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quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Serviços de atenção primária à saúde ajudam a identificar dependentes do álcool
Um em cada dez pacientes que procuram os serviços de atenção primária à saúde é dependente do álcool. É o que sugere um estudo realizado em Bebedouro (SP) e publicado na edição de agosto do periódico Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Além de estimar a prevalência do problema, a partir de questionários aplicados a 755 adultos que buscaram os serviços, a pesquisa traçou o perfil dos indivíduos que apresentavam dependência alcoólica. Eles se caracterizaram, em sua maioria, como do sexo masculino, brancos, casados, católicos, com Ensino Fundamental completo e renda familiar de um a cinco salários-mínimos. A faixa etária entre 30 e 49 anos foi a que apresentou maior associação com a dependência de álcool.
Estima-se que, no Brasil, o uso de álcool seja responsável por mais de 10% dos problemas totais de saúde
O estudo – feito por pesquisadoras da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) – mostrou também que, entre os indivíduos com dependência alcoólica, a maioria buscava atendimento com o clínico geral. “Com relação ao que motivou a procura de atendimento nas unidades estudadas, 55,4% dos entrevistados buscaram atendimento na clínica médica”, contam, no artigo, as pesquisadoras Divane de Vargas, Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira e Eutália C. Araújo. “Talvez a procura por essa especialidade se justifique pelos resultados encontrados no que se refere à associação do alcoolismo a patologias crônicas, como hipertensão, diabetes, cardiopatias e gastrite”.
De acordo com o artigo, estima-se que, no Brasil, o uso de álcool seja responsável por mais de 10% dos problemas totais de saúde. No estudo, as autoras ainda observaram que, muitas vezes, o problema com o álcool era acompanhado pelo hábito de fumar. Entre os indivíduos com indicativo de dependência alcoólica, 73% se declararam também tabagistas, o que tende a agravar, ainda mais, sua condição de saúde.
Na América Latina, a dependência alcoólica pode atingir até cerca de um quarto da população. No Brasil, os levantamentos nacionais mais recentes têm revelado uma prevalência em torno de 12%, percentual um pouco superior ao verificado na pesquisa em Bebedouro. “Contudo, quando o resultado em Bebedouro é comparado com os obtidos em outros estudos realizados especificamente nos serviços de atenção primária à saúde, observa-se que a prevalência encontrada foi significativamente maior”, destacam as autoras.
“O conhecimento dessa situação pode ser precursor de estratégias de intervenção no âmbito da atenção primária à saúde, por se tratar indiscutivelmente da principal porta de entrada por procura espontânea de alcoolistas no sistema de saúde”, lembram as pesquisadoras. “Dessa forma, o sistema de saúde fica em posição favorável para a detecção dos casos e intervenções precoces, em face dos problemas ocasionados pelo uso e dependência de álcool”. Bebedouro é um município com aproximadamente 80 mil habitantes, no noroeste de São Paulo.
Agencia Fio Cruz de Notícias
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