Muitos pedófilos sofrem com a própria propensão e controlam-se para não cometer agressões sexuais nem consumir pornografia infantil. “Podemos ajudar os que querem ser ajudados”, prometem especialistas em medicina sexual.
Tela branca. Um pequeno ícone de preto passeia pelo centro do monitor. Um clique revela a parte superior de uma foto: o rosto de um homem, ao lado, a cabeça e pescoço de um menino, uma mão masculina em sua nuca. “Você tem o desejo de clicar para ver pornografia infantil na internet?”, pergunta uma voz em off. “Esse desejo não é abuso. Mas seu clique é.”
Com esse anúncio provocador de TV, o Instituto de Sexologia e Medicina Sexual do Hospital Charité de Berlim vem procurando – desde o fim de junho de 2009 –conquistar homens pedófilos para seu programa terapêutico. O diretor do instituto, Klaus Michael Beier, considera bastante transparente o anúncio e parte do pressuposto de que os afetados compreendem muito bem a mensagem.
Afinal, uma das metas do do “Projeto para tratamento preventivo de consumidores de pornografia infantil” é não isentar ninguém da culpa de forma precipitada, mas tampouco condenar alguém cedo demais.
O sofrimento dos potenciais agressores
Fato é que existem homens pedófilos para os quais é muito forte o impulso de contemplar material de pornografia infantil, observa Beier. “Da mesma forma como um homem sexualmente atraído por mulheres se interessa por fotos de mulheres nuas, os corpos infantis, em interação com outras crianças ou com adultos, têm o mesmo efeito para aqueles com propensão à pedofilia.”
Contudo, também é fato que muitos pedófilos sofrem com a própria predisposição, e tentam controlar seu comportamento de modo a não cometerem abuso sexual, nem consumirem pornografia infantil. “Podemos ajudar àqueles que desejam ser ajudados”, promete Beier.
Ele e seus colaboradores trabalham com homens pedófilos no Instituto de Medicina Sexual desde 2005, pesquisando causas e formas de manifestação da pedofilia. Segundo os sexólogos de Berlim, entre os que cometem agressões sexuais diretas contra crianças – as estatísticas policiais registram 20 mil casos por ano na Alemanha – os pedófilos compõem apenas uma minoria.
Em contrapartida, na área da pornografia infantil, a maioria dos usuários apresenta inclinações pedófilas. Um dos indicadores dessa propensão é, justamente, alguém colecionar, armazenar e trocar esse tipo de imagens em grande escala.
Complexa motivação
Os fatores que levam ao desenvolvimento da pedofilia são praticamente desconhecidos – tão desconhecidos, aliás, quanto os motivos da heterossexualidade ou da homossexualidade, observa Beier.
Atualmente, a maior parte dos sexólogos parte do princípio de que as estruturas de preferência sexual de todas as pessoas – como o gênero e idade do objeto de desejo – se manifestam na puberdade.
Outro consenso entre os cientistas é que tanto precondições psíquicas e biológicas individuais quanto determinadas circunstâncias sociais na juventude determinam as inclinações sexuais. O que também desempenha um papel decisivo são os hormônios, neurotransmissores como a serotonina e a dopamina (encarregados de desencadear emoções e excitação) e seus respectivos receptores.
Uns e outros
Klaus Michael Beier reforça que não se podem acusar os pedófilos por seus impulsos. Mas é claro que eles têm que arcar com a responsabilidade por seu comportamento. Durante toda a vida, são obrigados controlar seus impulsos sexuais voltados para o corpo infantil, de forma que a não se tornarem agressores nem usuários de pornografia infantil.
Este é ponto onde pesquisa e terapia se encontram. A terapeuta Janina Neutze explica a abordagem do instituto de medicina sexual: “Quanto alguém tem impulsos sexuais dirigidos a menores de idade, a questão que nos interessa é: como é que homens igualmente sujeitos a essa tendência conseguem mantê-la no nível da fantasia, e o que os distinguem daqueles que a transferem para o nível do comportamento?”
Pelos olhos da criança
http://anjoseguerreiros.blogspot.com/2009/07/o-que-e-pedofilia.html
Tela branca. Um pequeno ícone de preto passeia pelo centro do monitor. Um clique revela a parte superior de uma foto: o rosto de um homem, ao lado, a cabeça e pescoço de um menino, uma mão masculina em sua nuca. “Você tem o desejo de clicar para ver pornografia infantil na internet?”, pergunta uma voz em off. “Esse desejo não é abuso. Mas seu clique é.”
Com esse anúncio provocador de TV, o Instituto de Sexologia e Medicina Sexual do Hospital Charité de Berlim vem procurando – desde o fim de junho de 2009 –conquistar homens pedófilos para seu programa terapêutico. O diretor do instituto, Klaus Michael Beier, considera bastante transparente o anúncio e parte do pressuposto de que os afetados compreendem muito bem a mensagem.
Afinal, uma das metas do do “Projeto para tratamento preventivo de consumidores de pornografia infantil” é não isentar ninguém da culpa de forma precipitada, mas tampouco condenar alguém cedo demais.
O sofrimento dos potenciais agressores
Fato é que existem homens pedófilos para os quais é muito forte o impulso de contemplar material de pornografia infantil, observa Beier. “Da mesma forma como um homem sexualmente atraído por mulheres se interessa por fotos de mulheres nuas, os corpos infantis, em interação com outras crianças ou com adultos, têm o mesmo efeito para aqueles com propensão à pedofilia.”
Contudo, também é fato que muitos pedófilos sofrem com a própria predisposição, e tentam controlar seu comportamento de modo a não cometerem abuso sexual, nem consumirem pornografia infantil. “Podemos ajudar àqueles que desejam ser ajudados”, promete Beier.
Ele e seus colaboradores trabalham com homens pedófilos no Instituto de Medicina Sexual desde 2005, pesquisando causas e formas de manifestação da pedofilia. Segundo os sexólogos de Berlim, entre os que cometem agressões sexuais diretas contra crianças – as estatísticas policiais registram 20 mil casos por ano na Alemanha – os pedófilos compõem apenas uma minoria.
Em contrapartida, na área da pornografia infantil, a maioria dos usuários apresenta inclinações pedófilas. Um dos indicadores dessa propensão é, justamente, alguém colecionar, armazenar e trocar esse tipo de imagens em grande escala.
Complexa motivação
Os fatores que levam ao desenvolvimento da pedofilia são praticamente desconhecidos – tão desconhecidos, aliás, quanto os motivos da heterossexualidade ou da homossexualidade, observa Beier.
Atualmente, a maior parte dos sexólogos parte do princípio de que as estruturas de preferência sexual de todas as pessoas – como o gênero e idade do objeto de desejo – se manifestam na puberdade.
Outro consenso entre os cientistas é que tanto precondições psíquicas e biológicas individuais quanto determinadas circunstâncias sociais na juventude determinam as inclinações sexuais. O que também desempenha um papel decisivo são os hormônios, neurotransmissores como a serotonina e a dopamina (encarregados de desencadear emoções e excitação) e seus respectivos receptores.
Uns e outros
Klaus Michael Beier reforça que não se podem acusar os pedófilos por seus impulsos. Mas é claro que eles têm que arcar com a responsabilidade por seu comportamento. Durante toda a vida, são obrigados controlar seus impulsos sexuais voltados para o corpo infantil, de forma que a não se tornarem agressores nem usuários de pornografia infantil.
Este é ponto onde pesquisa e terapia se encontram. A terapeuta Janina Neutze explica a abordagem do instituto de medicina sexual: “Quanto alguém tem impulsos sexuais dirigidos a menores de idade, a questão que nos interessa é: como é que homens igualmente sujeitos a essa tendência conseguem mantê-la no nível da fantasia, e o que os distinguem daqueles que a transferem para o nível do comportamento?”
Pelos olhos da criança
Os médicos da Charité empregam medicamentos para redução do apetite sexual, mas também oferecem terapias comportamentais. Nelas se treina sobretudo a capacidade de ver as próprias ações do ponto de vista de uma criança. Pois boa parte dos homens tratados por Janina Neutze vê a realidade de forma deturpada.
“Tomemos como exemplo a pornografia infantil. Movidos pela excitação sexual, muitas vezes eles interpretam a expressão de medo de uma criança como curiosidade”, comportamento infantil descontraído é distorcido em convite sexual. É uma espécie de visão cor-de-rosa da realidade, que Neutze e seus colegas procuram corrigir terapeuticamente.
Evitando agressões sexuais concretas
O projeto da Charité oferece um total de 24 vagas para terapia. Apenas duas semanas após seu início, 15 voluntários já se haviam recorrido à hotline telefônica. A oferta só é aberta a homens que não tiveram dificuldades com a Justiça devido a suas tendências.
Os pacientes provêm de toda a Alemanha, de diversas classes e meios sociais. “Quanto maior a empatia que desenvolverem com suas potenciais vítimas de abuso, mais eles poderão controlar seu comportamento sexual”, explica Janina Neutze.
Estudos anteriores do instituto confirmam ser possível influenciar terapeuticamente a empatia com a vítima e a inversão de perspectiva, de modo a reduzir o risco de uma investida. “Sabemos que já conseguimos assim evitar agressões sexuais concretas”, assegura a terapeuta do Instituto de Medicina Sexual.
Autor: Lydia Heller / Augusto Valente
Revisão: Simone Lopes
DW
Veja mais:
http://brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2009/08/08/monstro-ou-doente/
“Tomemos como exemplo a pornografia infantil. Movidos pela excitação sexual, muitas vezes eles interpretam a expressão de medo de uma criança como curiosidade”, comportamento infantil descontraído é distorcido em convite sexual. É uma espécie de visão cor-de-rosa da realidade, que Neutze e seus colegas procuram corrigir terapeuticamente.
Evitando agressões sexuais concretas
O projeto da Charité oferece um total de 24 vagas para terapia. Apenas duas semanas após seu início, 15 voluntários já se haviam recorrido à hotline telefônica. A oferta só é aberta a homens que não tiveram dificuldades com a Justiça devido a suas tendências.
Os pacientes provêm de toda a Alemanha, de diversas classes e meios sociais. “Quanto maior a empatia que desenvolverem com suas potenciais vítimas de abuso, mais eles poderão controlar seu comportamento sexual”, explica Janina Neutze.
Estudos anteriores do instituto confirmam ser possível influenciar terapeuticamente a empatia com a vítima e a inversão de perspectiva, de modo a reduzir o risco de uma investida. “Sabemos que já conseguimos assim evitar agressões sexuais concretas”, assegura a terapeuta do Instituto de Medicina Sexual.
Autor: Lydia Heller / Augusto Valente
Revisão: Simone Lopes
DW
Veja mais:
http://brasilcontraapedofilia.wordpress.com/2009/08/08/monstro-ou-doente/
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