sábado, 14 de novembro de 2009

Metade dos alimentos produzidos no Brasil vai para o lixo


Desperdício de alimento

Uma . Por ano, 26 milhões de toneladas são jogadas fora

Há pequenas ações, simples, que podem ser tomadas no dia-a-dia, e fazer a diferença. São dicas simples como, por exemplo, usar o arroz que sobrou para fazer bolinho.
Em São Paulo, a maior central de distribuição de alimentos do país criou um programa para reduzir o desperdício. Mas muita comida ainda acaba no lixo.
Verduras frescas e legumes são sobras descartadas pelo comércio. Na Companhia de Abastecimento de São Paulo (Ceagesp), um casal junta as frutas jogadas no lixo. Um outro homem recolhe folhas de acelga e o alho que ficou no chão.
Desempregada, Claudia Salete Souza revira o lixo fora dali, atrás de papel para reciclagem. Já encontrou comida: “Cheguei a achar pacotes de arroz e café fechados”.
Foi o suficiente para preparar o almoço e o jantar durante uma semana. “Tem demais e não tem para quem dar. Acaba jogando no lixo”, comenta Cláudia.
“Comida na minha casa não estraga, por causa dos meus quatro filhos. Eles comem bastante. Então, finda fica faltando ainda”, diz a desempregada.
O catador Paulo Roberto Silva quase sempre encontra carne congelada no lixo: “O povo joga fora. Passou um pouco, aí não quer comer. É assim mesmo. O mundo está assim mesmo”.
Por ano, 26 milhões de toneladas de alimentos são jogadas no lixo, em um país em que a miséria produz dados alarmantes. Segundo o IBGE, são 14 milhões de brasileiros que não têm o que comer. A fome é maior entre as famílias que têm crianças pequenas.
Ainda de acordo com o IBGE, 58 milhões de pessoas vivem em um estado de insegurança alimentar, quando falta alimento no prato e a pessoa não consegue fazer todas as refeições.
Para evitar que cenas como essas voltem a se repetir, a Ceagesp criou um banco de alimentos. Empresários recolhem as sobras que depois são doadas a associações e entidades.
“Tem uma equipe operacional e técnica que faz uma pré-seleção. Nem tudo que chega pode ser doado também. Tem alimentos que deveriam ir para o lixo, mas temos um trabalho de compostagem”, comenta a coordenador de sustentabilidade/ Ceagesp Andréia Mendonça Oliveira.
O desperdício começa dentro de casa. Um terço dos alimentos saem da geladeira e do armário direto para o lixo. É alimento com o prazo de validade vencido, fruta e verdura estragada. Quem nunca cometeu esse pecado?
“Lá em casa, por exemplo, compro bastante banana, e criança acaba não comendo, e estraga”, diz uma dona-de-casa.
“Do almoço que a gente fez hoje, se sobrar, a gente janta à noite. No outro dia, se sobrar vai para o lixo”, comenta uma paulista.
A dona-de-casa Luciana Sanchez guarda tudo em pote de plástico. Depois da chegada do terceiro filho, a conta do supermercado ficou cara demais para a família: “Sempre quando meu marido vai no supermercado, peço para comprar em quantidade pequena e produtos pequenos, para não ter sobra”.
Se decidir fazer uma aplicação financeira de tudo o que economizar com o desperdício de alimentos, Luciana pode chegar aos 70 anos com R$ 800 mil.
“Importante que as pessoas tenham a consciência de que o desperdício de alimentos tem impacto sobre ela, sobre a economia, sobre a sociedade, sobre o meio ambiente. Se elas tiverem essa consciência, as pessoas irão mudar seu comportamento”, o presidente do Instituto Akatu Hélio Mattar
Para o consultor da ONU em reciclagem, não são só os consumidores que devem se responsabilizar. Os governos podem desenvolver ações específicas para reduzir o desperdício.
“O desperdício ocorre em grande parte porque não temos uma legislação que torne responsáveis pelo destino final daquilo que produzem os efetivos geradores dos produtos. O governo pode atuar na minimização do desperdício através de planejamento, através de regulamentação e difusão de informação e educação”, sugere o economista Sabetai Calderoni.
Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, desde a plantação até a casa do consumidor, o desperdício chega a 30% da produção de grãos, 35% das frutas e metade das hortaliças.
Os motivos são variados: condições ruins das estradas, armazenamento precário nas centrais de distribuição, exagero do consumidor na hora de comprar.

Fonte: G1

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