quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Atenção à agressão contra mulher


Médicos de hospitais federais terão que notificar suspeitas às delegacias para investigar se houve violência doméstica

Rio - Os seis hospitais federais do Rio — Bonsucesso, Lagoa, Ipanema, Cardoso Fontes, Andaraí e Servidores — terão de fazer notificação compulsória de violência contra a mulher, segundo determinação do diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio, Oscar Berro.
De acordo com Berro, os casos de agressão detectados pelos médicos nos hospitais federais, responsáveis por cerca de 500 mil atendimentos por ano, serão encaminhados ao Sistema Nacional de Notificação de Agravos (Sinan), do Ministério da Saúde, e depois, repassadas às Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM).
“A medida é para valer. Quem não respeitar a orientação estará sujeito às sanções administrativas, como advertência verbal ou por escrito, ou até a suspensão”, advertiu Berro, ressaltando que o objetivo é acabar de vez com a omissão da sociedade em relação à violência contra a mulher. “Temos de mudar o conceito de que o provedor da casa pode bater na mulher. Infelizmente, na maioria das vezes, a agressão é minimizada pelo próprio corpo médico, a pedido da família da vítima ou do agressor”, lembrou.
A coordenadora das Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher, delegada Marta Rocha, festejou a medida. “É uma determinação interessante, já que a violência contra a mulher também é uma questão de saúde pública”, diz ela, acrescentando que hoje perde-se muito tempo entre a denúncia da agressão e a notificação.

Profissionais preparados para identificar problemas
A delegada Marta Rocha alerta, no entanto, para a necessidade de os profissionais de saúde serem preparados para identificar os casos de violência doméstica.
“Ele precisa ter sensibilidade para saber se a paciente não está falando a verdade quando diz que a lesão, por exemplo, foi consequência de uma queda”, disse Marta, frisando que a nova medida vai permitir um quadro mais próximo da realidade da mulher vítima, que nem sempre vai à polícia. “A mulher que apanha nem sempre procura uma delegacia. Mas, provavelmente, vai sempre em busca do atendimento médico”.
A decisão de Berro foi inspirada em medida adotada em São João de Meriti, que lançou sexta-feira, através da Secretaria de Assuntos Institucionais, a ficha de ‘Notificação Compulsória de Violência Contra a Mulher”.


GERALDO PERELO


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