terça-feira, 10 de novembro de 2009

Sexo está entre as palavras mais pesquisadas por crianças



Você sabe o que o seu filho procura na internet? Conhece o tipo de interesse que ele tem quando entra nos sites de busca? Uma pesquisa realizada pela Symantec Corpnn identificou que, entre os principais termos de buscas de crianças e adolescentes, em várias partes do mundo, estão as palavras "sex" e "porn" - ou seja, sexo e pornografia.
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Essas palavras aparecem, respectivamente, em quarto e sexto lugares entre as dez mais procuradas, perdendo apenas para termos como Youtube (1º lugar), Google (2º), Facebook (3º) e MySpace (5º) - onde, na verdade, elas entram para digitar aquilo que querem encontrar, seja em termos de vídeo, fotografia ou outros conteúdos.
Segundo a psicopedagoga e mestre em Educação Maria José Cerutti Novaes, as crianças a partir de três anos de idade despertam para a sexualidade e sentem necessidade de perguntar sobre o assunto. "O que não deveria ser tão comum, porém, é a curiosidade pela pornografia. Essa curiosidade geralmente aparece quando ela é estimulada, seja por ter ouvido comentários de adultos, seja por ter visto algo em outro meio". Entre os termos um pouco menos populares observados pela pesquisa estão: Michael Jackson, eBay, Wikipedia, Miley Cyrus - atriz que interpreta a personagem Hannah Montana, do seriado de TV - e "Boom Boom Pow" - hit musical da banda Black Eyed Peas.

Diálogo
Para a psicopedagoga, a pesquisa revela, ainda, que os pais estão pouco atentos ao que os filhos estão fazendo na internet. "Muitos deixam as crianças passarem horas na frente do computador, sem impor limites e sem observar o que está sendo feito. É preciso ter diálogo, estabelecer uma relação de confiança e monitorar os sites onde ela entra, as conversas no MSN e as pesquisas que realiza".
A lista com as 100 palavras mais procuradas foi produzida depois que a Symantec avaliou 3,5 milhões de pesquisas feitas pela ferramenta OnlineFamily.Norton, que permite que os pais vejam o que crianças estão pesquisando e com quem estão falando em mensagens instantâneas e que redes sociais estão usando.

MSN e salas de bate-papo são portas abertas para a pedofilia
A preocupação com os conteúdos acessados por crianças e adolescentes na internet tem muito mais razões de ser do que a simples preservação do assunto "sexo", encontrado em páginas de conteúdo impróprio. A internet é, também, a grande porta de entrada para uma série de crimes virtuais e violências praticadas contra e por adolescentes.
Dados do Núcleo de Repressão aos Crimes Eletrônicos (Nurecel) do Estado apontam que o número de crimes praticados por meios eletrônicos, como internet ou celulares, cresce cerca de 20% ao ano no Estado. Além disso, a participação dos adolescentes em casos de ofensas contra colegas e professores pela internet corresponde a cerca de 30% dos crimes investigados na rede.
É por meio da internet, também, que grande parte dos casos de pedofilia, hoje, são registrados. Salas de bate-papo e programas de conversa como o MSN e o Skype estão na lista dos mais utilizados por adultos que vasculham a rede em busca de menores de idade.
"A rede comporta muitas práticas, inclusive as ilícitas, em um mesmo lugar. Não é só o acesso que deve ser vigiado, mas, sobretudo, as pessoas com quem as crianças conversam, em quais horários elas costumam utilizar o computador e que programas mais utiliza", alerta a psicopedagoga Maria José Cerutti Novaes.
"A rede comporta muitas práticas, inclusive as ilícitas, em um mesmo lugar"
Maria José Cerutti Novaes
psicopedagoga

Ideal é vigiar à distância e preservar a privacidade
Ao invés de cobrar, conversar. Antes de invadir, procurar saber. Assim como qualquer pessoa, os adolescentes não costumam gostar quando alguém invade a sua privacidade - principalmente se esse alguém é o pai ou a mãe - e criam resistências ao diálogo quando se percebem "invadidos".
Por isso, a psicopedagoga Maria José Cerutti Novaes, orienta que os pais aprendam a confiar nos seus filhos e saibam estabelecer limites sem brigar. "É na relação de confiança que ele consegue transmitir os seus valores, orientar e mostrar que está ali também para ouvir", explica.
Exigir a senha do MSN do filho para ter acesso às conversas no bate-papo, impedir que ele converse com os amigos no Orkut ou que se expresse em um blog, por exemplo, pode denotar autoritarismo e desrespeito.
O pai pode, no entanto, criar uma conta no Orkut para acompanhar de perto a "vida virtual" do filho, manter contato com ele no MSN, saber quais sites ele costuma visitar e, até mesmo, ficar de olho no histórico de acesso do computador.
"É preciso ficar de olho para protegê-lo, mas sempre mantendo a distância, para que o filho sinta que o pai confia. A ausência de confiança pode pôr tudo a perder", diz.

Só bloquear acesso à internet não resolve
Impedir que as crianças e adolescentes tenham acesso a determinados programas e sites na internet por meio de filtros bloqueadores não significa que eles vão deixar de encontrar aquilo que desejam na rede. Para psicólogos e consultores em tecnologia, a melhor arma contra os conteúdos impróprios é o diálogo.
"As ferramentas que bloqueiam conteúdos são baratas, muitas delas precisas e completas. Mas os adolescentes aprendem formas de burlar a proibição, mesmo que seja indo para uma lan-house ou para a casa de um amigo. Por isso, a melhor saída é, sempre, conversar", diz o consultor em tecnologia Gilberto Sudré.
O que os filtros disponíveis para download na internet fazem é analisar palavras-chaves - ou grupos de palavras -, além de identificar programas, como o MSN, e salas de bate-papo, por exemplo, e impedir que eles sejam acessados, mesmo por adultos.
A dica para os pais é, antes de bloquear, explicar para o filho porque aquilo está sendo feito e conversar sobre o assunto. "É importante que ele saiba quais são os limites que passará a ter e por que aquilo está sendo limitado", diz.

Computador está liberado, mas com limites
Na casa da família dos comerciantes Fernando Del Claro Franco, 45 anos, e Cristiane Sowinski Franco, 39, o laptop tem lugar certo para ficar: na sala e, de preferência, de frente para o corredor de acesso. Os filhos Bruno, de 12 anos, e Gabriela, de oito, adoram navegar na internet, mas fazem isso sob os olhos atentos dos pais. "A gente sempre passa para dar uma espiadinha no que o Bruno está fazendo. A Gabriela é mais novinha e ainda usa pouco o computador. Mas costumamos orientá-los sobre os riscos de acessar determinados sites", conta o pai. Há cerca de quatro meses, eles também decidiram bloquear o uso de determinadas palavras e sites. "O filtro não oferece 100% de segurança, porque muitas crianças sabem "burlar" as buscas, mas já nos deixa mais tranquilos. O restante tem que ser na base da conversa, explicando para eles o que pode e o que não pode", diz Cristiane.

Análise
INTERESSE É NORMAL, MAS COM CRITÉRIOS
Adriana Müller
psicóloga e terapeuta familia

A pesquisa serve de alerta aos pais, justamente por revelar que tipo de interesse os seus filhos estão tendo. A internet, nesse sentido, acaba se tornando um facilitador do acesso a conteúdos impróprios para crianças e adolescentes. Querer saber sobre sexo, buscar informações e imagens relacionadas ao assunto é natural para a idade, e sempre aconteceu. O problema está no fato de isso ocorrer sem critérios, sem que a informação passe pelo crivo de um adulto. A criança, agora, pode agir sozinha, tendo apenas um computador em mãos. Com apenas isso, ela consegue ter acesso a uma série de materiais impróprios para a sua idade e corre o risco, inclusive, de se tornar vítima de crimes na internet, como a pedofilia. Quando uma criança formula uma pergunta sobre sexo, ela, na verdade, passou por duas outras etapas anteriores, que foram: se perceber enquanto ser sexual e formular uma hipótese a respeito do assunto. Se ela pergunta e não recebe resposta ou se não possui alguém de confiança a quem perguntar, ela busca a resposta em outro lugar. É claro que, independentemente disso, a curiosidade vai existir. Mas o diálogo é sempre fundamental, tanto para que os pais ganhem a confiança da criança quanto para que possa transmitir os seus valores a ela.

A Symantec Corp é uma companhia de segurança de computadores que oferece serviços e aplicativos, como o Norton Antivírus e o OnlineFamily.Norton - por meio do qual a pesquisa foi realizada

Cuidados na net
Orientações
- Diga à criança para não adicionar pessoas desconhecidas na internet
- Se ela tem orkut, diga para não disponibilizar informações pessoais nem fotos no perfil ou no álbum
- Peça para que ela tenha cuidado com as salas de bate-papo e que não confie na identidade de quem está do outro lado
- Explique a ela o que pode ser encontrado na internet e o que não deve ser acessado
- Não omita informações. Converse com a criança sobre para que ela saiba os riscos que corre acessando a conteúdos impróprios

Aplicativos
Com o uso de aplicativos, é possível bloquear uma série de conteúdos na internet, desde palavras até sites e programas. Conheça alguns:
Netfilter. netfilter.com.br - U$ 25
Netnanny. netnanny.com - U$ 40
Anjo da internet. anjodainternet.com.br - R$ 40,00. É possível baixar uma demonstração gratuita, válida por 15 dias
The Family Browser. thefamilybrowser.com - gratuito
Cyber Patrol. cyberpatrol.com - U$ 40

Gazeta Online

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