quinta-feira, 23 de julho de 2009

MG: Adolescentes que usam drogas terão novos abrigos



O foco do governo, no momento, é o adolescente com idade entre 12 e 17 anos, pois representa 13,7% da procura e muitos deles não encontram um lugar apropriado para serem acolhidos
A carência de unidades de tratamento para meninas e meninos com dependência química em Minas Gerais será alvo de atenção da Subsecretaria de Políticas Antidrogas estadual. Nos próximos 15 dias, o governo deve lançar edital para a abertura de convênios com mais dez entidades no estado, com acréscimo de 150 vagas. Hoje, existem 29 centros parceiros que tratam de usuários de drogas, mas apenas dois cuidam de pessoas com menos de 18 anos e o restante é voltado para adultos. Há no estado cerca de 200 instituições particulares, mas sem vínculo com o poder público. Com o escasso espaço para aqueles que não têm como custear um tratamento, o subsecretário, Cloves Benevides, avalia também a proposta de criar uma unidade para o público infantil. “O volume de meninos e meninas com até 11 anos que procuram o SOS Drogas é ainda proporcionalmente pequeno, mas isso não significa que o problema é menor. Já percebemos que, a cada ano, o contato com as drogas é mais precoce e isso nos preocupa muito. Estamos fazendo uma análise para atender melhor às crianças. Pediatras especializados em álcool e drogas são alguns profissionais necessários para esse trabalho”, afirma Benevides. O secretário observa que, no momento, os adolescentes entre 12 e 17 anos são o foco do governo, pois representam 13,7% da procura e muitos deles não encontram um lugar apropriado para acolhê-los. “Antes, era mais comum começar o uso de entorpecente com cigarro e álcool. Mas, de alguns anos para cá, jovens estão experimentando drogas ainda mais nocivas, como o crack”, afirma o secretário. Com as novas instituições parceiras, haverá o incremento de 150 vagas com caráter público em Minas. “Essa quantidade de vagas é equivalente à procura no primeiro semestre deste ano. A demanda do serviço é muito elevada entre os adolescentes e temos que reforçar o acolhimento dessas pessoas”, explica o secretário. Mas o problema ainda está longe de acabar, já que a maior parte das casas com atendimento público acolhem apenas meninos. As meninas que usam entorpecentes ficam sem tratamento. Benevides destaca, ainda, que, se o uso de drogas de forma geral já é nocivo, para crianças é devastador. “São substâncias que afetam o cérebro, ainda em formação, e comprometem o raciocínio. Além disso, os usuários contumazes não se alimentam bem e acabam com a parte física arrasada. Se para um adulto se livrar do vício é um trabalho penoso, para a criança é um processo doloroso que ela não consegue sequer compreender direito”, conclui.

[Estado de Minas (MG) – 19/07/2009]

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