terça-feira, 15 de setembro de 2009

Crack é o principal inimigo da sociedade moderna


A sociedade está doente. Para a epidemia do crack, não há remédio. O potencial de destruição da droga é eficiente, se comparado ao ínfimo poder de recuperação

A sociedade está doente. Para a epidemia do crack, não há remédio. O potencial de destruição da droga é eficiente, se comparado ao ínfimo poder de recuperação. Quem pega carona nessa doença coletiva é a criminalidade, ligada ao consumo e comércio de entorpecentes. Outra droga batizada no domínio público com alto índice de adesão é o álcool. Lícito, o consumo do álcool é permissivo pela cultura nacional, entretanto, o abuso provoca destruição em massa. O cenário do vício envolve as seguintes diretrizes: aonde falha o poder público, o que compete à família e quais são os planos emergenciais para lidar com o problema.
Para o conselheiro tutelar de Maringá, Vandré Fernando, a desestruturação familiar é a principal causa. A família – na figura do educador responsável – deve estar preparada para a sociedade dinâmica. O conselho é reciclar pensamento, conduta e comportamento. O Estado deve intervir de maneira positiva para o resgate das crianças e dos adolescentes envolvidos na droga e, por conseqüência, no crime. Promover cursos de capacitação por meio de grupos de apoio à família é fundamental.
As políticas públicas devem tratar a origem. “Nos cursos, ensinam os pais qual é a verdadeira função de um educador. Quando os pais estão incapacitados, o Estado deve resgatar o que é uma família, independente de quem é o responsável, se é o tio, o avô”, afirma Vandré. Diante de uma sociedade hiperativa e tecnológica, os responsáveis devem medir com cautela os passos dos seus filhos. A prevenção sempre é a melhor pedida, uma vez que o resgate de um usuário é muito pequeno.
O trabalho de abordagem nas ruas é eficaz. É feito um estudo social da família do menor envolvido no problema. “Costumo brincar que o Conselho Tutelar é mais que um brasileiro: nós não desistimos nunca [citando o bordão da propaganda]”, diz. Para ele, o trabalho de abordagem deve seduzir o jovem, com humanização, convencimento e persuasão diante do vício. O jovem só aceita ser tratado de maneira voluntária. O custo da recuperação é muito grande. “As seqüelas da droga são muito desgastantes. É um processo complexo que desencadeia outros problemas”, explica o conselheiro. A dinâmica do atendimento é profunda. “Chegamos na alma do problema. Se a família se compromete de verdade a seguir as orientações, os problemas são amenizados. Mas é necessário estar junto em todas as etapas, dar continuidade ao tratamento”, orienta.
Um bom exemplo de programa preventivo de Maringá é o Programa de Resistência a Drogas e Violência (Proerd), coordenado pela Polícia Militar. A atuação é nas escolas para alunos do Ensino Fundamental. O trabalho preventivo é atrelado à Patrulha Escolar Comunitária. Dados indicam que entre 2006 e 2008, mais de 12,6 mil crianças da rede estadual, municipal e particular participaram do curso.
Diante de adversidades sociais, de famílias desestruturadas: pai alcoólatra, mãe desempregada, filho nas drogas, tio no crime, fica difícil o jovem seguir outras trilhas. Ele está vulnerável, mas “não justifica”, segundo Vandré. O Poder Público deve preencher o tempo ocioso dos jovens com cursos e oficinas culturais e esportivas. “Os aliciadores não dormem”, lembra. O problema deve ser combatido sob um outro olhar, uma nova postura, de um jeito humanizado.
As estatísticas revelam que os quem entram no mundo do crime pela porta de entrada das drogas é bem maior e desproporcional dos que conseguem recuperação. “A droga é o combustível do crime. O abuso sexual, o tráfico, o roubo, o assassinato têm vínculo com o crime organizado. O mal tem condições de arrebanhar mais seguidores que o bem, infelizmente”, sintetiza.
Para o conselheiro, que dá o toque de recolher e impõe limites às crianças e ao adolescente é a família, ou pelo menos deveria ser.


HNews

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.