quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ato repudia expulsão de estudante vítima de violência sexista em São Paulo



Sem preconceito: UNE desafia alunos a irem sem camisa à Uniban

“Eu desafio os meninos da Uniban a entrarem sem camisa nesta universidade”, propôs Augusto Chagas, presidente da UNE, durante protesto realizado em frente à faculdade de Geisy Arruda nesta segunda-feira (8). Para a liderança, o preconceito contra a estudante de Turismo não aconteceu pelo tamanho de seu vestido, mas sim por ser uma mulher.
Com a palavra de ordem “A nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito”, a manifestação começou pedindo a reintegração de Geisy à faculdade e terminou comemorando o recuo da reitoria na expulsão da estudante. Diversas entidades participaram do protesto, entre elas a UBM (União Brasileira de Mulheres) e MMM (Marcha Mundial das Mulheres).
Ao fazer o desfio, o presidente da UNE se dirigiu especialmente aos estudantes machistas da universidade. Ele afirma que se fosse um homem, e não uma mulher, que estivesse usando pouca roupa o caso não teria tido repercussão. O episódio revela, portanto, um preconceito de gênero e não um comportamento inapropriado por parte de Geisy, como pensam alguns estudantes e a reitoria da Uniban.
O desafio de Augusto procede, pois a reintegração de Geisy à Uniban não significa uma mudança de mentalidade por parte de seus colegas e da diretoria da faculdade. A estudante sabe disso: “estou com medo. Só quero terminar as minhas provas e sair logo desta faculdade”, declarou Geisy em lágrimas à imprensa, após comentar a decisão por sua reintegração.
O presidente da UNE lembra ainda que a Uniban não permite a construção de centros acadêmicos e coíbe a entrada de lideranças de entidades estudantis na instituição. Para ele, a medida é mais um traço conservador que deve ser revisto pela universidade.
Vamos torcer para que a Uniban faça mais do que um recuo burocrático e entenda o conteúdo da lição que a opinião pública lhe passou: não cabe no século 21 o argumento da moralidade para justificar o machismo.

Por Carla Santos
Fonte: Portal Vermelho

Ato repudia expulsão de estudante vítima de violência sexista em São Paulo

Movimentos feministas, juntamente com organizações estudantis e populares, realizaram dia 09, uma manifestação contra a violência sexista que ocorre desde o dia 22 de outubro na Universidade Bandeirante (Uniban Brasil), em São Bernardo do Campo (SP). O ato marcado para acontecer às 18h (horário de Brasília), aconteceu em frente à instituição de ensino (Av. Dr. Rudge Ramos, 1501).
De acordo com Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, o objetivo da manifestação é repudiar a ato de violência contra a estudante Geisy Arruda. No dia 22de outubro, a universitária foi ameaçada e agredida verbalmente por alunos e alunas da instituição em que estuda. O motivo seria a roupa usada pela jovem: um vestido considerado curto por vários estudantes.
As consequências da escolha da roupa não acabaram nas agressões. Ontem, a Uniban divulgou, através de comunicado, a expulsão da jovem. "Foi constatado que a atitude provocativa da aluna, no dia 22 de outubro, buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar", afirma a instituição.
No comunicado "A educação se faz com atitude e não complacência", a Uniban ainda afirma que os estudantes envolvidos no episódio e que foram identificados também serão punidos. Entretanto, ao contrário de Geisy, acusada de "desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade", nenhum dos alunos foram expulsos, mas apenas suspensos.
Para Sonia, a atitude da Uniban é repudiável. "De vítima, ela foi transformada em ré. Com isso, a Universidade justifica a violência", considera. A indignação à decisão da universidade também foi compartilhada pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
"Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.", comenta em nota, assinada pela Diretoria de Mulheres da UNE.
Por conta disso, no ato de hoje, os manifestantes entregarão à Uniban um documento exigindo: "a suspensão do ato de expulsão, retratação perante a aluna e a punição de quem de fato cometeu a violência, e realização de evento educativo como forma de prevenção de episódios deste tipo".
Sonia lembra ainda que esse não é um episódio isolado. "Não é exceção. A mulher sofre [violência] constantemente: na rua, em casa, na escola...", ressalta. Apesar de ser uma luta antiga do movimento feminista, a violência contra a mulher ainda está presente na sociedade. "A violência pode ser interpretada como controle sobre as mulheres", explica.
De acordo com ela, a sociedade ainda vive sob uma "dupla moral": por um lado, incentiva a erotização da mulher, do corpo; por outro, considera que a mulher deve ser recatada, subordinada. "Nós ainda não somos pessoas livres para tomar decisões", desabafa.
Segundo Sonia, a naturalização e a banalização da violência contra as mulheres são tão fortes que até mesmo as "mulheres incorporam essa visão". Prova disso aconteceu no episódio do dia 22 de outubro, quando garotas também agrediram verbalmente a estudante. Na opinião de Sonia, elas estavam "reproduzindo" o discurso machista, muitas vezes também reproduzido pelas próprias vítimas. "Muitas [mulheres] vítimas [de violência] não denunciam porque se acham culpadas dessa violência", destaca.

Karol Assunção / Adital
Fonte: ABONG

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