quinta-feira, 30 de julho de 2009

Filha de médico acusado de abuso diz que clínica não foi afetada


Embora Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana assistida, esteja sendo acusado por mais de 60 ex-pacientes de assédio sexual, a clínica dele não tem sido abalada pelo escândalo, de acordo com entrevista que a médica Soraya (foto), filha do médico, deu ao jornal DCI (Diário Comércio, Indústria & Serviços), de São Paulo.
Ela disse que a clínica deverá realizar este ano o total aproximado de 1.700 ciclos de fertilização (tentativas de gravidez), que é o mesmo número registrado no ano passado. É possível até que ocorra um desempenho superior ao de 2008, disse.
“Nas férias, a procura de casais de São Paulo diminui, mas é compensada pela busca de casais de outros estados”, falou.
A reportagem, assinada pela jornalista Erika Sena, não menciona as acusações ao médico e o indiciamento dele pela Polícia Civil de São Paulo sob a acusação de atentado violento ao pudor e estupro.
A médica anunciou a compra nos Estados Unidos de um equipamento – o Via Test-E – que, segundo ela, fará melhor análise da cultura de embriões selecionada, de modo que seja implantado na paciente um único embrião com a elevada taxa de 87% de fertilização.
O negócio de reprodução humana assistida está se expandindo rapidamente no Brasil e já movimenta por ano cerca de R$ 300 milhões, informou o suplemento “EU&” da semana passada do jornal Valor Econômico.
No Brasil, existem 120 clínicas especializadas, que vão realizar este ano cerca de 20 mil ciclos de fertilização, contra 12 mil de 2004, conforme dados apurados pelo jornal.
Embora o mercado tenha crescido e aumentado a concorrência entre as clínicas, o preço do tratamento permanece elevado, reconheceu Eduardo Motta, diretor da Huntington, clínica citada pelo suplemento como a maior do Brasil por ter se expandido por intermédio da abertura de unidades para atender casos menos complexos.
Jorge Hallak, coordenador técnico-científico do Núcleo de Pensamento Jurídico em Reprodução Humana e chefe do laboratório de andrologia da Faculdade de Medina da USP, não cita Roger Abdelmassih, mas deixa subentendido que a clínica dele, uma das pioneiras, perpetuou no Brasil a “cultura da proveta”, em prejuízo de procedimentos médicos mais demorados de investigação da infertilidade feminina e masculina.
“Na década de 1980, criou-se uma cultura imediatista no país, por influência da indústria farmacêutica e interesse de médicos que faziam o marketing da fertilização”, disse Hallak (foto) à repórter Marta Barcellos, que registrou em seu texto o indiciamento de Abdelmassih.
Hoje, disse Hallak, é comum uma clínica submeter uma paciente à fertilização in vitro sem que seja feito um diagnóstico das causas da infertilidade.

Fonte: Blog do jornalista Paulo Lopes

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