O médico Roger Abdelmassih falou a VEJA na quinta-feira passada, na cela onde estava preso, no 40º Distrito Policial de São Paulo. Perfumado, barbeado e usando agasalho de moletom azul-escuro e mocassim bege levados pela família, chorou duas vezes e disse que estava "envergonhado" de ser visto daquela forma.
Suas declarações:
Como é o seu dia na prisão?
Eu tenho dormido pouco, porque não quero tomar nenhuma medicação. Durmo, acordo, leio, durmo mais um pouco, leio. Tenho lido a Bíblia e o livro A Cabana.
E os cuidados pessoais?
Eu acordo às 7 horas, me barbeio todos os dias, uso desodorante e faço minha higiene normal. Continuo com a minha dignidade.
O senhor já parou para pensar que pode ser condenado e passar muitos anos na prisão?
Nestes poucos dias aqui, estou sofrendo muito. Eu estou pagando aqui pelos caminhos da vida. Não por esses fatos que estão aí, mas por outras colocações. Essa prisão é injusta. Não sou nenhum indivíduo perigoso. Tenho absoluta certeza da minha inocência e de que vou ser julgado e inocentado.
Se o senhor pudesse encontrar ao menos uma mulher que o acusa de tê-la estuprado, o que o senhor diria a ela?
Quero lhe dizer que estou muito sensibilizado, muito sensível. Eu iria olhar bem no rosto dela e falar: "Você endoidou". Quer dizer, desculpe, não endoidou, você não está falando a realidade etc. Eu estou machucado demais. E injustiçado.
Em janeiro, o número de mulheres ouvidas nas investigações era nove. Agora são quase sessenta. Como o senhor explica essa multiplicação de denunciantes?
Obviamente, foi pela publicação e agitação natural. Há também outras razões que eu posso imaginar, mas prefiro não falar. O que posso dizer é que tenho absoluta segurança da minha inocência e que a Justiça vai mostrar isso. Quem está me acusando vai ter de responder por isso.
É verdade que o movimento em sua clínica caiu 90%?
Não. Até o momento em que fui trazido para cá, tive perda entre 40% e 50%.
Sua defesa poderia alegar algum tipo de desvio psíquico? Absolutamente. Eu tenho 20 000 mulheres que entraram na minha clínica. Mulheres absolutamente lindas, ou não. Eu sou assim, uma pessoa sensível, simpática, querida.
Bel Moherdaui, Laura Diniz e Suzana Villaverde
Revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário