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terça-feira, 15 de setembro de 2009
Alcoolrexia aumenta entre adolescentes
A busca incessante pela magreza acaba de ganhar um perigoso aliado: o álcool. São cada vez mais comuns os casos de adolescentes que substituem as refeições por bebida alcoólica, na tentativa de emagrecer. A prática, conhecida como alcoolrexia ou drunkorexia (derivada da palavra drunk, que significa bêbado), vem ganhando adeptos entre jovens e enchendo os consultórios dos psiquiatras. As doses são sempre de destilados - cerveja, que incha, está fora de cogitação. Embora ainda sem reconhecimento oficial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença, que é um misto de alcoolismo com anorexia, assusta. Para a presidente da Associação Brasileira de Transtornos Alimentares, Maria Clara Mansur, são dois males que, sozinhos, já são complicados de tratar. Para ela, o que leva o jovem à alcoolrexia é um misto de complacência social com o álcool e glamourização da magreza. "Tomar porre e ser magrinho é um imperativo cultural mundial, e é chique acabar em um centro de reabilitação", diz. Para muitos, a drunkorexia é apenas mais uma manifestação da compulsividade humana aliada a transtornos alimentares como a anorexia, quando a pessoa sempre acha que está acima do peso, ou a bulimia, quando a vítima vomita o que come para não engordar. A coordenadora do Programa de Assistência à Mulher Dependente Química do Hospital das Clínicas de São Paulo, Silvia Brasiliano, diz que a alcoolrexia, como doença, não existe. "Existe é gente que faz a vida girar em torno do próprio peso e alia esse transtorno ao abuso do álcool", explica. Ela lembra do caso de uma paciente que criou uma complicada dieta. "Para cada três dias de comida, ela passava dois só bebendo", conta. Um jovem diz, "quando bebo, em vez de comer, eu anestesio a fome”. Fisicamente, substituir uma refeição por uma dose de uísque tem consequências devastadoras. Os problemas vão do comprometimento do sistema imunológico ao digestivo, afirmam os especialistas. "Comecei a perceber que meus cabelos estavam caindo e minhas unhas quebrando", conta uma pessoa que sofreu com a alcoolrexia. "Desenvolvi um problema hepático que me acompanha até hoje", diz. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, o médico Durval Ribas Filho, por ingerir, em média, menos de mil calorias por dia, o drunkoréxico perde tônus muscular e sofre com graves distúrbios estomacais. Para a nutricionista do Hospital das Clínicas de São Paulo Adriana Kachani, isso é um verdadeiro desastre. “O corpo, acostumado a funcionar com proporções semelhantes de carboidratos, proteínas e gorduras, passa a operar apenas com os carboidratos do álcool”, observa. O psiquiatra do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade de São Paulo, Marcelo Niel, diz que o fenômeno ainda é novo, mas o número de casos está aumentando.
[Revista Istoé, João Loes – 13/09/2009]
Fonte: ANDI
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