segunda-feira, 9 de novembro de 2009

'Uniban é uma fábrica de açougueiros'


A notícia da expulsão de Geisy Arruda pela Uniban é estarrecedora. O informe divulgado ontem pela direção da universidade, por meio do qual a aluna ficou sabendo da decisão, é um panfleto obscurantista que requer análise. Ela transforma a incitação ao estupro de uma jovem acossada na universidade por algumas centenas de marmanjos em “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.

E is o que concluiu a “sindicância” da Uniban: “Foi constatado que a atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Geisy, diz a nota, ensejou “de forma explícita os apelos dos alunos” e foi expulsa por “flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”. O título do informe agrega no conteúdo um toque de humor negro: “A educação se faz com atitude e não com complacência”.
De que educação falam esses farsantes? Devemos chamar essa fábrica de açougueiros de instituição de ensino? Que princípio ético ou dignidade acadêmica podem sbreviver uma escola que pune a vítima humilhada para respaldar a brutalidade e a covardia de uma turba excitada com a própria fúrias?
Como se sentirão agora as garotas que estudar na Uniban? Estarão os rapazes liberados pela direação a agir sempre assim em defesa do “ambiente escolar”?
As cenas são conhecidas: “Put-ta!, pu-ta!”, “vamos estuprar!”, “solta ela, professor!”. Um aluno chutou a maçaneta da porta da sala em que a moça estava encurralda; outro tentaram colocar o celular entre suas pernas para fotografá-la.
A Uniban invoca um zelo pedagógico para satisfazer a vontade fascista de maioria e preservar os negócios.
Com a sua decisão, ela deu chancela institucional aos atos de barbárie praticados em suas dependências. Mais do que isso: ao linchar Geisy, a universidade consuma o serviço que os alunos haviam deixado pela metade.

Fernando de Barros e Silva, da Folha


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