segunda-feira, 20 de julho de 2009

Herdeiros da pedra


A chegada dos filhos do crack aos abrigos da Fundação de Proteção Especial (FPE) é um fenômeno recente.
O órgão estadual responsável pela proteção de crianças e adolescentes vítimas de abandono, maus-tratos e negligência recebe cada vez mais bebês que perderam suas mães para o crack.
Na semana passada, os abrigos receberam quatro recém-nascidos de mães viciadas. Com isso, atingiram o número recorde de 52 crianças de até dois anos, o equivalente a 8% da população atendida. Este ano, outras 23 passaram pelas unidades, sendo encaminhadas para adoação. O dado tem relação direta com o avanço da droga no Estado. Dos pequenos nessa faixa etária, 50% são órfãos do crack.
Há cinco anos, o percentual de crianças abandonadas por mães drogadas era de 5% nos 40 abrigos mantidos pelo governo do Estado. Ainda assim, o crack praticamente não aparecia como causa do desamparo. O loló despontava, conforme a psicóloga Sandra Helena de Souza, diretora técnica da FPE
A transformação observada em meia década serve como termômetro do agravamento da situação. No Núcleo de Abrigos Residenciais Belém Novo, em Porto Alegre, a chegada dos filhos do crack provocou mudanças profundas na estrutura de atendimento, até então voltada prioritariamente a crianças e adolescentes.
– De repente foi uma mudança radical. Não tinha gente treinada para atender, não havia berços nem roupinhas para os bebês. Tivemos que nos preparar para atender os filhos do crack – conta Mara Suzana Andrade de Souza, diretora do abrigo que presta assistência a um em cada três bebês sob a guarda do Estado. Dos 16 bebês, 10 foram trocados pelo crack.
Depois do parto, mulheres fogem
De modo geral, o ciclo do abandono segue um padrão. Ao experimentar o crack, a mulher se vicia rapidamente. Para sustentar o vício de até 20 pedras diárias, ela se prostitui por R$ 5, R$ 10 ou em troca de pedras. Ao longo do tempo, os efeitos da droga no cérebro levam a mulher a um estado de desorientação. Com isso, o uso de preservativos é abolido, dando início a uma gestação em que a mãe só costuma ir a um hospital para dar à luz. Ao nascer, o bebê é ignorado e encaminhado para a guarda de um familiar ou à adoção.
– O uso do crack imobiliza a pessoa e desorganiza a vida pessoal, social e o trabalho – avalia a psicóloga Sandra Helena.
Nos casos acompanhados pela fundação, as mães viciadas costumam desconhecer os pais dos seus bebês, que nascem sem qualquer atenção pré-natal. Durante a gestação, perambulam pelas ruas em busca de dinheiro para comprar a droga. Esquecem de comer e dormir, prejudicando o desenvolvimento do feto.
– Algumas mães dão à luz sem saber, outras são levadas ao hospital em trabalho de parto pela Brigada Militar. Depois de ter o filho, muitas fogem do hospital logo que podem – relata a socióloga Cristina Nunes de Souza, responsável técnica pelo Núcleo de Ingresso e Documentação da FPE.


Zero Hora

2 comentários:

  1. Essas crianças orfãs, que perderam as mães para o crak é uma triste realidade que parece não ter fim.Cadê o direito da criança de nasce de ser assistencida em seu desenvolvimento materno. Deve-se ter um jeito de diminuir esse ato de injustiça contra uma criança ainda que na barriga de sua mãe, afinal de conta elas não perdirão para nascer.E o que é mais triste carregão consigam a marcar dessa monstrocidade pois nasce com deficiência e terão grande dificuldade de inclusão social.

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