quinta-feira, 23 de julho de 2009

Médicos particulares não podem prescrever remédio contra nova gripe



Laboratório que produz o medicamento está autorizado a fornecer somente para o Governo Federal

Antes que os laboratórios consigam elaborar uma vacina contra a gripe Influenza A (H1N1), o único medicamento disponível para tratamento é o Oseltamivir, um antiviral produzido pelo laboratório F. Hoffmann-La Roche, Ltd, sob o nome comercial de Tamiflu. Mesmo sendo um remédio com eficácia comprovada, sua prescrição médica só pode ser feita no Paraná, a exemplo de outros Estados da Federação, com autorização do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), órgão ligado ao Ministério da Saúde.
Somente prescrição feita por médicos particulares não resolve o problema do doente, pois todos as reservas do Tamiflu foram compradas pelo Governo Federal. O laboratório Roche já informou que todas as suas reservas do medicamento foram adquiridas pelo governo e que no momento toda sua produção do medicamento terá o mesmo destino.
Para o infectologista do Hospital Santa Cruz, dr. Nelson Szpeiter, esse procedimento adotado pelos órgãos públicos pode gerar um problema ético na profissão. “Médicos são capacitados para prescrever um medicamento, não precisa passar por uma outra análise. A estratégia de mandar para casa o caso suspeito sem nenhuma prescrição e pedir que volte caso piore não dá mais certo. Muitas vezes mandamos para casa a pessoa quando o caso não é grave e ela retorna com o quadro pior”. Segundo Szpeiter, essa medida pode causar dúvida no paciente quanto à capacidade e qualificações dos profissionais.
A Secretaria de Saúde informou que apenas segue o procedimento do ‘Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológico da Influenza’ , elaborado pelo Ministério da Saúde. Neste documento, o uso do Tamiflu é indicado para pessoas que estejam há mais de 48 horas com sintomas da nova gripe. Mas na prática, o remédio não vem sendo prescrito aos pacientes, segundo a Secretaria de Saúde, por dois motivos. O primeiro seria o nível de agressão que o medicamento provoca no fígado e o segundo, por ser o Tamiflu o único remédio conhecido que combate o H1N1, as autoridades temem que o vírus se torne resistente.
Quanto a isso, o dr. Szpeiter compara o caso com o dos antigripais comuns, os antibióticos, que são vendidos livremente nas farmácias sem qualquer prescrição médica. Além disso, tem o uso profilático, ou seja o uso do medicamento em pessoas que certamente estarão em contato com o vírus antes que os sintomas apareçam, como é o caso dos profissionais de saúde. No Protocolo de Manejo consta a uso profilático do Tamiflu apenas para profissionais de saúde, em doses diárias pequenas durante 10 dias.

Tamiflu versão vendida no Japão

Leia na integra a nota do Laboratório ‘F. Hoffmann-La Roche, Ltd’

A Roche reitera seu compromisso com o Ministério da Saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e vários governos em todo mundo, para disponibilizar às autoridades o medicamento indicado para o tratamento da gripe A (H1N1). Sobre a distribuição do Tamiflu (fosfato de Oseltamivir), a Roche informa que está alinhada com o Ministério da Saúde para dar prioridade aos seus pedidos. Esta conduta obedece a uma orientação do plano de contingência da própria OMS, que prioriza o abastecimento dos governos em situações de emergência.
A Roche, comprometida em atender todos os pedidos do Ministério da Saúde, vem direcionando toda sua produção a ele. Os estoques só voltarão a ser repostos nos estabelecimentos comerciais após suprimento desta necessidade principal. A empresa informa que não houve, em nenhum momento, recolhimento do Tamiflu nas farmácias e que apenas não repôs os estoques da rede privada pelas razões acima expostas.
Sobre a capacidade de produção do Tamiflu, a Roche reforça que ampliou a produção do medicamento para suprir com estoques adicionais os países que necessitem, trabalhando em conjunto com a OMS e com vários governos no mundo todo. A produção de Tamiflu foi aumentada para alcançar um resultado máximo de 36 milhões de kits por mês, equivalente a 400 milhões de kits de tratamento (4 bilhões de cápsulas) por ano. A Roche enfatiza que o Tamiflu é um medicamento de venda controlada e seu uso deve ser recomendado e acompanhado por um médico.


Jornale

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