sábado, 5 de setembro de 2009

Mães de olho nos alunos até dentro do colégio

Na volta às aulas nas Escolas do Amanhã, 450 mamães vão atuar como inspetoras

Rio - O início das aulas ontem nas 150 unidades do programa Escola do Amanhã foi também o primeiro dia de trabalho para 450 mães de alunos contratadas pela prefeitura para ajudar a manter a ordem e a conservação nessas escolas, além de ajudar a tomar conta dos filhos delas próprias e de outros milhares de jovens.
São as ‘Mães Comunitárias’, que receberão ajuda de custo de R$ 100 por mês para dedicar quatro horas por semana auxiliando professores nas atividades do contraturno dentro e fora dos muros dos colégios.


Desde ontem, 108 mil alunos de escolas localizadas nas áreas mais violentas da cidade estão tendo aulas em período integral e programação diferenciada das demais, para tentar reduzir a evasão escolar e melhorar o desempenho dos alunos.
O novo modelo foi inaugurado ontem com a Escola Pedro Aleixo, na Cidade de Deus, pelo prefeito Eduardo Paes, a secretária de Educação, Cláudia Costin, e os secretários de outras pastas envolvidas no projeto. “Além do reforço escolar, essas crianças terão aulas de arte e oficina de esportes”, explicou a secretária.
A dona de casa Maria da Graça de Jesus foi uma das escolhidas para ser ‘mãe comunitária’. Moradora da Cidade de Deus, ela se dividirá com outras duas mães, Maria da Penha Adelaide, 42, e Simone dos Santos, 36, as tarefas de cuidar da conservação da Escola Pedro Aleixo. “Vamos cuidar para que os alunos não rabisquem as paredes, ajudar as professoras nas atividades culturais e o que é melhor: acompanhar de perto meus cinco filhos que estudam aqui”, contou Maria da Graça. “E ainda vou ganhar R$ 100 para ajudar nas despesas”.
Desempregada, a auxiliar de serviços gerais Simone, mãe de dois alunos matriculados na escola onde atua como inspetora, descobriu que, além de trabalhar em um projeto novo e ganhar por isso, vai poder acompanhar mais de perto os filhos e ajudá-los ainda mais em casa. “Assim vou poder vigiá-los 24 h por dia e participar mais da vida deles. Acompanhar tudo isso de perto faz toda a diferença”, disse Simone, que, depois de anos sem estudar, resolveu voltar às salas de aula para concluir os estudos.
Vestindo uniformes novos de cor azul, com o logotipo do programa, os alunos, do 1º ao 9º ano, chegaram para o primeiro dia de aula deslumbrados com os laboratórios.
Foi o primeiro dia de aula para alunos da educação infantil e do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental, que tiveram as férias prolongadas por causa da gripe suína.
O prefeito Eduardo Paes, que visitou todas as salas da escola, disse que o projeto não é ‘filho’ só da Educação. “Sem a parceria de todo o governo seria impossível ter realizado esse projeto. Só vamos dar chance de futuro às nossas crianças se apostarmos na Educação”.
Vincent Defourny, representante da Unesco, uma das parceiras do programa, reafirmou que, para dar certo, as Escolas do Amanhã deverão contar com a participação não só dos educadores. “Só a Educação pode transformar as cidades e, ao mesmo tempo, a sociedade e o mundo todo, através de uma comunidade mais integrada e respeitadora das diferenças.
Esse é o papel não só da escola, mas também dos pais, dos bairros e das comunidades”, afirmou.Na solenidade de abertura do projeto, a Orquestra Sinfônica Petrobras, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, se apresentou.

Professores mais bem qualificados
Além do método de aprendizagem específico para os 108 mil alunos das Escolas do Amanhã, os professores dessas unidades também receberão qualificação diferenciada. Os 4 mil profissionais lotados nos 150 colégios estão sendo capacitados para lidar com crianças e jovens que apresentam dificuldades de aprendizagem em função da exposição à violência.
Eles terão, por exemplo, aulas de metodologia Uerê-Mello, criada para lidar com crianças e jovens com bloqueios e traumas em função da rotina de violência. “Estes professores estão sendo preparados, por exemplo, para identificar as vulnerabilidades desses alunos.
Todos os 150 coordenadores pedagógicos das unidades já foram capacitados nesta metodologia”, acrescentou a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin.
Os professores ainda têm a oportunidade de receber um salário e meio a mais ano que vem, caso consigam melhorar o desempenho dos alunos.
O piso para quem leciona da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental é de R$ 1.110,93 por jornada de 22 horas e 30 minutos por semana.
Mestres de turmas do 6º ao 9º ano podem receber até R$ R$ 3.847,32 para R$ 40 horas semanais.
Para os estagiários que atuarão nessas áreas, a bolsa-auxílio é de R$ 600, R$ 200 a mais do que os outros.

Foco em atividades com a comunidade
Na programação das aulas ministradas nas escolas envolvidas no programa, estão, além da grade curricular padrão, igual às das outras unidades, atividades culturais, esportivas e educativas fora dos muros do colégio, em parceria com as comunidades que o cercam.
A ideia é aproveitar locais comuns aos moradores para aulas do contraturno, como quadras e parques. Outra grande aposta do programa são as aulas de Ciências, que ganharam um método inovador de aprendizagem da disciplina.
Todas as 1.555 salas serão transformadas em laboratórios para desenvolver nos alunos capacidades como o raciocínio lógico, comunicação e resolução de problemas



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