quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Comércio on-line dificulta a luta contra a venda de novas drogas sintéticas


BRUXELAS, Bélgica — As novas drogas sintéticas que são oferecidas sem limites na internet representam um desafio difícil para as autoridades, que enfrentam táticas de fornecedores extremamente inovadores para evitar o controle desse comércio, destacou nesta quinta-feira o Observatório Europeu de Drogas e da Toxicodependência (OEDT).
"Neste mercado cada vez mais complexo e em constante mudança, os fornecedores são extremamente inovadores e evitam os controles contra as drogas propondo substitutos não regulamentados", afirma Wolfgang Goetz, Director do OEDT, ao publicar seu relatório anual sobre o consumo de drogas na Europa.
"O que é novo", lista Goetz, "é o amplo leque de substâncias exploradas, a comercialização agressiva dos produtos, que são alvo de uma desinformação deliberada, o uso crescente da internet e a velocidade com que o mercado reage às medidas de controle".
Para o Observatório, criado há 15 anos e cujo campo de fiscalização se estende agora a 30 países, representando mais de 500 milhões de pessoas, a inovação e a sofisticação do mercado "complica a luta contra as drogas".
A agência, que apresentou nesta quinta-feira seu relatório anual em Bruxelas, explica que o "último episódio" do desenvolvimento de drogas sintéticas é marcado pelo aparecimento de canabinóides artificiais, ainda pouco estudados sobre seus efeitos sobre o corpo humano.
Segundo o relatório do OEDT, o consumo da cocaína continua em rota ascendente na União Européia (UE), com a Espanha novamente na liderança, e nada indica uma redução nos índices. A boa notícia é que a maconha experimentou um ligeiro recuo em todo o continente.
A cocaína continua a ser o estimulante mais popular na Europa e a droga mais consumida depois da maconha. 3,9% dos europeus, ou seja, cerca de 13 milhões de pessoas, já experimentaram a droga produzida quase que exclusivamente na Colômbia, Peru e Bolívia. Na Espanha, o principal país consumidor, a taxa sobe para 8,3% da população.
Em 2008, os Estados-Membros da União Européia declararam ao OEDT e à Europol que 13 novas substâncias psicoativas, das quais 11 eram sintéticas. Seis são derivados sintéticos da catinona, uma droga psicotrópica que foi preparado pela primeira vez como canabinóides e produz os mesmos efeitos da cannabis quando inalada.
A internet é atualmente "um dos centros do mercado de substâncias psicoativas e permite a entrega para um público amplo de alternativas para medicamentos controlados", diz o OEDT, que em 2009 analisou 115 lojas em 17 países europeus.
A maioria dos fornecedores da internet estão na Grã-Bretanha (37%), Alemanha (15%) e Holanda (14%).
Sua oferta estende-se desde as drogas tradicionalmente usadas no mundo até "produtos químicos sintetizados em laboratórios que nunca foram testados em seres humanos".
Entre as inovações do mercado on-line estão os produtos "Spice", investigados desde 2008 pelo OEDT. Os ingredientes mencionados nas embalagens "Spice" são plantas, mas estudos recentes revelaram que algumas delas também contêm canabinóides sintéticos que os usuários consomem sem saber.
As preocupações sobre estas substâncias levaram países como Alemanha, França e Estônia a proibir ou controlar a venda de produtos desta marca, que são, de acordo com o Observatório, "as drogas do futuro". Contudo, rapidamente, surgiram na internet produtos similares vendidos sob outros nomes, como "Smoke" ou "Sense".

Fonte: AFP

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