domingo, 31 de maio de 2009

Após passarem uma noite em museu, crianças querem repetir programa

Projeto pioneiro do Museu Nacional terá mais duas edições experimentais.No reencontro com os pais, café da manhã junto com a Família Real.

Foi uma noite inesquecível, como atestou o aluno Yan de Lima Andrade, de 10 anos, um dos 20 alunos do Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAP-Uerj) que participaram do projeto pioneiro "De pijama no museu". O evento foi promovido pelo Museu Nacional com o apoio da Fundação de Ampara à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e começou no fim da tarde de sábado (30) acabando na manhã deste domingo (31).
O Museu Nacional abriu suas portas normalmente, às 10h, para a visitação que prossegue até as 16h. O ingresso custa R$ 3, valor promocional porque algumas salas de exposição estão fechadas para obras.

Foi difícil dormir
As crianças contaram que a experiência foi inesquecível e curta, pois diante de tantas novidades e agitação, sobrou pouco tempo para dormir. Depois de jantarem com "membros da Família Real", conhecerem a vida dos dinossauros, verem representações de lendas indígenas e egípcias e saber mais sobre os meteoritos que já caíram no país, não foi fácil conter a energia e a disposição.
"Eles acordaram até as múmias", brincou o coordenador do projeto, o paleontólogo Alexander Kellner, lembrando que durante a noite, atores representando múmias e divindades egípcias contaram um pouco de suas histórias para as crianças.

Ana Clara Damasceno Barão, de 10 anos, lamentou não vencido a competição para encontrar rapidamente um meteorito durante a "expedição" que fez por uma das salas. Mas adorou a oficina de cerâmica e gostou muito de ser comparada a uma personagem de uma lenda indígena.

"A gente fez muita coisa, mas também aprendeu muita coisa", contou a menina ao amigo Guilherme Cunha, também de 10 anos, mas que não participou do programa. Ana foi dormir por volta das 2h deste domingo (31), depois da exibição do filme " Uma noite no museu" e de jogar um game com as amigas.
Mãe de Ana Clara, a professora Gilcilene Barão, elogiou a infraestrutura do Museu Nacional para receber os pequenos visitantes. “No começo fiquei apreensiva, achando que ela poderia ter medo de ficar num lugar estranho. Mas quando ela me ligou depois das 22h dizendo que estava tudo ótimo, relaxei. Agora, quero saber quando vai ter um programa como esse para os pais”, disse a professora.
Valeska Kohan, de 10 anos, que já dormiu inúmeras vezes na casa de amigos, disse que estava maravilhada com a experiência de passar uma noite inteira no museu. “Voltaria mais umas mil vezes. No começo pensei que ia ser uma coisa chata, aquela coisa de não poder mexer em nada, que não tinha graça. Mas adorei, aprendi muita coisa que vai me ajudar nas aulas. Desse jeito fica mais fácil de aprender as coisas”, disse Valeska.
O estudante Yan de Lima Andrade, de 10 anos, estava cheio de novidades para contar. Além dos desenhos em transparências e dos potes de cerâmica que produziu, exibia todo satisfeito a camiseta do programa que todos ganharam.
"Foi uma noite inesquecível. Pena que acabou. Queria dormir aqui mais uma vez. Foi tudo tão legal que fica até difícil falar", contou o agitado Yan à mãe, a fonoaudióloga Andréa Andrade.
Segundo a professora do CAP-Uerj, Cristina Clemente, que acompanhou os alunos nesta empreitada científica, as crianças adquiriram uma experiência fantástica.
"Elas se comportaram muito bem, se mostraram interessadas e interagiram com os atores e pesquisadores o tempo inteiro. Como parte da educação não formal, eles tiveram um aprendizado muito bom, que com certeza, vai se refletir nos trabalhos na escola", disse a professora.

Ciência mais acessível
O custo do projeto-piloto, segundo Kellner, é relativamente baixo. Para as três edições experimentais – outros 40 alunos do CAP-Uerj vão dormir no museu nos dias 27 de junho e 25 de julho – foram gastos R$ 30 mil. Custo esse, que afirma o coordenador, vai se ainda menor se o projeto conseguir atrair mais patrocinadores, já que não será preciso, por exemplo, comprar colchonetes e mesas e cadeiras para as oficinas com as crianças.

Alba Valéria Mendonça


Do G1, no Rio

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