Às vezes penso que estou muito desconectada do mundo atual. Às vezes penso que num mundo de tanto individualismo, de tanta competitividade e tamanha utilização da lei do Gerson (Me desculpe Gerson. Sei que não foi sua intenção, mas acabou que o comportamento levou seu nome). Mas eu ia dizendo: Por tudo isso, sinto-me uma ET.
Talvez tenha sido minha educação, o modelo em que vivi ou talvez algo genético, mas o fato é que estranho esse comportamento quase que obrigatoriamente oportunista das pessoas. E sinto que aqui no Brasil isso está se instalando em grande escala em nossas crianças e adolescentes. Será que tem que ser assim?
Vocês não imaginam o que têm sofrido os professores com relação ao total descaso de alguns, (gostaria de poder dizer alguns), mas, em verdade, são muitos. Muitos alunos que "não estão nem ai” para os trabalhos e responsabilidades escolares e que copiam, eu disse, COPIAM INTEGRALMENTE trabalhos, artigos, citações inteiras e os apresentam como seus. Isso em todos os níveis. No Ensino Fundamental, no Ensino Médio e pior ainda, no Curso Superior.
Mas isso não acontece apenas com as disciplinas daqueles professores carrascos que até acabam por produzir um comportamento defensivo nos alunos, que acabam usando todos os artifícios para conseguir “tirar boas notas”.
A Escola, como instituição, tem certa dose de culpa pelo que está acontecendo. Questões político-economicas são fortes constituintes das relações atuais nesse seguimento. O fato é que isso acontece até com as disciplinas daqueles professores amigos dos alunos; aqueles que se esforçam ao máximo em disseminar o conhecimento; que se emocionam quando conseguem ver que a aprendizagem está acontecendo.
Também fui influenciada por mestres que eu ouvia ou lia. Eu gostava, e ainda gosto, de repetir suas idéias, de usá-las e de aplicá-las. Quem nunca teve seus ídolos? Quem nunca teve seus escritores favoritos e os imitou? Seus compositores e poetas com frases de efeito! Mas uma coisa é imitar. Louvável. Uma coisa é copiar uma idéia que você entendeu e em que você acredita. Outra coisa é COPIAR E COLAR sem ter tido o menor interesse em entender aquilo que se copiou. E é o que está acontecendo na Escola.
As ações básicas do conhecimento são: perceber, discriminar, organizar, conceber, conceituar e enunciar. Se um conhecimento não passa por todas essas fases ele não poderá ser passado adiante! Ele não será relacionado a outros conhecimentos e não poderá ser aplicado ou desenvolvido!
Será que um universitário copiando artigos da Internet ou dos livros, ou comprando artigos prontos, trabalhos de conclusão de curso feitos por terceiros, está aprendendo alguma coisa? Está se FORMANDO? Claro que não. Nem se INFORMANDO ele está, quanto mais se formando! Que profissional surgirá de um estudante assim? E mais. Que formação ética está se desenvolvendo nesses estudantes que agem desse modo?
Estamos numa fase econômica muito boa no Brasil. O Brasil não é mais visto pelo resto do mundo como um país subdesenvolvido. Estamos nos tornando um país forte diante dos olhares do mundo desenvolvido. Quem sabe em breve tenhamos uma distribuição de renda mais justa? Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã. Mas, continuamos falhando na Educação. Educar não é somente ensinar a calcular gigantescas operações algébricas ou regras gramaticais complexas. Educar é muito mais que isso; é dar formação ética. É desenvolver o desejo de produzir algo para si e para a sociedade. É desenvolver o desejo de superação, como fazem os medalhistas olímpicos.
Lembrei-me de um artigo do Mário Prata, escrito no final do século passado, que falava sobre profissão e dizia: "Você só vai ser feliz e se sentir realizado profissionalmente se escolher um trabalho que faça com prazer, com tesão. Com tanto prazer e tanto tesão que você não vai querer aposentar-se nunca. Quem gosta de exibir diploma é médico e advogado nas paredes junto com Isto És, Vejas e Manchetes velhas. Tá na Caras! Diploma a gente tem que tirar é de dentro do coração da gente. Sem sangrar, de leve, sem pressa, consciente. O resto é múltipla escolha, coisa do século XX e a gente está entrando no século XXI."
Pois é. Temos que fazer a garotada entender isso. Concluir uma fase escolar "não é tirar nota boa a qualquer custo". É aproveitar a capacidade de saber. É curtir essa possibilidade. Então, de que serve copiar e colar se você nem sabe o que está colando?
Pais e professores. Temos que reverter esse processo. Parece-me que a lei do Gerson se instalou nos estudantes. Eles estão, a maioria deles, tentando concluir os estudos utilizando-se daquela lei. Mas, não sabem que uma das coisas que vai, verdadeiramente, distingui-los na vida profissional é o conhecimento. Salvo em raras exceções é claro, por que existem os "apadrinhados". Estou falando daqueles que têm que conseguir um espaço no mercado, o tão sonhado lugar ao sol, por seus próprios méritos. Esses têm que mostrar serviço, mostrar conhecimento.
O mundo da Internet inventou o copiar e colar fácil, mas esse mundo precisa ser melhor explorado pelos nossos estudantes.
Ainda sobre COPIAR E COLAR
Sábado passado, saiu em um jornal de grande circulação do Rio de Janeiro uma reportagem que falava sobre o tema que abordei no meu texto anterior. Eu falava apenas do comportamento dos estudantes nas escolas, mas infelizmente a reportagem-denúncia, de que falava o jornal, se refere ao mesmo comportamento por futuros Mestres e Doutores.
Copiar e colar textos da Internet, utilizar-se de profissionais contratados para “desenvolver” teses de mestrados e doutorados, parece estar sendo uma coisa muito mais comum do que eu imaginava no nosso país.
O que será das nossas ciências? O que será de nossas pesquisas? Como serão os profissionais de nosso país no futuro? Nossos Médicos, Advogados, Engenheiros, Professores...
JBlog Tania Melo
Talvez tenha sido minha educação, o modelo em que vivi ou talvez algo genético, mas o fato é que estranho esse comportamento quase que obrigatoriamente oportunista das pessoas. E sinto que aqui no Brasil isso está se instalando em grande escala em nossas crianças e adolescentes. Será que tem que ser assim?
Vocês não imaginam o que têm sofrido os professores com relação ao total descaso de alguns, (gostaria de poder dizer alguns), mas, em verdade, são muitos. Muitos alunos que "não estão nem ai” para os trabalhos e responsabilidades escolares e que copiam, eu disse, COPIAM INTEGRALMENTE trabalhos, artigos, citações inteiras e os apresentam como seus. Isso em todos os níveis. No Ensino Fundamental, no Ensino Médio e pior ainda, no Curso Superior.
Mas isso não acontece apenas com as disciplinas daqueles professores carrascos que até acabam por produzir um comportamento defensivo nos alunos, que acabam usando todos os artifícios para conseguir “tirar boas notas”.
A Escola, como instituição, tem certa dose de culpa pelo que está acontecendo. Questões político-economicas são fortes constituintes das relações atuais nesse seguimento. O fato é que isso acontece até com as disciplinas daqueles professores amigos dos alunos; aqueles que se esforçam ao máximo em disseminar o conhecimento; que se emocionam quando conseguem ver que a aprendizagem está acontecendo.
Também fui influenciada por mestres que eu ouvia ou lia. Eu gostava, e ainda gosto, de repetir suas idéias, de usá-las e de aplicá-las. Quem nunca teve seus ídolos? Quem nunca teve seus escritores favoritos e os imitou? Seus compositores e poetas com frases de efeito! Mas uma coisa é imitar. Louvável. Uma coisa é copiar uma idéia que você entendeu e em que você acredita. Outra coisa é COPIAR E COLAR sem ter tido o menor interesse em entender aquilo que se copiou. E é o que está acontecendo na Escola.
As ações básicas do conhecimento são: perceber, discriminar, organizar, conceber, conceituar e enunciar. Se um conhecimento não passa por todas essas fases ele não poderá ser passado adiante! Ele não será relacionado a outros conhecimentos e não poderá ser aplicado ou desenvolvido!
Será que um universitário copiando artigos da Internet ou dos livros, ou comprando artigos prontos, trabalhos de conclusão de curso feitos por terceiros, está aprendendo alguma coisa? Está se FORMANDO? Claro que não. Nem se INFORMANDO ele está, quanto mais se formando! Que profissional surgirá de um estudante assim? E mais. Que formação ética está se desenvolvendo nesses estudantes que agem desse modo?
Estamos numa fase econômica muito boa no Brasil. O Brasil não é mais visto pelo resto do mundo como um país subdesenvolvido. Estamos nos tornando um país forte diante dos olhares do mundo desenvolvido. Quem sabe em breve tenhamos uma distribuição de renda mais justa? Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã. Mas, continuamos falhando na Educação. Educar não é somente ensinar a calcular gigantescas operações algébricas ou regras gramaticais complexas. Educar é muito mais que isso; é dar formação ética. É desenvolver o desejo de produzir algo para si e para a sociedade. É desenvolver o desejo de superação, como fazem os medalhistas olímpicos.
Lembrei-me de um artigo do Mário Prata, escrito no final do século passado, que falava sobre profissão e dizia: "Você só vai ser feliz e se sentir realizado profissionalmente se escolher um trabalho que faça com prazer, com tesão. Com tanto prazer e tanto tesão que você não vai querer aposentar-se nunca. Quem gosta de exibir diploma é médico e advogado nas paredes junto com Isto És, Vejas e Manchetes velhas. Tá na Caras! Diploma a gente tem que tirar é de dentro do coração da gente. Sem sangrar, de leve, sem pressa, consciente. O resto é múltipla escolha, coisa do século XX e a gente está entrando no século XXI."
Pois é. Temos que fazer a garotada entender isso. Concluir uma fase escolar "não é tirar nota boa a qualquer custo". É aproveitar a capacidade de saber. É curtir essa possibilidade. Então, de que serve copiar e colar se você nem sabe o que está colando?
Pais e professores. Temos que reverter esse processo. Parece-me que a lei do Gerson se instalou nos estudantes. Eles estão, a maioria deles, tentando concluir os estudos utilizando-se daquela lei. Mas, não sabem que uma das coisas que vai, verdadeiramente, distingui-los na vida profissional é o conhecimento. Salvo em raras exceções é claro, por que existem os "apadrinhados". Estou falando daqueles que têm que conseguir um espaço no mercado, o tão sonhado lugar ao sol, por seus próprios méritos. Esses têm que mostrar serviço, mostrar conhecimento.
O mundo da Internet inventou o copiar e colar fácil, mas esse mundo precisa ser melhor explorado pelos nossos estudantes.
Ainda sobre COPIAR E COLAR
Sábado passado, saiu em um jornal de grande circulação do Rio de Janeiro uma reportagem que falava sobre o tema que abordei no meu texto anterior. Eu falava apenas do comportamento dos estudantes nas escolas, mas infelizmente a reportagem-denúncia, de que falava o jornal, se refere ao mesmo comportamento por futuros Mestres e Doutores.
Copiar e colar textos da Internet, utilizar-se de profissionais contratados para “desenvolver” teses de mestrados e doutorados, parece estar sendo uma coisa muito mais comum do que eu imaginava no nosso país.
O que será das nossas ciências? O que será de nossas pesquisas? Como serão os profissionais de nosso país no futuro? Nossos Médicos, Advogados, Engenheiros, Professores...
JBlog Tania Melo
Mas, então, Tania, veja só a importância da Internet para os nossos garotos de hoje. A mania deles e orkut, aí vem, quer colocar um desenhinho que brilha na sua página, quer colocar uma mensagenzinha na sua página, ou uma poesia, só, que, para que você coloque esses itens na sua página de orkut, ou blog, ou site, sempre tem que vir com o nome e o link do autor, tem até alguns que exigem um pequeno cadastro para colocar suas imagens nas suas(nossas) páginas. Nada mais correto, límpido e verdadeiro, mesmo que não se tenha um valor comercial, é lícito que se veja a arte e o criador, para que nada fique imcompleto. Opa, vamos para onde eu quero chegar, cabe a nós, como educadores, na função de pais ou corpo docente, chamar a atenção dos nossos pequerruchos para este detalhe, tão subentendido e oculto nas facilidades da rede, mas que, se for usado com habilidade, é mais uma oportunidade para ensinarmos valores aos nossos filhos e aprendizes, e, principalmente, os direitos do próximo, tão esquecidos hoje em dia. O que não quer dizer que a "rede" seja uma coisa totalmente útil, mas vamos monitorar nossos amiguinhos e ensinar-lhes a filtrar o que é bom, e o que não é. Agradeço-lhe, é mais uma coisa para lembrar ao meu filho, a gente hoje vive em dias tão dinâmicos que se esquece a influência que essa "pequena" falha dos nossos possa prejudicar tanto, o que não deixa de ser uma verdade. Tenho um filho de doze anos. Até outra, e continue assim, precisa e inteligente.
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