sábado, 19 de setembro de 2009

Nutrição adequada beneficia tratamento do câncer


Quando ouvimos falar em câncer, a primeira coisa que nos vem à cabeça é que se trata de uma doença grave, que pode levar a morte. Isso faz com que as pessoas tenham medo de falar a respeito do assunto e até mesmo fiquem receiosas de fazer os exames preventivos adequadamente. É importante considerar que no mundo são diagnosticados cerca de dez milhões de novos casos a cada ano e a Organização Mundial de Saúde estima que em 2020, esse número subirá para 15 milhões.
O que percebemos é que poucas pessoas têm conhecimento sobre a importância da nutrição adequada para o tratamento de pacientes com câncer. Dúvidas surgem, inclusive, sobre a importância do tipo de profissional que deve ser procurado. Isso porque existem nomenclaturas parecidas, gerando dúvidas e mesmo confusões entre os significados das palavras nutricionista e nutrólogo.
O médico nutrólogo é quem tem condições de avaliar um exame físico e laboratorial e, se necessário, prescrever medicações. Durante o tratamento pode-se ter diarreia, prisão de ventre, vômito, alteração de glicose. Nesse caso a avaliação do nutrólogo é mais indicada.
Já o nutricionista é aquele profissional que se foca na avaliação dos alimentos como a montagem de um cardápio mais adequado, a prescrição de um suplemento alimentar, etc. É importante destacar que o que determina o profissional a ser consultado é a necessidade do paciente. O ideal é que se faça uma avaliação com uma equipe multidisciplinar, com o acompanhamento do médico nutrólogo e do nutricionista.
Nesse sentido, antes de qualquer coisa, a avaliação deve ser individualizada. De um modo geral, além da higiene, deve-se ter cuidados com hidratação adequada, com os horários de alimentação (não ficar mais de três horas sem se alimentar) e com o tipo de alimento que está sendo ingerido (é preciso ter dieta equilibrada, com a ingestão de frutas, legumes, ovos, cereais etc.).
A incidência de desnutrição entre os pacientes com câncer é elevada, principalmente quando acomete a região da cabeça, pescoço e todo o trato gastrintestinal. Nesses casos, essa incidência pode chegar a 80% em função das dificuldades de alimentação, problemas de motilidade, obstrutivos ou de absorção.
Independentemente do local, sabe-se que o paciente produz algumas substâncias que provocam a degradação da massa muscular, da gordura corporal e do glicogênio hepático, levando assim à desnutrição. Mas, pacientes que sofrem intervenção, com algum tipo de acompanhamento nutricional, conseguem enfrentar melhor as alterações provocadas pelo tumor.
O que se pode afirmar é que quando o paciente tem orientação nutricional ele tem menos infecções, fica menos tempo internado, tem melhor qualidade de vida, mais disposição, menos sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e constipações intestinais, entre outros.
Não há uma recomendação geral da dieta que se deve adotar ao longo do tratamento, até pelas especificidades de cada pessoa e tipo da doença. A recomendação é procurar um especialista para acompanhar o paciente.

*Fernanda Schettino Cerqueira é médica nutróloga da Oncomed

Fonte: EAgora Notícias

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