segunda-feira, 20 de julho de 2009

Violencia contra os povos indígenas - Relatório 2008


O CIMI - Conselho Indiginista Missionário - divulgou em maio de 2009, os dados de 2008, sobre a violencia contra os povos indígenas.
Veja a introdução do relatório, feita pelo Bispo da Prelazia do Xingu (PA) e Presidente do Cimi,Dom Erwin Kräutler.

Um compromisso com a vida

Como faz há mais de 20 anos, o Cimi apresenta os dados sobre as violações aos direitos dos povos indígenas do Brasil. Nesta edição,encontram-se as análises sobre os casos registrados em 2008.A reunião dessas informações monta o quadro da precária situação na qual ainda se encontra grande parte dos 241 povos indígenas que habitam o
território nacional. Ao olhar os números, fotos e relatos que seguem, devemos nos perguntar por que consentimos – enquanto sociedade – que os indígenas brasileiros enfrentem essa realidade.
Vinte anos atrás, em 1988, o povo brasileiro manifestou o respeito pela natureza pluriétnica e pluricultural do país. A Constituição Federal reconheceu que a diversidade de visões e de modos de vida dos povos que aqui vivem deveria ser respeitada e sua sobrevivência garantida. Esta vontade, no entanto, não se transformou em fato. Ao contrário,os ataques contra os indígenas seguem sendo praticados pelo Estado, por grupos e indivíduos.
Neste relatório, novamente, gritam aos nossos olhos os números das agressões contra os Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, em especial os dados sobre suicídios e assassinatos, que são, na maioria dos casos,cometidos por indígenas do próprio povo. O Brasil está assistindo à dolorosa autodestruição dos Guarani Kaiowá, promovida, principalmente, por ações e omissões do Estado. São necessárias medidas urgentes para garantir a sobrevivência física e cultural dessa população.Mais que isso, o Estado e toda a sociedade devem transformar sua percepção sobre os povos indígenas. Eles não podem ser vistos e tratados como um estorvo. Deve-se valorizar profundamente a contribuição da matriz indígena para a formação da identidade nacional e o modo sustentável dos povos indígenas de convivência com a natureza.
Da mesma forma, o Estado precisa considerar os indígenas ao programar o crescimento do país. Isso não ocorre quando cerca de 450 projetos de infra-estrutura incidem em terras indígenas, sem que seus habitantes sejam devidamente consultados. A presença dos povos indígenas se torna um empecilho para os que buscam um desenvolvimento que
favorece apenas as grandes empresas e o agronegócio, exigindo liberação de terras para o cultivo de monoculturas. Por outro lado, é valorizada pelos que buscam um desenvolvimento orientado para a vida, a paz, a preservação ambiental, o respeito ao outro e o bem-estar social.
Diante do lamentável retrato das violências apresentadas nesse relatório, a sociedade brasileira precisa assumir o compromisso de garantir um futuro digno para todos os povos indígenas do país. Um futuro onde as crianças não encontrem a morte na ausência de médicos e remédios e os jovens não busquem a morte como forma de escapar da realidade. Um futuro onde haja vida plena, onde haja uma terra sem males.
Maio de 2009
Dom Erwin Kräutler
Bispo da Prelazia do Xingu (PA) e Presidente do Cimi

Acesse o site do CIMI e veja o relatório na íntegra

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