segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uma doença cercada de preconceito


A hanseníase é uma das mais antigas doenças que atinge o homem. Também conhecida como ‘lepra’, foi por muito tempo mutiladora e incurável, mas hoje existe cura, e com o tratamento correto as pessoas conseguem ter uma vida normal. Porém, o que não mudou é o preconceito, motivado, na maioria das vezes, pela falta de conhecimento sobre a doença.
O receio de ser rejeitado pela sociedade é tanto que as pessoas que contraíram a hanseníase se recusam a falar. Eles temem que a exposição possa afastar amigos, vizinhos e até familiares mais próximos. “Já presenciei pacientes que estavam em locais isolados e usando copos e talheres separados. A discriminação parte da própria família”, comenta a técnica em enfermagem, Alice Silva da Luz, que há 13 anos é a responsável pelo programa de controle da hanseníase em Campo Mourão.
Segundo ela quando diagnosticada precocemente, a cura da doença pode ser obtida entre seis meses e um ano, e assim que começa o tratamento já não tem mais o risco de transmitir a doença. Atualmente existem em Campo Mourão dez pacientes em tratamento. “Mesmo depois de curados, os pacientes não falam sobre a doença”, pondera Alice.
Ela explica que o tratamento é fornecido apenas pelo sistema público de saúde e os pacientes recebem acompanhado semanalmente. “Vamos até a casa de todos os pacientes para saber se estão tomando o medicamento de maneira correta e se não estão tendo reações. São visitas de rotina, e sempre com a maior discrição.”
A transmissão da doença ocorre por meio de gotas eliminadas no ar pela tosse, fala e espirro e também pelo contato direto com lesões da pele de uma pessoa com hanseníase, sem tratamento. O fato de usar objetos como copos, pratos, talheres, não oferecem perigo de transmissão da doença. O contato por longo tempo com o paciente representa maior chance de outra pessoa ser infectada pelo bacilo da hanseníase.
A transmissão não ocorre de forma frequente como muita gente pensa. A prova maior é que a técnica em enfermagem já está há 13 anos tendo contato direto com pessoas infectadas e nunca apresentou sinais da doença. “Não tenho medo. O que eu tiver que passar vou passar. Não tem como outra pessoa passar por mim”, acredita ela.

Doença – A hanseníase é uma doença contagiosa, que passa de uma pessoa doente, que não esteja em tratamento, para outra. Ela se manifesta principalmente na pele e nos nervos periféricos podendo ocorrer deformidades físicas quando não tratada regularmente ou tratada tardiamente.
Causada pelo Mycobacterium leprae, a hanseníase é infecto-contagiosa e tem evolução prolongada. A doença ataca pele, olhos e nervos e tem como característica principal o comprometimento dos nervos periféricos – que ligam o sistema nervoso central a diversos órgãos. Em casos graves, de evolução da doença, pode acarretar deformidades que provocam transtornos ao paciente como a diminuição da capacidade de trabalho, a limitação da vida social e problemas psicológicos.

Fonte:Tribuna do Interior

Casos na região

Desde 2004 foram notificados 493 novos casos de hanseníase nos 25 municípios da região de Campo Mourão. O maior número foi registrado em 2004, com 105 casos. Em 2007 foram 73 e neste ano, até o momento, são 46. Campo Mourão é o município com maior número de casos: 72 – desde 2004, quando ocorreram 22 casos. De lá para cá, o número de doentes foi diminuindo.

O município de Barbosa Ferraz é o segundo no ranking de notificações. Neste ano já foram sete, em 2008 ocorreram 11. Desde 2004, são 56 notificações. Em Iretama foram notificados cinco casos neste ano. Em 2008 foram oito, e em 2004, 12. Nova Cantu e Roncador registraram desde 2004, 34 notificados cada.

Por Antonio Marcio, da Redação

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