sábado, 1 de agosto de 2009

Crianças levadas são sempre as dos outros?


Tem gente que acha bonitinho uma criança muito levada. Normalmente é a mãe ou o pai da criancinha. Eu uso o diminutivo de propósito. Porque são uns pingos de gente espoletas e podem ser extremamente irritantes. Fico pasma com a paciência ou a omissão de alguns adultos quando seus rebentos não têm ideia de como se comportar publicamente e começam a incomodar a todos em volta.
Vinha ontem de Maceió e, na fila para entrar no avião, um garoto de uns três anos começou a chutar minha mala. Eu olhei para trás. A mãe ria, a tia também. Como as duas viram que eu não estava achando graça nenhuma, a mãe falou: “Amorzinho, não faz isso não”. O amorzinho continuou a chutar minha mala. Dei meu olhar congelante para o menino, que fazia cara de safado. A mãe então disse suavemente: “Não faz isso porque a tia não gosta, ela vai brigar”.
Bem, a tia bruxa era eu. E o problema não era o garoto ser mal-educado e sair chutando a mala dos outros. O problema era eu não gostar que chutassem minha mala de rodinhas.
Tive de tirar a mala do alcance do pimentinha. Porque a mãe não ia dar jeito mesmo com aquele discurso.
Aí dá para entender como ele vai virar um adolescente rebelde ou delinquente e, depois, um adulto que joga lixo na rua pela janela do carro e ultrapassa sinal vermelho.
Dentro do avião, outro menino, de 2 anos, começou a chutar e empurrar a poltrona do meu namorado. A mãe, ao lado, olhava para o vazio, para o futuro ou para o passado. Era como se tivesse desligado. Mães se esgotam. Ela estava com duas crianças pequenas.
Outras crianças no avião, de várias idades, gritavam histéricas. Ainda bem que existe iPod.
Fiquei imaginando se meus filhos, hoje homens, um dia chatearam algum desconhecido e eu achei uma gracinha. Prefiro imaginar que os eduquei, desde sempre, para respeitar o próximo e não incomodar. Lembro que tentava manter o radar ligado para que meus filhos não fossem pestinhas com os outros.
É curioso o cérebro das mães. Uma pesquisa publicada recentemente numa revista científica, Neuron, mostrou que a mãe “silencia” o resto do cérebro para poder escutar o choro de seu bebê. Segundo essa pesquisa, feita com camundongos numa universidade americana, isso quer dizer que a mãe abaixa o volume de todos os outros sons para conseguir ouvir rapidamente seu filhote bebê quando ele chora ou grita.
Desconfio que, à medida que eles crescem um pouco, ocorra o efeito contrário. As mães passam a ouvir só o resto dos sons. E a gritaria das crianças dentro do carro, ou em espaços públicos, passa a ser ignorada em prol de sua própria sanidade. Será?



Blog Mulher 7 por 7

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