quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meninas aprendem valores morais e sócio-afetivos na Casa Lar Talita


Maringá – Quem vê a felicidade estampada no rosto de Graciele de Souza Lima não imagina que ela é “filha” da Casa Lar Talita.

O desentendimento familiar depois que a mãe faleceu deu a oportunidade da jovem ingressar na instituição. Antes de casar, ela morou na entidade por oito anos até encontrar seu príncipe encantado com quem tem dois filhos. Hoje, com 19 anos, ela se diz completa. Muito das lições de vida que aprendeu – incluindo o resgate de valores familiares -, se deve à dedicação do voluntariado que mantém a entidade beneficente.
Além de cursos de capacitação profissional, oficinas e palestras, as meninas aprendem valores afetivos e morais. “Aqui aprendi o que é ter uma mãe, o que é ser uma mãe”, conta. Graciele não teve o convívio com o pai. Já sua irmã não teve a mesma sorte. Isso porque a menor sofreu abuso sexual.
A Casa Lar Talita foi fundada em 1998. É mantida pela Instituição Adventista Sul Brasileira de Educação e Assistência Social. A operacionalização é da Organização Não Governamental (ONG), a Associação Maringaense de Amigos da Infância (AMAI).
A entidade abriga meninas de 12 a 18 anos encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude, Promotoria ou pelo Conselho Tutelar. Os motivos que constatam a vulnerabilidade social variam. Há casos onde a menina é vítima de uma situação e outros, onde a menor tem desvios de comportamento. O objetivo é de reinserção à escola, a convívios sociais, desde que não haja risco social.
A reportagem visitou a instituição no final da tarde de sexta-feira. A agitação delas era notória. Segundo a mãe social, Nelci Aparecida Santos Souza, era por conta da proximidade das seis horas, pôr-do-sol – o sábado é dia de guarda para os adventistas. Reunidas por uma boa causa: a limpeza geral, elas se mostraram arredias para um bate-papo com a reportagem. Foto, nem pensar!
Depois, cederam à conversa sem timidez. O tom foi de quem aprecia a oportunidade de quem a vida lhes privou. “Mesmo quando não estão recuperadas, elas criam vínculos com a gente para o resto da vida”, comenta uma das voluntárias, a vereadora Marly Martim Silva. O tempo médio de permanência varia de dois meses a cinco anos.
Na Casa, elas têm noções de higiene, de alimentação, participam das atividades domésticas, orientações de disciplina, de serem tolhidas em prol do limite, bem como o apego afetivo e protetor. Há poucas unidades que trabalham com adolescentes problemáticos.
Violência física, emocional, sexual, negligência, abandono, exploração. Situações cada vez mais frequentes em que menores estão nas ruas ou são retiradas provisória ou definitivamente das famílias. A demanda é grande. Por conta disso, o giro também. Há o atendimento multidisciplinar, sobretudo apoio psicológico.

Manutenção
A capacidade da entidade social é de 12 meninas por vez num espaço de 120 metros quadrados – antes da reforma. Nos próximos meses, a reforma vai ampliar a infraestrutura do local para 240 metros quadrados. O terreno é de 1,8 mil metros quadrados. A Casa Lar custa R$ 100 mil por ano o que significa aproximadamente R$ 10 mil por mês. A prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), contribui com aproximadamente R$ 3 mil/mensais.
O Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) repassa alimento arrecadado em eventos sociais. Os recursos do FIA (Fundação para a Infância e Adolescência) municipal e estadual também rendem um extra; R$ 20 mil por ano contabilizando apenas o fundo municipal.
Outras rendas vêm de promoções que a entidade faz: a Festa das Nações, por exemplo, tem lucro de R$ 8 mil.
Um projeto de resolução 015/2009 do Conselho Municipal de Assistência Social (Comas) regulamentou o exercício de telemarketing para vender suco de uva a R$ 7 ao invés de ligar pedindo doação.
Para ajudar, qualquer doação é bem vinda: móveis, roupas, calçados, alimentos, objetos de deocaração. O voluntariado também é uma maneira de fazer o bem social por meio de cursos, palestras, informações culturais, entre outros.

Há uma escala de voluntários.
Na Casa, são em torno de 20 voluntários fixos; já para ocasiões eventuais, aproximadamente cem pessoas. A instituição conta com cinco funcionários, três mães sociais, um auxiliar de serviços gerais.
“Aqui encontrei carinho”
Arredias ao primeiro contato. Pouco a pouco, abertas ao diálogo, ainda que tímidas diante das dificuldades impretadas pela vida em risco social. A oportunidade na vida profissional e pessoal é o que as meninas mais sonham. O índice de recuperação é de 50%. Há casos em que a felicidade despista, de longe, o passado cheio de percalços. Maus tratos, drogas, abuso sexual, abandono.
Histórias tristes, mas que podem ter um final feliz. Quem sabe?A menor J.C., 15 anos, está há seis meses na Casa. A mãe morreu. A menina morava com a avó. Ela diz que não conheceu o pai. “Toda vez que minha avó me tratava mal eu fugia de casa”, lembra. Ela morou uns tempos com o namorado, com quem aprendeu a beber e a fumar. Por indicação do Conselho Tutelar, foi na Casa Lar Talita que ela encontrou refúgio seguro até a maioridade, até se firmar na vida. “Aqui encontrei carinho”, desabafa.
Aos 14 anos, a menina H.L.L., tem experiência de sobra na vida. Filha de mãe viciada em drogas, ela foi “despejada” para casas abrigos desde pequena para que a mãe cuidasse de sustentar o vício. Há cinco meses na instituição, ela reconhece a segurança e o ambiente afetivo que tem por lá, mas fica difícil apagar a amargura. Diante de um sorriso apagado, ela veio para a entidade indicada pelo Conselho Tutelar de Sarandi.

“As coisas tristes ficam”, afirma.

ServiçoA Casa Lar Talita(44) 3034-5696/ 3041-2123Rua Virgínia, 75 – Jardim Virgínia, próximo à Vila Morangueira




HNews

Saiba mais:

http://www.maringa.pr.gov.br/responsabilidade/projetos.php?id_projeto=023

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