segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vídeo na internet mostra agressão a outra aluna da Uniban, onde jovem foi hostilizada por usar vestido curto




SÃO PAULO - A estudante Geisy Arruda, de 20 anos, hostilizada por ir com um vestido curto à aula , não foi a primeira a ser vítima de agressão de estudantes da universidade Uniban, em São Bernardo do Campo. Em 2 de abril deste ano, uma aluna tentou ir embora durante uma manifestação dos alunos contra a mudança no sistema de provas.
As cenas da violência foram colocadas na internet. Na tentativa de se livrar dos cones jogados pelos manifestantes, a motorista parou o carro e deu marcha-a-ré. Jovens passaram a chutar o veículo da jovem e teriam chegado a bater nela. A ex-aluna, que não quis ser identificada, conta que teve hematomas e ferimentos perto do olho. Ela explica que não participou da manifestação porque tinha que cuidar da filha, que estava doente, e abandonou o curso depois da agressão.
Ela acha que a hostilidade sofrida por Geisy é muito parecida com a que sofreu.
- Muito parecido. A falta de amizade com a outra pessoa, porque todos estão ali para poder estudar, para poder aprender - diz ela.
Geisy teve de deixar a faculdade escoltada pela PM. Ela foi xingada e humilhada e saiu com um jaleco, oferecido por um professor da universidade.
O vice-reitor da Uniban, Ellis Wayne Brown, descarta a intenção de expulsar alunos envolvidos na hostilidade.
- No momento, eu não estou enxergando esse nível ou essa proporção. O que a comissão de sindicância está apurando até agora é que o incidente foi extremamente localizado - afirmou Brown.
Sobre a agressão sofrida pela estudante de educação física, que tentou sair durante uma manifestação, o vice-reitor argumenta que não foram alunos da universidade.
- Toda vez que se instala um campus. A primeira coisa que aparece é um monte de barzinho em volta. Há uma movimentação muito intensa e a maior parte não é ação dos alunos - disse.
Geysi Arruda diz que está ansiosa para retornar à universidade . A jovem que sofreu as agressões físicas em abril afirma que tem depressão e faz tratamento psicológico. E não pensa em voltar a estudar tão cedo.
- Eu esperava sair uma profissional boa, que pudesse concorrer com outras pessoas no mercado de trabalho. Foi muito frustrante - diz a estudante.
A consultora de moda Glória Kalil diz que Geisy errou ao escolher a roupa com que foi para a faculdade.
- Ela usou roupa de balada na hora errada e acabou massacrada por isso - diz Glória.
Para a consultora, porém, nada justifica a agressão.
- Os jovens se comportaram de forma extremamente machista. Nada justifica esse tipo de atitude - comenta, acrescentando que "pessoas covardes se comportam diferentes quanto estão em bandos".
Uma das precursoras da minissaia no Brasil, a cantora Wanderléia se disse perplexa ao tomar conhecimento do incidente com a estudante Geisy.
- Quando comecei a usar minissaia, há 40 anos, havia preconceito. Mas, hoje em dia, isso é absurdo - diz.
Para a cantora, não é a saia que determina a pessoa.
- É preciso lembrar que não é pelo o tamanho da saia que se mede a educação e os bons modos de alguém - sentencia.


O Globo

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