terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ventos passam de 100 km/h e deixam 4 mortos e mais de 100 feridos no Sul do país


FLORIANÓPOLIS, PORTO ALEGRE, CURITIBA - Quatro pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas por conta da chuva e dos ventos de mais de 100 quilômetros que atingiram os três estados do sul do país entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça. O extremo oeste de Santa Catarina foi atingido por um tornado, que pode ser o mesmo que causou estragos na província de Misiones, na Argentina, com 10 mortos . A Defesa Civil do estado decretou situação de emergência em quatro municípios por conta da chuva: Santa Terezinha do Progresso, São Domingos, Vargeão e Vargem Bonita. Até agora, 37 municípios sofreram com o temporal em Santa Catarina. De acordo com a Defesa Civil, 816 pessoas foram desalojadas e outras 493 ficaram desabrigadas. Quatorze cidades foram isoladas por conta do mau tempo. ( veja as fotos do temporal em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul )
Na cidade de Guaraciaba, quatro pessoas morreram. Pelo menos 44 continuam internadas. Cerca de 500 casas foram destruídas, algumas jogadas a uma distância de 50 metros. A distância entre Misiones e Guaraciaba é de cerca de 60 km. Em São Domingos, foi decretado estado de emergência.
Equipes da Defesa Civil de Santa Catarina encontram dificuldades para chegar a Guaraciaba. O diretor do órgão e meteorologistas seguiram de avião para a cidade, para verificar a possibilidade de as rajadas terem chegado a 200 km/h.
Guaraciaba decretou estado de calamidade pública. No total, 21 cidades catarinenses foram atingidas pela forte ventania, segundo a Defesa Civil estadual. Cerca de 1,5 milhão consumidores ficaram sem energia elétrica no estado. No município de Monte Castelo, duas pessoas se feriram. No balneário de Penha, a população está sem água e luz por conta do temporal.
Rajadas de ventos medidas por estações meteorológicas oficiais atingiram 120 km/h em Novo Horizonte e em Major Vieira.
O 8º Distrito Meteorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Porto Alegre, confirmou a ocorrência de um tornado no Oeste de Santa Catarina .
- Ainda não há como precisar quantas cidades foram atingidas pelo tornado. O tornado, ao contrário do furacão, que se desloca, é um fenômeno localizado e tem um raio limitado de atuação - diz Russo.
- Tudo leva a crer que tenha sido tornado, devido à magnitude da destruição. Foi algo assombroso - afirmou o diretor do Departamento Estadual da Defesa Civil, major Márcio Luiz Alves.
Alves afirmou que a Defesa Civil do estado não previu ventos com tal intensidade.
- É claro que não imaginávamos essa intensidade. Tínhamos a certeza de que teríamos a entrada da frente fria, com granizo e vento forte, mas infelizmente foi algo de magnitude superior ao que se imaginava - reconheceu o major.
Feridos pela força do tornado relataram o horror a socorristas do Hospital São Lucas, onde foram atendidos.
- Um dos pacientes disse que ficou assustado depois de ver uma pessoa ser levada pelo vento, no ar. Um outro disse que uma das portas da casa dela abriu com o vento, e uma criança que estava próxima foi arremessada para o outro lado do cômodo por uma rajada de vento - contou Tânia Procknow, enfermeira-chefe do hospital.
No Norte do Paraná, o forte vendaval deixou 14 feridos , três em estado grave, durante uma festa de rodeio na cidade de Primeiro de Maio, por causa do desabamento de um palco arrastado pelo vento.

No Rio Grande do Sul, atingido por ventos de até 109 km/h no feriado, a madrugada desta terça também foi de estragos. Pelo menos 124 mil consumidores estão sem luz no estado. O prefeito de Victor Graeff, Paulo Lopes Godoi, afirmou que o temporal e a ventania que atingiram a cidade, que fica no Norte do estado, provocaram destelhamentos, arrancaram árvores e mataram animais.
- Parecem aquelas imagens do furacão Katrina - descreve o prefeito, que, no entanto, informou que a Defesa Civil descartou a possibilidade de tornado.
Moradores, apavorados com a força do vento, os raios e as trovoadas, relatavam que haviam presenciado um tornado na cidade. Vários imóveis estão sem luz. Não está descartada a decretação de situação de emergência.
Jeferson Manoel Weber, que teve sua casa avariada pelo vento, narrou o pavor de pouco mais de 30 minutos de ventania.
- Começou de repente. Aqui perto de onde eu moro, uma casa caiu totalmente. Caíram postes também, e estamos sem luz. As árvores da praça estão quebradas, algumas parecem que foram arrancadas com a mão - relatou o morador.

Na Argentina, o epicentro do fenômeno foi o povoado de Santa Rosa, município de San Pedro, a 1.460 quilômetros ao norte de Buenos Aires.
- O tornado foi realmente fora do comum - afirmou o diretor de Rendas de San Pedro, Paulo Albes.
Albes afirmou que o tornado começou antes da meia-noite, mas alcançou máxima intensidade durante o dia. Ele também destruiu dezenas de casas da região, próxima do Rio Grande do Sul.
- Desapareceu o monte, casas. Havia nessa colônia um centro de saúde inaugurado há três anos e desapareceu - relatou o prefeito de San Pedro, Orlando Wolfart, à agência Noticias Argentinas. São Paulo em estado de atenção
Em São Paulo, a chuva forte começou na manhã desta terça-feira, provocando alagamentos na cidade . Também houve desabamentos de barracos, que provocaram pelo menos uma morte. Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram provocando o caos ao trânsito da cidade.

Santa Catarina
O mau tempo em Santa Catarina provocou estragos em municípios do extremo-oeste, oeste, meio-oeste e no Vale do Itajaí. Houve o registro de ocorrências relacionadas aos temporais da madrugada em Guaraciaba, Caçador e São Lourenço do Oeste.

No Vale do Itajaí, pelo menos 11 municípios tiveram o fornecimento de energia elétrica prejudicado. O problema é verificado em Blumenau, Gaspar, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio, Massaranduba, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Apiúna, Ascurra e Indaial. Em Blumenau, a Defesa Civil recebeu cerca de 150 chamadas de destelhamentos e queda de árvores até as 8h30m. Não há registro de feridos e desabrigados. Também há falta de energia em seis bairros de Joinville. Paraná
Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, a velocidade do vento chegou a 104 km/h no Oeste do Paraná. As cidades mais atingidas foram Cascavel, Francisco Beltrão e Pato Branco. Mais de cem casas foram destelhadas e algumas árvores caíram, mas não há registro de vítimas.
Em Ponta Grossa, cerca de 40 casas foram destelhadas. Em Guarapuava e Pinhão, no Centro-Sul paranaense, 30 casas foram destelhadas. No Sul do estado, o município de General Carneiro teve cerca de 30 destelhamentos.
Em Jandaia do Sul, um vendaval derrubou cerca de 20 árvores e destelhou duas casas na noite de segunda, a cerca de 45 km de Maringá, no Noroeste do Paraná. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o vendaval, que foi acompanhado por chuva de granizo, ocorreu por volta das 20h e durou aproximadamente 15 minutos. Não houve feridos.

Rio Grande do Sul
Cerca de 1.500 gaúchos estão desabrigados e 1.200 casas foram destelhadas no Rio Grande do Sul, primeiro a ser atingido pelo vendaval, nesta segunda-feira. As rajadas alcançaram 107,6 km/h em Bagé, no Rio Grande do Sul. O vendaval destelhou casas e derrubou muros e árvores. Em Jaguarão, as rajadas chegaram a 109,4 km/h. Em uma hora, a temperatura caiu mais de 4 graus no município. O desfile de 7 de Setembro teve de ser cancelado.
Por conta do temporal, um caminhão tombou no início desta tarde no km 194 da BR-392, em Santana da Boa Vista, próximo a Santa Maria. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o motorista teria perdido o controle do veículo devido à chuva e ao vento. O veículo ficou tombado no meio da pista e a carga de arroz ficou espalhada sobre a via.
As rajadas de vento provocaram queda de árvores também na BR-153 e na BR-392. Cerca de cem árvores caíram na estrada que liga Aceguá a Bagé (BR-153). Troncos e galhos estavam sobre a pista por quase todos os 65 km do trecho que une os dois municípios. Não houve registros de acidentes. Diversas árvores caíram também na BR-392, entre Pelotas e Morro Redondo.
A capital gaúcha também foi castigada por chuva e raios. Nas proximidades do Parque da Redenção, as rajadas derrubaram no fim da noite de segunda o pórtico do Brique.
No município de Itaara, mil casas foram destelhadas e choveu granizo. A Prefeitura recorreu à Defesa Civil de Santa Maria para pedir doações de lona para os moradores. No ginário de esportes, mais de 230 famílias já se cadastraram para receber o material. A Prefeitura, postos de saúde e centenas de casas estão sem energia elétrica e o município pode decretar situação de emergência.



O Globo

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