terça-feira, 15 de setembro de 2009

Patagônia chilena é um mundo além do fim


As estradas intermináveis, os ventos fortes e gélidos e as longas horas dentro de barcos exigem muita disposição. Afinal, para chegar aos recantos mais escondidos da Patagônia chilena é preciso ultrapassar o fim do mundo.

E ir bem além da argentina Ushuaia, autoproclamada cidade mais austral do planeta. Em troca, são esses caminhos rigorosos que colocam no horizonte cenários remotos como o Canal de Beagle, que entrou para a história ao ser desbravado por Charles Darwin, e a Ilha Carlos III, totalmente isolada, ponto de parada de baleias jubartes.
A melhor época para ver tudo isso começa agora. De setembro a março, a temporada de verão derrete parte do gelo, facilitando os acessos. Os dias são longos e o sol forte destaca cores e favorece a formação de dégradés no horizonte. Vários hotéis, fechados durante o inverno, voltam a funcionar - e ficam mais lotados a partir de novembro.
Aventureiros, evidentemente, sentem-se à vontade entre as várias opções de navegação, trekking, escalada, cavalgada, e outros passeios radicais. A região está repleta de atrações assim. Mas também é possível fazer uma viagem cheia de conforto e mordomia, com muito sossego e esforço mínimo. Só não há meio de escapar do vento constante, não importa se o dia está ensolarado, chuvoso ou as duas coisas - o que forma inesquecíveis arco-íris.
Por causa das distâncias e da variedade de atrações, a visita à região requer tempo. Foram necessários 13 dias para ver lugares como Punta Arenas, o Parque Nacional Torres del Paine e o povoado de Puerto Williams. Em comum, paisagens fantásticas e a sensação de total isolamento do resto do mundo.


Adiante - A chilena Puerto Williams, na Isla Navarino, fica depois da argentina Ushuaia. Aviões pequenos, com capacidade para 20 pessoas, partem de Punta Arenas, sobrevoam o Estreito de Magalhães e a Terra do Fogo e, uma hora e pouco depois, pousam no povoado chileno.
Se o clima permitir, é possível fazer um voo rasante sobre o Cabo de Hornos. No caso de o vento forte impedir esse passeio, ainda há com que se distrair na colorida cidadezinha. O lodge Lakutaia é uma boa opção de hospedagem e organiza passeios pela ilha. Gastronomia caprichada, uma taça de vinho nas mãos e a lareira completam o clima para que o visitante se entregue ao silêncio e ao prazer de contemplar um deslumbrante pôr do sol.

Por Mônica Aquino - Punta Arenas (Chile), (AE)


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