terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pesquisa revela o aumento da violência em 41% entre jovens e pobres


O aumento das redes de tráfico de drogas, a ineficácia das políticas públicas, a impunidade e a fragmentação das relações familiares contribuíram para o aumento da violência no Brasil, especialmente dos homicídios nos últimos anos. Segundo o estudo, numa taxa de 100 mil habitantes, cerca de 56 jovens do sexo masculino, pobres e na faixa etária entre 15 e 29 anos, em 2000, eram assassinados no Ceará. Em 2005, esse número pulou para 79,7. Um aumento de 41,1%. Esses jovens são, ao mesmo tempo, as principais vítimas e os principais agentes da situação que afeta a sociedade de modo geral. A análise faz parte do levantamento "Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil", divulgado dia(02) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar das altas taxas, o Ceará não é o estado que se encontra em pior situação. Pernambuco, por exemplo, lidera o triste ranking nacional, com 206,2 mortes por 100 mil habitantes. Outros estados nordestinos, como o Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão estão em melhor posição. A Bahia registrou o maior aumento do período, saindo de 30,1 para 75,1. De acordo com a coordenadora do levantamento, Sílvia Bragmam, no que se refere à redução da violência letal contra os jovens, o principal estado a ser citado é São Paulo, cuja taxa de óbitos por homicídios reduziu, em um período de cinco anos para menos da metade: de 168,5 assassinatos para 75,6, por 100 mil jovens. Essa redução drástica das taxas de homicídios em São Paulo, pode ter relação com a intensificação do debate sobre segurança pública, no final da década de 1990. Essa discussão, afirma Sílvia, resultou em desdobramentos importantes, como a fundação do Instituto São Paulo contra a Violência, em fins de 1997, órgão ligado à sociedade civil; a criação do Fórum Metropolitano de Segurança Pública; assim como a adoção de várias medidas de segurança pública.
O levantamento alerta para a importância de implementação de ações e atitudes práticas, por parte da sociedade civil brasileira e autoridades públicas nacional, estadual e municipal. Para os especialistas faltam investimentos públicos. Na avaliação do professor Geovane Jacó, membro do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), é fundamental a criação de políticas públicas para coibir o avanço da violência, principalmente entre os jovens da periferia. Outro ponto fundamental é a prevenção primária à violência, observando padrões, fatores de risco e causas, e a partir daí desenhar e avaliar intervenções e implantar programas locais efetivos; desenvolver pesquisas e programas, com o envolvimento de instituições governamentais juntamente com a iniciativa privada; implementar políticas de melhor distribuição de renda e acesso ao emprego; e estimular políticas educacionais voltadas para o esclarecimento da população e para a valorização do cidadão.

Diário do Nordeste (CE) – 03/09/2009
Do clipping da Andi

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