sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O exemplo da França


Educadores brasileiros ficaram estarrecidos ao ouvir ontem da representante do Ministério da Educação da França, Frederique Lefevre, que lá 100% das crianças entre 3 e 5 anos estão na escola.

No Brasil, a chamada educação infantil (que vai de 0 a 5 anos) não atinge nem 20% da população. Não há vagas para todos. O índice vai melhorando conforme sobe a idade das crianças (entre as de 5 anos há mais delas na escola do que entre as que tem 2 anos, por exemplo), mas em nenhum nível passa de 70%. E a maioria que tem acesso está nas classes mais ricas, em escolas particulares.
São atualmente 2,5 milhões de franceses numa educação infantil pública e gratuita. A valorização da educação para crianças pequenas começou ainda no fim do século 19, quando o governo se deu conta de que as mulheres também comporiam o mercado de trabalho. Hoje, como em todo o mundo, os franceses já reconhecem também o valor da estimulação, sociabilização e brincadeiras propostas por educadores desse nível de ensino.
Frederique falou a uma plateia de brasileiros e franceses em Brasília, no colóquio Cultura e Primeira Infância, realizado pela Embaixada da França no Brasil. Um brasileiro questionou qual foi a estratégia da França para conseguir tamanha adesão para a educação infantil. “Estratégia? Não há estratégia. Eu comecei minha carreira nos anos 70, em escolas rurais, e nessa época, todas as crianças dessa idade já estavam na escola”, disse, até meio sem jeito de deixar seu interlocutor sem uma resposta precisa. Simplesmente é assim, ela quis dizer. É uma questão de cultura. Governo sabe que é importante, pais sabem que é importante e ninguém fica fora da escola.

Renata Cafardo
Educação Infantil


Estadão

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