sexta-feira, 31 de julho de 2009

Violência na Nigéria faz pelo menos 600 mortos


Governo garante que não há portugueses entre as vítimas
Confrontos começaram com um ataque islamita a uma esquadra


Pelo menos 600 pessoas morreram, na Nigéria, desde domingo, em confrontos que opuseram as forças de segurança a uma seita talibã. O exército garante ter morto, na manhã de ontem, o número dois dos radicais islamitas, enquanto o seu líder fugia com centenas de apoiantes.
O número de baixas fornecido pela polícia nigeriana não inclui portugueses, segundo um comunicado da secretaria de Estado das Comunidades, citado pela agência Lusa. Embora só haja 60 portugueses registados no consulado, é possível que mais alguns estejam na Nigéria, uma vez que nem todos os trabalhadores das plataformas petrolíferas têm por hábito registar-se.
O Norte da Nigéria está a ferro e fogo desde domingo, dia em que membros da seita talibã Boko Haram (que se traduz por "a educação ocidental é um pecado") tentaram atacar uma esquadra da polícia em Maiduguri, no Estado de Bauchi. A polícia e o exército - que têm ordem do Presidente Umaru Yar'Adua para utilizar todos os meios contra os talibãs - perseguiram os militantes islamitas, que fugiram para norte, atacando mais esquadras e agentes da lei. A violência estendeu-se aos Estados de Borno, Kano, Yobe. Um perito dos serviços secretos, ouvido pela Lusa, diz que se trata de uma acção coordenada.
O exército garante ter morto o "número dois" da seita Boko Haram. O major-general Saleh Maina disse à Associated Press que Abubakar Sheka morreu perto de Maiduguri. "Foi morto hoje de manhã, com 200 apoiantes", confirmou um polícia nigeriano, que adiantou que Sheka e os seus seguidores estavam a tentar fugir. O líder dos talibãs, Mohammed Yusuf, terá conseguido escapar, com 300 outros rebeldes.
A seita Boko Haram é conhecida desde 2004, ano em que 200 activistas se instalaram em Kanamma, no Estado de Yobe, perto da fronteira com o Níger. De início eram, sobretudo, estudantes universitários. Hoje, não se sabe quantos são, mas mantêm o objectivo de criar um "Estado islâmico puro" no norte da Nigéria.
Este país, com 140 milhões de habitantes, divide-se em partes quase iguais entre muçulmanos (a Norte) e cristãos (a Sul). Embora a Sharia (lei islâmica) vigore em 12 dos 36 Estados, não há história de violência ligada à Al-Qaeda na Nigéria. O governador do Estado de Bauchi já prometeu castigar severamente quem albergar membros da seita Boko Haram.

Pedro Cordeiro
Fonte: Expresso

Veja alguns comentários interessantes deixados no "Expresso"

Politiquices e comentários à parte, este sim parece ser um verdadeiro drama sobre o qual a humanidade se deveria debruçar e se possível resolver.
No entanto isso parece ser impossível.
Provavelmente dois terços do planeta vive em clima de instabilidade. Numa insuportável e insustentável violência, física e ambiental.
Srs. da guerra, tribalismos, islamismos e toda a espécie de ismos contribuem quotidianamente para este miserável estado de coisas.
Dois terços do planeta vê o seu desenvolvimento até a sua mera sobrevivência ameaçadas e em risco todos os dias.
Devíamos ser capazes de resolver isto.
Imagino que isto seja apenas o reflexo da condição humana e que não tenha solução, mas penso que as "elites" governativas se deveriam esforçar mesmo para o conseguir.
Nem que seja por uma questão de egoísmo.
Criar condições devida dignas nesses países para que não tenham que vir para cá contribuir para a insustentabilidade do que cá se construiu em matéria de direitos humanos, segurança e qualidade de vida.
Alguma coisa os deveria motivar, mas o tempo passa, os conflitos e os mortos multiplicam-se e a terra de ninguém também. Os êxodos, os refugiados, os emigrantes, também.(Helder Antunes)

Tenha em conta que episódios como estes foram protagonizados aos milhares, durante séculos de intolerância e ignorância religiosas na própria Europa, nomeadamente na Idade Média, mas também antes e depois desse período de trevas.
Sim, se fica chocado com o que se passa hoje na Nigéria, por causa destes cruéis actos de barbárie, motivados por convicções religiosas, saiba que os seus (nossos) antepassados, que veneramos, respeitamos, adoramos, idolatramos e, principalmente, desculpamos, fizeram tudo isto e muito mais.
Ah, sim! Se conversar por aí com um crente qualquer, daqueles que é capaz de arranjar qualquer desculpa para fingir que a sua religião de hoje nada tem a ver com os "erros" do passado, ele dir-lhe-á que agora já não somos assim, que "evoluímos", que as "nossas" (deles) Igrejas não têm culpa pelos excessos e pelas más interpretações (eles adoram falar de interpretações - passam a vida a interpretar) das palavras divinas.
Mas, atenção, se conversar com eles sobre estes eventos na Nigéria, já dirão que, obviamente, tudo isto é culpa do Islão (e é claro que é! - exactamente como outras coisas do passado cristão também são culpa do cristianismo, mas eles não admitem).
E, se um muçulmano lhes disser que o Islão não tem culpa pelos erros e pelos excessos dos talibãs, que responderão os cristãos? Que não, que não é verdade! Que a culpa é mesmo do Islão!
Quem é que disse qualquer coisa como "ver o cisco no olho do vizinho e não ver a trave no seu olho"? (Paulo Pedroso)

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