domingo, 15 de novembro de 2009

Qual a idade certa para ter celular?


Tem gente que não desgruda de um aparelhinho que mistura telefone, videogame, máquina fotográfica, MP3 e até computador. Já deve saber que objeto é esse; pois cada vez mais gente da sua idade tem. Pesquisa da Fundação Telefônica diz que metade das crianças entre 6 e 9 anos de áreas urbanas do Estado de São Paulo possui celular.
Qual é a idade certa para isso? Alguns especialistas afirmam que 12 anos é a ideal. Outros garantem que não é bem assim. Tudo depende se o uso é realmente importante para a comunicação com a família. Isso mesmo: não vale ter só porque é bonito ou o amigo tem.
Isabella Wasser de Mello, 10 anos, de Santo André, ganhou o primeiro celular há dois anos para falar com os pais quando necessário. "Levo comigo todos os dias. Deixo na cintura." O aparelho de Isa é pré-pago, o plano em que se compram os créditos e se utilizam até acabar. "Meu pai me conhece, diz que se não fosse assim, não iria dar certo", afirma a menina, que adora papear com as amigas.
Matheus Satlher de Oliveira, 7, também ganhou um para se comunicar com a mãe que trabalha até tarde. E já descobriu que precisa ter responsabilidade para usá-lo. "Não pode ligar para qualquer telefone que aparece na TV." Ele sabe que não pode levá-lo à escola, em Diadema, onde estuda. Na realidade, uma lei estadual de 2007 proíbe o uso do aparelho nas escolas durante o horário de aula.

NEM PENSAR - Desde os seis anos, Nathalia Miller Magnani, 9, sonha em ganhar um celular, mas seus pais acham que ainda é cedo, por acreditarem que não é tão importante para o dia a dia da filha. "Todos os meus primos têm. Queria saber como é ter um." Na sua opinião, gente da sua idade pode ter desde que o utilize com responsabilidade, sem passar trote nem ficar papeando.
Não é brinquedo, não!
Embora tenha joguinhos divertidos, é preciso saber que celular não é brinquedo. Também não serve para mandar mensagens quando se pode dar o recado pessoalmente.
Sua finalidade básica é permitir a comunicação quando não se tem aparelho fixo disponível ou vai ligar para quem está na mesma situação. É tarefa séria cuidar dele: tem de verificar sempre o nível da bateria e recarregá-la, não deixá-lo em qualquer lugar, estar atento para não derrubá-lo e perdê-lo, entre outros cuidados.
No entanto, existe algo mais importante do que tudo isso. Da mesma maneira que não se pode conversar com estranhos na rua, não se deve bater papo no celular com quem não se conhece nem dizer nome completo, endereço e outros dados pessoais. Isso tudo pode ser muito perigoso. "Não pode dar o número para desconhecido. Pode ser uma pessoa má que finge ser amiga", explica Maria Eduarda Arnolde, 7 anos, do Colégio Pueri Domus, em Santo André, que usa o celular para se comunicar com os pais.

Novo só se quebrar

Ter celular para se comunicar pode ser importante, mas tem de concordar que não é preciso comprar um novo a toda hora. "Por que trocar se está funcionando? Isso é desperdício!", afirma Davi Cálice, 8 anos.
No Instituto Educacional Stagium, em Diadema, onde estuda, ele e os amigos desenvolveram um trabalho sobre lixo eletrônico (composto por aparelhos tecnológicos, como computador, televisão, rádio). Quanto mais as pessoas compram sem necessidade, maior a quantidade desse tipo de detrito. O planeta recebe cerca de 50 milhões de toneladas desse lixo por ano.
Para piorar, tem quem jogue o aparelho velho no lixo comum. A bateria possui substâncias tóxicas, que poluem o solo e a água, trazendo riscos à saúde. "Se quebrar, tem de entregar para uma empresa que cuida desse lixo e recicla", explica Davi. Outra dica bacana é doar o aparelho em bom estado.

SEM EXAGERO - Ficar o dia todo grudado no aparelho não é nada saudável. No ano passado, na Espanha, dois adolescentes, de 12 e 13 anos, foram internados para se curar do uso excessivo que acabou virando vício. Eles passavam seis horas por dia mexendo no celular.
É necessário dividir o tempo entre escola, brincadeira, lição de casa, televisão, descanso, esportes, entre outras atividades. E nunca esqueça que a conversa ou a troca de mensagens pelo celular não substitui o convívio direto com as pessoas.

Saiba mais

- A ligação de celular é bem mais cara do que a de telefone fixo. O preço, em média, é sete vezes maior, mas varia muito, dependendo da operadora e do plano (tipo de serviço). Cada minuto falado de um pré-pago para outro custa, em média, R$ 1. De um fixo para outro é R$ 0,15.

- Não é educado escutar música no celular com volume alto, sem fone de ouvido. Você pode incomodar quem está ao redor, principalmente se não curte o mesmo estilo musical.

- Desligue o celular ao entrar no cinema ou teatro. Não há nada mais desagradável do que ser incomodado no meio da história. Faça o mesmo na igreja e na escola.

- Não fale alto ao celular, principalmente na frente dos outros. Procure um lugar mais reservado.

- Nunca passe trote nem utilize o celular para ofender alguém.

- Desligue o celular na hora das refeições. É falta de educação falar ao telefone enquanto come.

Consultoria de Claudemir Viana, gestor da comunidade virtual Minha Terra do portal EducaRede, Laís Fontenelle Pereira, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, e Fábio Arruda, consultor de etiqueta e colunista da Dia-a-Dia Revista

Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC

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