quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bebê perde a mãe no parto por causa da nova gripe


Entre as mais de 20 pessoas que a gripe suína matou no Brasil estava em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, uma gestante de oito meses, que esperava sua primeira criança.

Os médicos conseguiram salvar o bebê, que não contraiu a gripe e a criança trouxe à família uma nova vontade de viver.
Júlia só era esperada para daqui a um mês, mas o enxoval já estava pronto. A cadeira foi reformada especialmente para que pudesse ser usada durante a amamentação.
A tia, que está arrumando as roupinhas inclusive a que vai ser usada no batizado, é quem agora vai cuidar do bebê. "Eu vou criar ela com todo o amor que ela deu para os meus dois filhos. Porque foi ela que criou os meus dois filhos e nunca deixou faltar nada para eles.
Vou amar como mãe, mas ensinar que a mãe dela é a mana", explica Cleide Cáceres Furquim. Rose Cristina Cáceres Furquim tinha 36 anos. Estava com oito meses de gravidez quando foi internada no dia 13 de julho com febre, dor no corpo, tosse e náusea, sintomas da nova gripe.
Os médicos precisaram fazer uma cesariana às pressas, dois dias depois, porque os pulmões da mãe estavam parando de funcionar.
"A oxigenação estava muito baixa. Inclusive eu acho que em mais de 30 anos que eu trabalho nunca tinha feito uma cirurgia em uma paciente tão grave assim. Naquele momento a gente precisava retirar a criança o mais rápido possível", conta a ginecologista, Jaciara Ritter.
O parto ocorreu bem. A má notícia veio no dia seguinte. Rose não resistiu, morreu no dia 16 de julho, de pneumonia provocada pela gripe A.
"Foi um planejamento de vida dela e minha. Tudo voltado para esse bebê. A gente sabia que ele estava na barriga, mas para nós era como se estivesse em nossos braços. Ela lutou muito por isso", afirma o pai do bebê, Waldir Couto.
A menina Júlia pesa 2,4 quilos e ainda está em observação, na UTI pediátrica da Santa Casa de Uruguaiana. Segundo os médicos, ela não tem a doença e passa bem. A expectativa é que ela possa ir para casa em dez dias. Para a família, o bebê é o melhor motivo para levantar a cabeça e seguir com a vida.
"A Júlia era o sonho da vida dela", conta a Tia. "Não tem explicação o que a gente está sentindo com a perda da Rose, mas é essa menina que nos dá força e cada vez a gente se une mais para isso", conclui o pai.


Jornal da Globo

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