terça-feira, 28 de julho de 2009

A Negativa Diante das Provas

Vamos juntos tentar destrinchar os atos e a alma deste crime, onde um casal, sua família e advogados assombram o país com uma estratégia mirabolante de “negar o inegável”.

Para a população, desde o início deste trágico caso, diante de tantas provas, do perfil psicológico dos acusados, das possíveis motivações, da ausência de rastros de uma terceira pessoa na autoria do crime, onde, diga-se de passagem , só faltou o flagrante, fica uma pergunta:
AFINAL O QUE A DEFESA ALEGA?
Vale lembrar que, inicialmente, o caso foi conduzido pelo Dr Marco Polo Levorim e uma frase dita por ele, já no início, quando perguntado a respeito de que rumo tomaria a defesa, chamou a atenção de todos, ou dos mais atentos:
“ Entendemos que as provas são frágeis por isso optamos pela negativa da autoria”
Ou seja, ele deixa claro que a negativa da autoria é uma opção estratégica e não uma verdade!
Meses após uma desastrada sucessão de derrotas e tiros no pé desta equipe da defesa, onde, simplesmente, uma enxurrada de HCs foram negados por unanimidade, o Dr. Levorin se retira do caso e entra em cena um famoso advogado criminalista, o Sr Podval,( fama esta, que, em parte, conquistou ao conseguir libertar o médico esquartejador Dr Farah Jorge Farah,). O Dr Podval mal entra e solta uma frase também reveladora e que confirma que o caminho da defesa continuaria o mesmo de seu antecessor : “ vejam bem, não digo que são inocentes, o que digo é que não se pode PROVAR que são culpados” , outra confissão e em horário nobre!!!!!!!
A seguir, os principais pontos que “sustentam”, se é que se pode chamar isso de sustentação, a defesa do casal Nardoni, começando pela fase Marco Pólo Levorin.

TESES DA DEFESA ( Equipe Marco Polo Levorin)
São três alegações basicamente, mas a principal é:
“Não há provas para incriminar o casal Nardoni.”
Na realidade, a defesa se sustenta em tentar invalidar a Denúncia, que, aliás, foi primorosamente bem elaborada pelo Promotor, Dr. Francisco Cembranelli, que, após estudar os laudos emitidos pelo Instituto de Criminalística, receber o parecer da Delegada Pontes, juntamente com os depoimentos dos envolvidos e testemunhas, não teve sombra de dúvidas: foi o casal que espancou, esganou e defenestrou a pequena Isabella , ainda viva, do sexto andar do Edifício London.
A defesa viu-se de tal forma encurralada, cercada de tantas provas, que o que restou foi contratar o então conhecido Dr Sanguinetti, professor de Medicina Legal, mas não Legista, para contestar, com o objetivo de invalidar os laudos emitidos pelo IC de São Paulo. Vejam o que este senhor alegou diante do excelente trabalho feito pelos legistas e como cada alegação foi simplesmente derrubada diante do próprio absurdo alegado.


Principais contestações de acordo com o parecer de Sanguinetti

1- "NÃO HOUVE ESGANADURA"
Ele faz esta alegação dizendo que: “a esganadura não teria deixado os sinais de lesões internas e externas necessários para caracterizar a esganadura, utilizando-se inclusive de trechos da literatura médica para dar mais credibilidade à sua afirmação. Ocorre que, assim como outras, esta afirmação é leviana e foi só uma tentativa de pegar os mais desavisados. Não só houve lesões visíveis no pescoço de Isabela, documentados por fotos (manchas no pescoço e nuca), como também outros sinais incontestáveis, como manchas avermelhadas no pulmão e língua projetada para fora da boca, que são sinais da asfixia provocada pela esganadura sofrida pela pequena.

Mas porque é importante “eliminar” a esganadura?
Esta tentativa não representa empenho em livrar Ana Jatobá, e sim, eliminar seus atos, tentam tirar Jatobá da cena, e com ela, a motivação de Alexandre. Tentam tirar a primeira pedra do dominó, para criarem uma nova seqüência do crime.
Sem as ações de Ana Jatobá, haveria chance de convencer o júri que Alexandre não teria motivos para simplesmente jogar Isabella pela janela. Além disso, ao retirar Anna Jatobá e seus atos da cena do crime, a defesa cria um lapso temporal maior, para criar uma nova sequencia do crime, onde um invasor sozinho teria atacado a menina. Mas esta tese da terceira pessoa invadir o apto cai por terra diante dos registros do GPS que marcam o horário exato da chegada do casal, os registros telefônicos realizados de dentro do apartamento para o pai de Alexandre e o de Ana jatobá apenas 1 minuto após a queda de Isabella, que é registrada pelo ruído do impacto ouvido pelo porteiro que imediatamente pede a um vizinho que sai na sacada que chame o resgate. A gravação da chamada para o resgate revela o momento em que Alexandre surge no térreo gritando. Quase simultaneamente, Ana Jatobá fazia ligações de dentro do apartamento. Este conjunto de registros (GPS, telefonemas do apto e telefonema para o resgate) marca o lapso de tempo cerca de 14 minutos entre a chegada do casal no prédio e a chamada para o resgate. Não há tempo hábil para uma terceira pessoa e os coloca dentro do apartamento exatamente na hora do crime.

2- "ISABELA MORREU EM DECORRÊNCIA DA QUEDA E NÃO DA ESGANADURA"
Aqui, Sanguinetti levanta que, sendo a asfixia um quadro mais fácil de ser revertido em crianças, por que em Isabella, que teria sido esganada por "apenas" dois minutos, não houve a reversão do quadro? Uma das declarações mais levianas, já que, além de colocar à prova o trabalho dos peritos, ainda faz uma observação infeliz, já que Isabela não obteve auxílio nessa hora e, muito pelo contrário, ainda foi lançada nessas condições de uma altura de 6 andares. Os legistas puderam precisar o trajeto e posição em que Isabela foi jogada, tendo sido constatado que ela foi segura pelas duas mãos e, em seguida, solta rente ao parapeito da janela, sendo que uma delas deixou uma triste marca na fachada do prédio dos dedinhos deslizando pela parede. Ainda foi constatado que o corpo teve seu impacto amortecido por uma palmeira, de cerca de 60 cm, e caiu num gramado ficando nesta posição até a chegada do resgate. Os laudos são bem claros: o que causou a morte de Isabella foi a asfixia causada pela esganadura (um tipo de asfixia mecânica), onde se puderam comprovar as três fases: inconsciente, convulsiva e terminal, agravada pelo politraumatismo decorrente da queda do sexto andar, que ocorreu quando Isabela já se encontrava em processo de morte.

3-"ISABELA NÃO FOI ESPANCADA E OS FERIMENTOS FORAM DECORRENTES DA QUEDA."
Primeiramente, foi comprovado que as agressões que Isabela sofreu iniciaram ainda dentro do carro. Isto foi comprovado pelas manchas de sangue no piso do carro, na cadeirinha de bebê, no lado em que Isabela estava, e no banco, logo em frente à posição de Isa, inclusive, posição esta confirmada pelo próprio casal. A menina foi ferida ainda no carro com objeto cortante, na testa, que provocou inicialmente um considerável sangramento. Do carro até o apto, o sangue foi estancado e ocultado com uma fralda que foi encontrada pela polícia dentro de um balde com alvejante. Já no apto, o gotejamento de sangue mostra exatamente o percurso e onde Isabela foi atirada ao chão, violentamente, (o que provocou uma ruptura na bacia e punho direito) que é onde ficou a maior concentração de sangue. O gotejamento foi detectado, em parte, a olho nu (inclusive confirmado por Alexandre) e também através de reagentes que a polícia usou para detectar as manchas que haviam sido limpas.
O Exame necroscópico feito em Isabela frisa que algumas das lesões não eram compatíveis com quedas do tipo que ela sofreu e, ainda, que as lesões traumáticas observadas apresentaram reações vitais indicando que foram causadas intra vita e não post mortem.

4-"A POLÍCIA AO ACUSAR O CASAL ABRIU MÃO DE OUTRAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO"
Outra inverdade, a Delegada Renata Pontes diante de tantas evidências só não os prendeu em flagrante, justamente, por optar investigar e esgotar todas as outras possibilidades. Uma busca minuciosa foi feita pela perícia que nada encontrou que levasse a crer que pudesse ter havido invasão. Diga-se de passagem, que, nem arrombada a porta foi e, pior, Alexandre ainda afirmou que a encontrou trancada em sua volta ao apto.

5-"QUE OS VESTÍGIOS DE NAYLON DA TELA DE PROTEÇÃO FORAM ENCONTRADOS NA ROUPA DE ALEXANDRE PORQUE ELE AVANÇOU SOBRE O PARAPEITO DA JANELA PARA VER O QUE HAVIA OCORRIDO"
Foram feitas todas as simulações possíveis para reproduzir aquelas marcas na camisa de Alexandre. Um perito se fez de dublê, e simulou várias posições (desde olhar apenas com a cabeça, até a posição em que jogava a boneca pela tela, passando por uma olhada para fora com o tronco pro exterior). Apenas quando o Perito jogava a boneca (de peso semelhante) com os 02 braços para fora é que as marcas se tornavam compatíveis com as observadas na camiseta apresentada pelo suspeito, ou seja, Alexandre só poderia estar com aquelas marcas na sua camisa tendo segurado Isabela com as duas mão pra fora....

6-"QUE O SANGUE ENCONTRADO NAS ROUPAS DE ALEXANDRE E ANA JATOBÁ FOI DEVIDO A APROXIMAÇÃO COM ISABELA JÁ CAÍDA E QUE POSTERIORMENTE ABRAÇOU A MULHER PRODUZINDO ESSAS MANCHAS DE SANGUE PELO CONTATO"
O próprio Alexandre afirmou em depoimento que não se aproximou do corpo de Isabella no pátio por medo de agravar as lesões. Vale lembrar, que, inicialmente, a defesa contestava a presença de sangue nas roupas do casal, mas isto também caiu por terra pois foi comprovada a presença de sangue nas roupas conforme exame feito no laboratóruio de DNA do Instituto de Criminalística. O exame foi feitos nas roupas, na cadeirinha dentro do carro e confrontado com amostras de sangue dos dois.
Sobre o parecer do Sr Sanguinette, além de não ter ajudado, provocou a revolta da Associação Brasileira de Medicina legal que manifestou seu repúdio à atitude deste senhor, declarando que o mesmo não é, e jamais foi, Médico Legista e, portanto, seu documento não tem fé pública.
A defesa ainda insiste em outras duas alegações,frágeis, diga-se de passagem, são elas:

7-“O CASAL TINHA UMA RELAÇÃO NORMAL, HARMÔNICA E NÃO TERIA PERFIL PSICOLÓGICO NEM MOTIVAÇÃO PARA COMETER TAL CRIME".
A verdade é que, de acordo com inúmeras testemunhas ouvidas pelo Juiz, eles tinham constantes brigas e discussões que, frequentemente, acabavam em agressões físicas e que elas se intensificavam nos finais de semana em que Isabella ia passar com o pai e os irmãos. Este aspecto será abordado mais profundamente no tópico sobre o perfil psicológico do casal.

8- " O ED. LONDON , COM MUITOS APARTAMENTOS EM REFORMA NA ÉPOCA DO CRIME , ERA VULNERÁVEL À ENTRADA DE ESTRANHOS, TANTO PELA PORTA PRICIPAL QUANTO PELA ENTRADA DE SERVIÇO"
A polícia fez buscas em todo o local, (tanto pela portaria principal quanto por um portão lateral de prestação de serviços) prédios e casas vizinhas e nenhum sinal ou rastro foi encontrado de uma possível terceira pessoa e principalmente, como já falado, o próprio Alexandre relatou em depoimento que deixara a porta do apartamento trancada ao, supostamente, deixar Isabella sozinha no apartamento. Na verdade ele não podia falar em arrombamento já que tanto a porta como a fechadura estavam intactos.
Por fim, estas são as alegações da defesa, todas infundadas, todas facilmente desmontadas diante do conjunto probatório e materialidade do crime, simplesmente incontestáveis.

A seguir, a segunda fase da defesa , que se inicia com a saída do Dr. Levorin, que no início do caso confessou em entrevista que havia prometido à esposa que no dia em que não tivesse mais a certeza da inocência de seus clientes sairia do caso. O Dr. Levorin, que é um Cristão temente a Deus, cumpriu sua promessa e, claro, saiu do caso.



Fonte: Blog Caso Isabella Oliveira Nardoni

Um comentário:

  1. Esse caso ainda dará muito o que falar e refletir.
    Caso similar(?) aconteceu no Rio de Janeiro, onde a mãe deixa a criança no apartamento, desce para buscar algo, e quando retorna a criança "caiu" da janela.
    A dúvida que não quer calar:
    Por que uma criança de cinco anos pegaria uma tesoura e cortaria a rede de proteção?
    Ela teria forças para isso, pois a rede é muito dura?

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