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terça-feira, 28 de julho de 2009
CNN publica entrevista com brasileiros, mas sem Sean
Emissora de TV americana ouve o lado emocionado os parentes brasileiros, mas resolve não violar ordem judicial que proibia a exposição de Sean à imprensa.
Você leu primeiro aqui no blog que a advogada de David Goldman, Patricia Apy, tinha entrado com um recurso para bloquear a publicação de uma entrevista que a CNN fez com Sean no Rio de Janeiro. Após duas semanas de considerações, hoje a CNN publicou entrevista com o padrasto do garoto, a vó e o tio brasileiros – mas sem Sean.
“Eu passei 60% da vida de Sean junto com ele, dando a ele amor, carinho e proteção, apoiando-o financeiramente. Que passos são esses? São passos de amor,” disse João Paulo Lins e Silva.
A reportagem de Deborah Feyerick até abre espaço para mostrar ao público um pouco dos detalhes da vida da família brasileira. Mas se os parentes cariocas de Sean pensaram que alguém da imprensa americana iria defendê-los – desconsiderando violação clara das leis internacionais – eles estavam muito enganados.
Embora a repórter tenha explorado o lado humano, este é exatamente o tipo de comoção que a Convenção de Haia pretende evitar: a relação familiar entre criança e alienadores cresceu enquanto a parte alienada sofria num outro ponto do planeta.
Silvana Bianchi revelou um juramento que fez para a filha, que faleceu em agosto passado.
“Ela me disse: ‘mãe, se algum dia algo acontecer comigo, por favor, Sean será o seu filho. Me prometa que você vai ficar com ele,’” disse a avó de Sean aos prantos.
Inédita em qualquer reportagem sobre o caso Goldman foi a participação de Peter Lauzon, advogado de família do escritório Phillips, Lerner, Lauzon & Jamra LLP, da Califórnia. Lauzon diz que a impossibilidade que muitos pais estrangeiros encontram em deixar os EUA com seus filhos pode ter motivado Bruna Bianchi Goldman a reter o filho no Brasil sem o consentimento de David.
Concordo que o comportamento da Justiça americana, que sempre favorece seus cidadãos, deva ser incluído no debate. Quem sabe este e outros casos não possam provocar mudanças nas leis internas americanas para que uma mãe estrangeira não tenha que “apostar” o futuro do filho nos tribunais do país que se diz “líder do mundo livre?”
Para o tio de Sean, Luca Bianchi Ribeiro, sua irmã não errou quando burlou lei internacional para manter o filho no Rio de Janeiro.
“Ela foi corajosa em vir pra cá. Ela queria a vida dela de volta,” disse ele.
Coragem essa que resultou num embate internacional e empurrou a sua família para o radar das lentes de TV. No entanto, dizer que Bruna é a única responsável pela situação que David vive há 5 anos é erro de cálculo. A Autoridade Central brasileira poderia prevenir tudo isso se tivesse retornado Sean aos EUA em seis semanas, como recomenda o tratado que o país assinou.
“Você pode imaginar? Agora você (Sean) precisa morar na América com alguém que você não conhece, mas que é o seu pai biológico, alguém que você não se lembra. Ele não quer ir,” reforçou Luca.
Enquanto isso, uma fonte me diz que após 19 recursos impetrados pela família brasileira, todos negados, só agora os três juízes do Tribunal Regional Federal da 2ª Região começaram a revisar a decisão do juiz Rafael Pereira Pinto, que ordenou o retorno do menino aos EUA.
Será que a vinda de Sean para os EUA precisa representar uma separação?
Silvana Bianchi também revela a CNN que a ferida da morte da filha ainda não cicatrizou. “É tão triste. Eu sinto tanta falta da minha filha,” disse Silvana chorando.
Nem o blogueiro – nem ninguém que comenta nesse blog – tem o direito de duvidar daquelas lágrimas. Só que quem está de fora consegue reconhecer que só a lei será capaz de respeitar os Ribeiros e os Goldman com igualdade. Nesse caso, a lei internacional.
Brasil com Z
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