quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Cama na Varanda: Amor sem amarras


Rio - O seu amor/ame-o e deixe livre para amar/O seu amor/ame-o e deixe-o ir aonde quiser/O seu amor/ame-o e deixe-o brincar/ame-o e deixe-o correr/ame-o e deixe-o cansar/ame-o e deixe-o dormir em paz/O seu amor/ame-o e deixe-o ser o que ele é.”

Esta é a letra da música ‘O seu amor’, de Gilberto Gil, que ressalta a ideia de que o verdadeiro amor é o que garante a quem amamos a liberdade de amar, além de nós e de nosso amor, ou seja, sem controle, possessividade ou ciúme. Embora para muitos pareça utopia, está cada vez mais distante o tempo em que se acreditava que amar exigia sacrifícios. Até algumas décadas atrás, todos valorizavam quem abria mão dos próprios anseios em prol do outro.
“Ceder” era a palavra de ordem para um bom relacionamento. E quem não se dispusesse a isso corria o risco de ser rotulado de imaturo ou de egoísta.
Agora, ainda bem, as coisas estão mudando. Afinal, a vida a dois numa relação estável — namoro ou casamento — se tornou difícil de suportar diante dos apelos da sociedade atual. Principalmente porque sempre se aceitou como natural que um casal vivesse numa relação fechada, onde faziam parte justamente o controle, a possessividade e o ciúme. Mas, no momento em que os modelos de amor, casamento e sexo se tornaram insatisfatórios, abriu-se espaço para novas experimentações no campo afetivo-sexual.
Quem fica bem sozinho, sem medo, consegue se livrar da ideia de que vai encontrar na relação amorosa a satisfação de todas as suas necessidades e, portanto, não quer mais abrir mão da própria individualidade. Há quem encontre ótimas soluções para a vida a dois. Todas, claro, baseadas na liberdade. O psicoterapeuta paulista José Ângelo Gaiarsa, por exemplo, afirma que para isso é preciso respeitar bastante a vontade íntima ou aprender a ouvir bem o coração, para saber se de fato eu desejo estar com a pessoa ou se é hábito; se quero vê-la naquele momento; se quero estar em outro lugar, com outras pessoas, ou se prefiro ficar comigo. Quantas brigas, agressões sutis e até caras amarradas poderiam ser evitadas! Não tenho dúvida de que as relações amorosas no futuro serão mais livres e, por isso mesmo, mais satisfatórias.
Não alimentando fantasias românticas de fusão com o parceiro, cada um tem a oportunidade de se sentir inteiro, sem necessitar de outro para completá-lo. Aí então será possível descobrir as incontáveis possibilidades do amor e como ele pode se apresentar para cada pessoa em cada momento de diferentes maneiras.
Amar e ser amado vai significar muito mais.

REGINA NAVARRO LINS, RIO DE JANEIRO


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