sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Adolescentes são condenadas por morte de brasileira que pulou de janela


A Justiça britânica condenou duas adolescentes pela morte, um ano e meio atrás, de uma jovem brasileira que se jogou de uma janela após "um prolongado período de agressões".

Segundo o processo, pouco antes de sua morte, no dia 17 de maio de 2008, Rosimeiri Boxall, então com 19 anos, havia sido a vítima de uma sessão de agressões físicas e verbais por Kemi Ajose, então com 17 anos de idade, e Hatice Can, de 13 anos à época.
Rosi, como era chamada por seus pais adotivos britânicos, havia sido abandonada pela mãe alcoólatra em um orfanato para crianças carentes no Rio de Janeiro, e adotada aos dois anos de idade pelo missionário Simon Boxall e sua esposa, Rachel, que viviam no Brasil.
O casal criou a brasileira ao lado de seus outro quatro filhos em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em 2005, Simon e Rachel regressaram para a Europa, para, entre outras razões, prover uma melhor educação e mais oportunidades para Rosi.
Entretanto, em meio a dificuldades de adaptação e um sombrio prospecto de desempenho escolar, a brasileira abandonou a escola e , dois anos depois, a casa dos pais. O contato com os pais adotivos a partir daí foi descrito como "esporádico".
No relato apresentado ao júri, foi revelado que Rosi passou por diferentes endereços, vivendo ocasionalmente em uma quitinete providenciada pelo serviço de assistência social a Kemi no bairro de Blackheath, no sudeste de Londres. Foi nesse endereço que ela passou a sofrer intimidações e agressões.

'Abuso prolongado'
Horas antes de sua morte, durante uma discussão por causa de garotos que haviam conhecido na véspera, Rosi foi agredida a tapas e socos por Hatice e Kemi, que estavam sob efeito de vodca.
Os promotores exibiram aos jurados imagens feitas em um telefone celular por outro residente do mesmo abrigo para jovens, no qual Kemi bate em Rosi e puxa o seu cabelo, enquanto Kemi ri.
Segundo eles, Kemi borrifou spray desodorante no rosto de Rosi e socou a cabeça da jovem, que permanecia sentada na cama, passivamente. Ela também teve a blusa rasgada por Hatice.
Segundo os promotores, as jovens ameaçaram forçar a brasileira a beber água sanitária.
"Rosi saltou para a morte com medo de mais violência", disse o promotor, Roger Smart. "Ela pulou da janela da cozinha para escapar de um período de abuso verbal e físico prolongado."
Segundo os relatos, quando Rosi agonizava em decorrência dos ferimentos múltiplos que causariam sua morte, Hatice chegou a gritar "Bem feito, cadela!" para a vítima, jogando contra ela um telefone celular.
Após a morte da brasileira, a polícia chegou a prender Hatice e Kemi por suspeita de homicídio doloso - quando há intenção de matar a vítima. Depois, as acusações foram revistas para homicídio culposo, quando não há intenção premeditada.

Preço alto
As duas agressoras foram condenadas por homicídio culposo e serão sentenciadas no próximo dia 15 de dezembro. Enquanto isso, Kemi permanecerá no hospital psiquiátrico onde se encontra, e Hatice continuará sob custódia da autoridade local.
O detetive que coordenou as investigações, Bob Meade, disse que o caso mostra "o quão longe as vítimas de intimidações podem ir para evitar o seu tormento".
"(Rosi) pagou o preço mais alto por tentar fugir de duas intimidadoras mal intencionadas", afirmou.
Em um pronunciamento lido diante da imprensa após o julgamento, o missionário Simon Boxall disse que "continua a rezar pelas responsáveis pela morte de Rosi".
"Queremos que elas saibam que nós as perdoamos. Isto não significa que o que elas fizeram não tem importância. Uma vida é tão valiosa que só Deus pode nos ensinar o seu valor", declarou o reverendo.
Ele acrescentou que as duas agressoras "têm de enfrentar as consequências", mas que o casal deseja que o seu perdão "permita às garotas crescer e se tornar o tipo de gente que Deus gostaria".
"Ninguém pode machucar (Rosi) agora", disse o religioso.


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