segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pelados 2.0


Tudo era uma brincadeira ou um registro de momentos que diziam respeito, apenas, a duas pessoas. De repente, você acessa a internet, checa seu e-mail ou perfil em redes sociais e se depara com uma surpresa: fotos ou vídeos monstrando a sua intimidade estão ao alcance de um clique.
Quem já fotografou ou filmou a si mesmo em poses ou movimentos sensuais e sexuais está sujeito a virar atração na internet. Com a disseminação da tecnologia, fica cada vez mais comum encontrar na rede imagens de anônimos em situações que ultrapassam as quatro paredes -nem sempre por vontade própria.
Uma leva de celebridades, como Paris Hilton, Vanessa Hudgens e Daniella Cicarelli, já teve fotos e vídeos divulgados na internet sem autorização. Ganharam os holofotes, é claro, mas também tiveram que recorrer à Justiça para retirar o conteúdo do ar -quase sempre, sem sucesso.O fenômeno é chamado de sexting nos Estados Unidos.
O neologismo diz respeito à junção de sex (sexo) e texting (troca de mensagens por celular) e já é assunto de pesquisa -uma publicada no fim de 2008 mostra que um em cada cinco jovens norte-americanos com idades entre 13 e 19 anos já enviou pelo celular algum tipo de foto ou vídeo de si mesmo nu ou seminu. Entre os jovens adultos, de 20 a 26 anos, o fenômeno é ainda maior: um terço declarou já ter feito sexting.
Nas mãos de pessoas erradas, esse tipo de conteúdo pode virar um grande problema. Imagine só se um ex-namorado divulga na internet fotos e vídeos do antigo parceiro para se vingar ou manchar sua reputação?
A prática existe e já ganhou denominação: “revenge porn” (pornografia da vingança, em tradução livre).
Nesta edição, conheça vítimas desse tipo de prática, veja como crianças e adolescentes se comportam na internet, relembre casos envolvendo celebridades, saiba como se prevenir e confira dicas de advogados sobre como proceder.

Vídeo erótico de vereadora cai na rede
A vereadora Andrea Puríssimo, de Santo Anastácio (596 km de SP), estava em uma viagem quando recebeu uma ligação da família avisando que um vídeo seu, protagonizando cenas de sexo com um parceiro casual, havia vazado para celulares e para a internet.“Não tenho ideia de como o vídeo foi parar na internet”, disse a vereadora à Folha. Apesar do burburinho que as cenas causaram na cidade do interior, Andrea afirma que não sofreu maiores danos. “Foi mais um movimento psíquico, porque tenho uma família, uma filha menor de idade. Mas não fui prejudicada no trabalho.”
O suplente de Andrea, no entanto, pediu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que não foi adiante. Hoje, três advogados cuidam do caso. “Espero que o episódio sirva de alerta para outras pessoas, para que elas pensem nas consequências de expor alguém. Exposição da vida íntima é algo que ninguém deve fazer”, afirma Andrea. Serviço on-lineA publicitária Priscila Sobral, 33, estranhou quando começou a receber ligações seguidas de homens que iniciavam a conversa falando de fantasias e posições sexuais.
Sem entender nada, ela questionava: “Do que você está falando?”. Eles retrucavam: “Você não é a Priscila, do site tal?”. Depois de alguns telefonemas, ela resolveu digitar o endereço. E teve uma surpresa: uma foto de outra pessoa, acompanhada de seu nome verdadeiro e de seu telefone e e-mail do trabalho, estava publicada junto a textos picantes, que ofereciam serviços de garota de programa.“Você está trabalhando, e alguém liga em busca de sexo. É muito constrangedor. Tive que me expor para a família, para os colegas de trabalho”, disse em entrevista à Folha.
Cansada das agressões on-line, Priscila foi procurar um advogado especializado em crimes eletrônicos, que conseguiu um mandado de busca e apreensão do equipamento de onde eram feitas as ameaças.Agora, ela acompanha o processo judicial. “Acho que quem fez isso não esperava esse desfecho. Não vai dar cadeia, mas a pessoa tem que pagar pelo que fez, aprender que não se pode brincar assim, mexer com a dignidade, com a moral de alguém. Mas o que eu passei, ninguém paga”, diz.
Da internet para o cinemaQuando era adolescente, ainda nos tempos do VHS, o cineasta Daniel Aragão, 28, se viu em maus lençóis ao ter um vídeo de sexo protagonizado com a então namorada espalhado no boca a boca entre seus amigos. Ele aproveitou a experiência para fazer, anos depois, um filme sobre o assunto.
O curta-metragem “Não Me Deixe em Casa” aborda “como as pessoas se isolam do mundo quando estão amando”, diz.Com estreia prevista para agosto, o filme fala sobre as consequências da exposição e, também, sobre como é natural para os adolescentes lidarem com a tecnologia.

Sexting atrai jovens internautas dos EUA
Pesquisa aponta que um em cada cinco adolescentes já mandou pela rede fotos de conteúdo sexual
Um grande número de adolescentes e jovens adultos já enviou ou postou na internet fotos de si mesmos nus ou seminus. Nos EUA, um em cada cinco adolescentes afirma já ter praticado sexting, segundo pesquisa realizada no ano passado pela National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy (campanha nacional para prevenção de casos de gravidez entre adolescentes e gravidez indesejada).O estudou trabalhou sobre 1.280 entrevistas com adolescentes (13 a 19 anos) e jovens adultos (20 a 26 anos).

Meninas lideram
A pesquisa aponta que 71% das adolescentes e 67% dos adolescentes enviaram ou postaram conteúdo sexual para seus namorados -21% das meninas e 39% dos meninos disseram que enviaram conteúdo para alguém que eles queriam namorar ou sair junto.
Dos entrevistados, 15% afirmaram que enviaram imagens de si mesmos nus ou seminus para pessoas que eles só conheciam por meio da internet.A pesquisa demonstrou que todos sabem que material desse tipo é potencialmente perigoso: 75% dos adolescentes e 71% dos jovens adultos disseram que enviar conteúdo com sugestão sexual “pode ter sérias consequências negativas”.Eles sabem, também, que muitas vezes suas imagens são compartilhadas com pessoas que eles nem conhecem.“Acho que uma das principais preocupações em relação aos jovens é que eles compartilham informações em demasiado. Colocam fotos em redes sociais, dizem para onde vão. Isso é um perigo”, afirma Stephen Balkam, presidente do Fosi (Family Online Safety Institute; instituto para segurança on-line da família, em tradução livre).
Os motivos para o sexting são variados: a maioria diz que é uma atividade divertida e de flerte. Entre as garotas, 51% dizem que a pressão dos garotos é a razão pela qual elas enviam as imagens. Enviar um presente sexy para o namorado também é um dos motivos. Os adolescentes dizem ainda que, em alguns casos, enviam conteúdo provocante como resposta a um que já receberam.
Para 40% das meninas, enviar essas imagens ou mensagens é uma piada; 34% já fizeram isso para se sentir sexies.Entre os motivos de preocupação dos adolescentes, estão se arrepender depois, manchar a reputação, prejudicar as chances ou a relação com o outro e, em quarto lugar, desapontar a família.

Dicas para os pais
A pesquisa fornece dicas para os pais, como conversar abertamente com seus filhos sobre o que eles fazem na rede e no celular, saber com quem eles se comunicam e impor limites para tempo de uso das ferramentas. E recomenda ficar de olho no que eles postam em perfis.“Converse com seu filho sobre o que você considera um comportamento “eletrônico” apropriado. Assim como certas roupas saem do limite ou certos modos de falar não são aceitos em casa, deixe claro o que é e o que não é permitido on-line”, diz o texto.
Remover conteúdo indesejado é trabalhoso, dizem advogados
Conteúdo postado na internet é difícil de ser apagado. Mesmo que você aperte o botão Delete, alguém pode aproveitar minutos de descuido para salvar uma foto, copiar um vídeo ou reproduzir um post de conteúdo sexual.E remover essas informações dá um grande trabalho.“Tudo que envolver intimidade deve ter uma precaução especial, deve contar bom senso”, diz o advogado Renato Opice Blum. “Na internet, a prova não fica mais restrita a quatro paredes, vai para o mundo.”“Prevenção é não se deixar ser filmado ou fotografado”, afirma Marcel Leonardi, advogado e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). “Às vezes, no calor da relação, o homem ou a mulher concorda em se deixar filmar. E, por uma tara, por uma briga, esse conteúdo pode parar na internet.”
Segundo ele, uma forma de ter mais cuidado é colocar tarjas eletrônicas sob o rosto ou fazer alterações na voz. “Se a pessoa tem cautela, minimiza um pouco o problema. Se cair na rede, ela morre de vergonha, mas pelo menos terceiros não vão conseguir identificá-la.”
As medidas que a vítima deve tomar após ver seu conteúdo exposto on-line variam de caso a caso. “Quando a vítima deseja remover conteúdo da rede, deve procurar um advogado especializado para que ele ingresse com ação judicial contra o provedor que mantém o conteúdo”, afirma Leonardi.O provedor tomará providências como remover o material dos serviços e informar os dados de que dispuser a respeito da publicação, para que se tente rastrear o usuário responsável, diz o advogado.Na ação judicial, a vítima pode argumentar que sua imagem foi violada e que ela foi colocada em situação vexatória.
Quando o conteúdo vai parar em um site P2P, é mais difícil tomar as providências “O arquivo não fica em um servidor central, mas disseminado em vários computadores. Uma das medidas é identificar o responsável pela primeira disseminação”, diz Leonardi.

Campanha visa combater o sexting
O governador de Nova Gales do Sul, na Austrália, lançou uma campanha educativa a fim de combater a prática, cada vez mais frequente, de sexting, afirmando que essas imagens ou mensagens de texto com conteúdo sexualmente explícito podem ser postadas na internet ou encaminhadas para outras pessoas, podendo resultar em práticas de assédio ou até de crime sexual.“Os adolescentes normalmente não pensam sobre as consequências de seus atos. O que eles imaginam ser uma brincadeira inocente ou um flerte inofensivo pode prejudicá-los seriamente se cair em mãos erradas”, disse Linda Burney, ministra de Serviços Comunitários da Nova Gales do Sul.
O governo produziu um material informativo para escolas, pais e adolescentes a fim de informá-los sobre as possíveis consequências do sexting. Burney também está pedindo aos pais para conversarem com seus filhos sobre o tema e para checarem sites de redes de relacionamentos em busca de imagens inapropriadas.

Navegação precisa de limites
Você colocaria fotos de momentos variados da sua vida no mural da escola, para todo mundo ver, sem refletir bastante sobre o assunto?É usando essa questão que Rodrigo Nejim, diretor de prevenção da ONG Safernet, alerta para os perigos de disponibilizar fragmentos da vida na internet.
Pesquisa realizada pela organização não governamental aponta que 53% das crianças e dos adolescentes afirmaram já ter encontrado conteúdo impróprio na rede. Ao mesmo tempo, 87% afirmam que não têm limites para navegar -38% dizem ter medo de encontrar um adulto mal intencionado enquanto navegam e 28% dizem ter encontrado pessoalmente alguém que conheceram na rede.“São sinais de que crianças e adolescentes ainda não têm dimensão de que a internet é um espaço público. As fotos que a gente publica não são vistas apenas pelos amigos e pela família. Qualquer um pode vê-las”, diz.
A pesquisa aponta, também, que 21% dos entrevistados nunca se sentem seguros na internet – 38% foram vítimas de ciberbullying; 29% já tiveram seus dados/perfil roubados; e 26% nunca buscaram dicas de proteção.“As pessoas têm uma ideia de que a internet é uma terra sem lei, de anonimato completo, de impunidade. E não é bem assim”, afirma Nejim.Segundo ele, pais e filhos precisam conversar sobre a forma como usam a internet. “Da mesma forma que as crianças não podem aceitar balas de estranhos, elas não devem aceitar e-mails estranhos, pedidos de amizade de estranhos no Orkut, no MSN.”Não adianta, no entanto, proibir o uso da internet nem vigiar o comportamento dos filhos. “É preciso dialogar, orientar e fazer um acompanhamento”, diz.
Prática reprisa velha batalha entre gerações, diz psicoterapeuta dos EUA
O atual modismo do sexting -ato de compartilhar, com auxílio tecnológico, imagens do próprio corpo com pouca roupa- reprisa a velha batalha entre gerações, na qual os mais novos aprendem como a sua sexualidade assusta os mais velhos. Pelo menos, essa é a avaliação de Marty Klein, psicoterapeuta especialista em educação sexual, que atua em Palo Alto, Califórnia.
Com opinião semelhante, Richard Chalfen, professor de antropologia e membro do Centro para Mídia e Saúde Infantil da Escola de Medicina de Harvard, afirma que alguns jovens estão forçando a barra ao capturar imagens do corpo, pois sabem que o fenômeno é um assunto do momento.Nos EUA, desde o suicídio da jovem Jesse Logan, há um ano, a mídia vem seguindo de perto o tema. O ex-namorado de Logan, depois do final do relacionamento, divulgou fotos dela nua. Isso teria colocado a garota em depressão profunda.

Celebridades
A mania de autoexposição ilimitada (ou quase) ganha espaço também no mundo das celebridades, que aderem ao pelados 2.0.
Nos EUA, ficaram famosos os casos de Vanessa Hudgens, atriz de “High School Musical”, e Adrienne Bailon, integrante do Cheetah Girls, grupo musical jovem da Disney. Ano passado, as duas tiraram fotos seminuas para seus namorados que acabaram na rede após terem seus computadores supostamente roubados.
Para Chalfen, o modismo não é surpresa, dado que os jovens têm “muita dificuldade em prever as consequências dos seus atos”. Ou seja, eles não imaginam que o parceiro de hoje possa ser o vilão de amanhã.Historicamente, pais e educadores apontam seu dedo acusador para a mídia como uma das responsáveis por novos fenômenos ligados à sexualidade dos jovens. Hoje em dia, porém, o grupo não é apenas consumidor de tabloides, “reality shows” ou qualquer coisa que capture a privacidade alheia.
O problema -ou a novidade- é que celulares, câmeras digitais e internet permitem que as pessoas sejam os seus próprios paparazzi -fotografando a si mesmas e a outros em situações privadas e colocando as imagens na rede.Chalfen explica que as gerações mais novas são “nativos digitais”. Ou seja, os jovens dos dias atuais cresceram acostumados a terem suas vidas mediadas pela tecnologia o tempo todo. Ele diz que “celulares com câmeras não estão apenas inseridos na vida do jovem, mas são parte de sua identidade”. O professor, porém, lembra que apenas uma minoria pratica sexting.O que não significa que não haja problemas, como o drama de Logan. Para que casos semelhantes não se repitam, a dica de Marty Klein é o “use com responsabilidade”. Klein diz que os pais devem ensinar os filhos a terem sentimentos sexuais e pensarem claramente ao mesmo tempo, tendo ciência dos seus atos.

Não há privacidade na internet
Se seus dados estiverem on-line, eles não são privados. Talvez eles pareçam privados. Certamente, só você tem acesso ao seu e-mail. Na verdade, você e o seu provedor. E o provedor de seu remetente. E qualquer provedor das principais conexões de internet que por acaso acompanhe o percurso desse e-mail do remetente até você.
Se você lê seu e-mail pessoal no trabalho, a sua empresa tem acesso a ele. E, se instalar mecanismos de rastreamento nos pontos certos, a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) e qualquer outro órgão de inteligência do governo norte-americano, também.É evidente que você poderia codificar o seu e-mail, mas poucos entre nós fazem isso. A maioria das pessoas agora usa webmail. O problema é que, normalmente, seus dados on-line não estão sob seu controle. Seu webmail está menos sob seu domínio do que poderia estar se suas mensagens fossem baixadas em seu computador.
Se você usa o Salesforce. com, está contando com essa empresa para proteger seus dados. Se usa o Google Docs, você está confiando no Google. Esse é o motivo pelo qual o Centro de Informações sobre Privacidade Eletrônica (Epic, na sigla em inglês) registrou queixa na FTC (agência reguladora governamental norte-americana): confiamos no mecanismo de segurança do Google, mas não sabemos o que ele é.Isso é uma novidade. Há 20 anos, se alguém quisesse vasculhar a sua correspondência, teria de invadir a sua casa. Agora, essa pessoa pode simplesmente entrar no seu servidor. Há dez anos, suas mensagens de voz eram guardadas em uma secretária eletrônica no seu escritório; agora, estão em um computador que pertence a uma empresa de telefonia.
Suas movimentações financeiras encontram-se em websites remotos, que são protegidos apenas por meio de senhas; os dados sobre os empréstimos que você fez são recolhidos, armazenados e vendidos por empresas que você nem sequer sabe que existem. E mais dados estão sendo gerados. Listas de livros que você compra, assim como de livros pelos quais você dá uma passada de olhos, são armazenadas em computadores das livrarias.
Seu cartão de fidelidade informa ao seu supermercado quais alimentos você aprecia. O que era uma moeda anônima colocada em uma cabine de pedágio transformou-se em pedágio eletrônico, que registra em que estrada você esteve e quando.
O que costumava ser uma conversa cara a cara tornou-se agora um bate-papo eletrônico, uma troca de mensagens de texto por celular ou uma conversa no Facebook.Quanto a nossa segurança e privacidade, não temos nenhuma escolha, além de confiar nessas empresas, mesmo que elas tenham pouca motivação para nos proteger. Tanto a ChoicePoint e a Lexis Nexis (empresas de internet norte-americanas de banco de dados) quanto o Bank of America ou a T-Mobile não assumem os custos relacionados a violações de privacidade ou a roubos de identidade digital. Essa perda de controle sobre nossos dados tem outros efeitos também. Nossas proteções contra casos de abuso policial foram drasticamente diluídas.Os tribunais têm autorizado a polícia a investigar nossos dados sem um mandado se esses dados se encontrarem sob o domínio de terceiros. Se a polícia quiser ler um e-mail no seu computador, ela precisa de um mandado, mas isso não será preciso se o e-mail for lido a partir dos arquivos de backup localizados em seu provedor.

Direitos digitais
Isso não é um problema tecnológico, é um problema jurídico. Os tribunais precisam reconhecer que, na era da informação, privacidade virtual e privacidade física não têm as mesmas fronteiras. Nós deveríamos ser capazes de controlar nossos próprios dados, independentemente de onde eles estivessem armazenados. Deveríamos ser capazes de tomar decisões sobre a segurança e a privacidade de nossos dados e ter respaldo legal no caso de as empresas falharem em honrar essas promessas.

Daniela Arrais

Folha de S.Paulo

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