segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Caso Isabella Nardoni: Defesa afirma que acidente doméstico também é possibilidade


Um ano e seis meses depois da morte de Isabella Nardoni, a equipe do Fantástico teve acesso ao apartamento 62 do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo. A menina morreu em 29 de março de 2008, após supostamente ser agredida no local. O Ministério Público sustenta que a criança foi morta pelo pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá. A defesa fala pela primeira vez de outra possibilidade: acidente doméstico.
No fim da tarde de quarta-feira (23), com autorização da família, o Fantástico teve acesso a todo apartamento, que estava limpo e bem arrumado. A janela, hoje sem tela de proteção, é de onde Isabella – segundo a polícia e o Ministério Público – foi jogada pelo próprio pai. Até o térreo, são quase 19 metros de altura. Depois da perícia policial e da reconstituição, o apartamento foi liberado para os pais de Alexandre Nardoni. Tudo, diz a família, está como era antes da morte da menina, que tinha 5 anos.
“Olhando a casa deles, olhando o quarto deles, falando com eles, falando com a família, o que se vê ali é harmonia”, diz o advogado do casal, Roberto Podval. O apartamento é novo, assim como os móveis. Em uma cama, há uma Bíblia. No mesmo quarto, existem fotos das crianças e da formatura, em direito, de Alexandre Nardoni.
Ele, Anna Carolina e os dois filhos do casal viveram no apartamento cerca de 40 dias. O pai de Alexandre Nardoni disse que o apartamento será mantido assim para o dia em que a família puder se reencontrar. O quarto de Isabella foi decorado do jeito que ela gostava, na cor lilás. No local, ainda há fotos da menina com os irmãos e com o pai. As roupas continuam no mesmo lugar, nas gavetas.
Um ano e seis meses depois da morte da menina, polícia e Ministério Público permanecem convictos. Afirmam que a menina foi assassinada pelo pai e pela madrasta, depois de uma discussão do casal. As agressões, segundo a investigação, começaram na garagem, dentro do carro, quando todos voltavam de um supermercado. O carro – que passou pela perícia e está à disposição da família – continua no mesmo lugar desde o dia em que Isabella morreu.
Alexandre Nardoni mantém a versão apresentada à Justiça. Ele diz que saiu do carro com Isabella no colo, entrou no elevador e foi até o apartamento. Segundo o pai, Isabella não estava ferida. Ele conta que levou a filha dormindo e a colocou na cama. Em seguida, desceu para pegar os outros dois filhos. Quando voltou, a luz do quarto estava acesa e a cama, vazia.
O advogado justifica as marcas deixadas por Alexandre Nardoni na cama que fica no quarto dos filhos. “Se ele entra no apartamento, vê a janela rasgada, ele, eu ou qualquer pessoa iria sair correndo e olhar o que aconteceu. E iria subir na cama. Eu posso dizer: há elementos, sim, que conduzem à possibilidade de uma terceira pessoa”, diz Podval. Segundo o advogado, essa terceira pessoa poderia ser um assaltante.

Outra possibilidade
Além dessa suspeita, a defesa fala publicamente, pela primeira vez, sobre outra possibilidade: acidente doméstico. Segundo essa tese, Isabella poderia ter se assustado ao acordar e ver que estava sozinha. Ela, então, teria cortado a rede e caído, na tentativa de encontrar alguém da família. “No Rio de Janeiro, há pouquíssimo tempo, nós tivemos um episódio muito, muito parecido”, afirma Podval.
O caso ocorreu em julho. A mãe deixou a filha de 5 anos sozinha no apartamento por cerca de 20 minutos. O circuito interno registrou tudo, inclusive quando a criança caiu do quinto andar. A polícia descartou a participação dos pais na queda. No Edifício London, as câmeras de segurança não gravavam imagens. Isso só passou a ser feito depois da morte de Isabella Nardoni. “Um acidente é possível. Eu entrei nesse caso, estudei o caso e, honestamente, eu estou convencido da inocência do casal”, afirma o advogado.
O promotor do caso, Francisco Cembranelli, discorda. “Todas as possibilidades foram investigadas. Até procurou se estabelecer uma forma de comportamento de Isabella e chegou-se à conclusão de que se tratava de uma criança extremamente dócil, tranquila. Ela jamais praticaria um fato dessa envergadura, dessa natureza”, acredita.
Além do assassinato de Isabella, o pai e a madrasta são acusados de fraude processual, ou seja, alteração da cena do crime. Segundo a polícia, os dois limparam as manchas de sangue da menina. A Justiça negou todos os pedidos para que o casal fosse solto e pudesse responder ao processo em liberdade. A defesa considera um parecer, de julho deste ano, do subprocurador-geral da República Eugênio Aragão, como a primeira vitória até agora.
O representante do Ministério Público Federal entende que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá não devem responder pela acusação de fraude processual. “Ninguém é obrigado a se auto-incriminar. Então, ninguém é obrigado a deixar aquilo que está sob sua disposição íntegro para a polícia chegar e tomar a prova contra ele”, diz Aragão. O parecer ainda vai ser analisado pela Justiça. “A prisão deles não tem nada a ver com culpa, não culpa. Tem apenas a ver com uma medida de natureza cautelar para impedir que eles alterem as provas no processo.”

Correspondências
Presos em cadeias de Tremembé, a 147 km de São Paulo, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá trocam cartas com frequência. O Fantástico teve acesso a duas delas, de junho deste ano, escritas pela madrasta de Isabella. O carimbo da penitenciária mostra que as correspondências foram lidas pelos agentes. Anna Carolina chama o marido de “amor da minha vida”. Ela também jura amor eterno aos filhos e a Isabella.
Em outro trecho, pergunta a Alexandre Nardoni como está a saúde dele, se está comendo, e desabafa. “Você só me pergunta e não fala nada de você. Eu me preocupo demais com você”, diz. Anna Carolina também diz ao marido que é a eterna esposa dele e manda mais um recado: “se cuida e muito juízo”.
A previsão do Ministério Público é que o casal vá a julgamento entre fevereiro e março do ano que vem. Um júri popular, formado por sete pessoas, irá decidir de que lado está a verdade. Para a acusação, o apartamento 62 do Edifício London foi cenário de um assassinato. Para a defesa, o lugar de uma tragédia ainda não esclarecida. “Você virar o vilão é muito fácil. A gente pode ter um mistério? Pode. A gente pode não saber o que aconteceu? Pode”, diz o advogado.



G1
Veja mais:
http://anjoseguerreiros.blogspot.com/2009/09/advogado-de-defesa-dos-nardoni-diz-que.html

Um comentário:

  1. No meu ver esse "dr.Podval (Pódval), como soube que assim deve ser chamado.
    Por seus clientes anteriores já não era digno, vamos dizer, de confiança.
    Com seu novos clientes então podemos afirmar que com certeza, nele não se pode e nem se deve acreditar.
    Muito mais porque de advogado agora se tornou um contador de estórinhas infantis ou de ficção de 3ªcategoria (daí para baixo).
    Revoltante um defensor que como disseram "de nome", ter a coragem de fazer uma declaração dessa espécie, copiando a tese do livro de um "lunático".
    Nem um jurado mais despreparado e desconhecedor do caso poderia cair nessa armadilha, fácilmente desmontável.
    Pior ainda é a Rede Globo dar um tempo maior para mentiras,coisas inacreditáveis e para o Promotor Cembranelli um tempinho, que mal deu para falar.
    Armação?
    Acredito que sim.
    O sr.Nardoni com outra mentirinha de que o apartamento está esperando pela família!!!!!
    Família desfeita com a morte de Isabella poderá um dia ser refeita?
    Não acredito também.
    Espero que a Rede Globo da próxima vez faça uma reportagem digna de ser vista e imparcial, porque essa e a do casal Nardoni "chorando" viraram motivo de chacota.
    Indignado, espero que se retratem.

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