhas], mas estão acabando. Se chove, molha a gurizada toda, que não tem cama nem coberta para diminuir o frio. Precisamos de lona, agasalhos e roupinhas”, acrescentou.
Na luta pela terra, os índios já se instalaram além dos limites da cerca. Nas duas vezes foram retirados – uma pela Polícia Federal e outra por uma empresa de segurança privada contratada pela fazenda.
Os indígenas dizem ter sido orientados pela Funai a se manterem pacificamente às margens da rodovia até que tenham uma autorização judicial para ocupar parte do que hoje é a fazenda. “Tem que esperar a ordem do juiz. Mas essa terra é do índio mesmo. Minha tia está enterrada num cemitério lá. Tem que pegar para a gente pelo menos um pedaço de terra”, afirmou Damiana.
“Quando a gente quer muito conseguir alguma coisa, tem que cantar e rezar”, explicou Damiana ao fazer uma demonstração de sua cultura tradicional, com cantos e danças. Nas andanças pela aldeia, a líder indígena tem a companhia constante de um urubu que costuma pousar em sua cabeça como se fosse de estimação.
Os donos da propriedade não foram localizados para comentar a reivindicação dos índios de ter parte da área reconhecida. Outros fazendeiros da região disseram que a família já se aborreceu muito com a situação e evita comentar o assunto.

Fonte: Agencia Brasil

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