segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estudantes da UFF esclarecem violência denunciada no trote do curso de direito


Os alunos do curso de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) recorreram à internet para tentar esclarecer o episódio do trote aplicado nos novos alunos da faculdade, na última quinta-feira. De acordo com uma caloura, por ser considerada bonita, a jovem foi levada para uma sala, onde deveria fazer sexo oral em oito veteranos que diziam que, assim, ela não precisaria acompanhar os colegas no pedágio nas ruas para recolher, como é de praxe com os novatos da universidade, o valor de R$250.
"É mentira o que estão falando do trote de Direito! Achei um absurdo o que estão falando do trote. Compareci todos os dias e participei de todas as brincadeiras, inclusive a do banheiro, a qual estão se referindo negativamente. Em momento algum me faltaram com respeito. Não fui obrigada a participar de nada", escreveu a estudantes do primeiro período Andressa Vidal na comunidade da UFF no orkut. "Acho que tudo não passou de um lamentável mal entendido que poderia ter sido resolvido na própria faculdade", acrescentou a universitária.
O jornal O Globo reservou um espaço nesse sábado para os estudantes da Faculdade de Direito da UFF. Falando sobre uma brincadeira envolvendo uma caloura e veteranos no qual ela seria coagida a fazer sexo oral. A caloura que se diz abalada emocionalmente não registrou queixa temendo passar por mais retaliações.
"Ora, como já foi dito, ninguém nunca é obrigado a participar da brincadeira. Nunca os objetivos das brincadeiras são para ofender o participante. Há toda uma estrutura formada para deixar os calouros satisfeitos e evitar abusos, que raramente existem", ressalta o veterano do curso Thiago José em texto postado no seu blog pessoal.
"Houve uma infeliz má-interpretação por parte da caloura em relação ao trote. Por isso seria interessante que ela formalizasse a acusação, se identificasse, e consequentemente apontasse os suspeitos, para evitar que a imagem da faculdade seja ainda mais denegrida. Por mais que ela tenha medo de represálias, se houve uma tentativa de estupro, creio que a grande maioria dos alunos a apoiariam em sua denúncia", comentou no Blog do Sidney Rezende o aluno do terceiro período da faculdade de direito Bernardo Castro.
O reitor da UFF, Roberto Salles, avisou nesta segunda-feira, que abriu uma sindicância para apurar a denúncia feita pela caloura sobre a violência cometida no trote. No entanto, a estudante não procurou a administração da instituição para apresentar a reclamação. A comissão da sindicância tem o prazo máximo de um mês para concluir a investigação. Os culpados poderão ser punidos com suspensão ou até mesmo com a expulsão da faculdade.
A assessoria de imprensa da universidade, por meio de nota, destacou ainda que a instituição repele os trotes que causem quaisquer tipo de constrangimento ou humilhação. "A UFF repele os trotes que geram constrangimento, violência e discriminação, assim como os que obrigam os alunos a se humilharem para arrecadar dinheiro nas ruas."

Trote exemplar

Em 2002, a UFF criou o projeto Trote Cultural, adotado por grande parte dos cursos da universidade, com a finalidade de mudar o perfil de recepção dos calouros na instituição. Segundo o projeto, os novos estudantes participam de campanhas socioculturais de incentivo à cidadania, como exibição de filmes, doação de roupas, brinquedos e material de limpeza, e também recolhimento de lixo nas praias.

Leia a nota da UFF na íntegra

"A comunidade da Universidade Federal Fluminense (UFF) não se coaduna com qualquer tipo de ação discriminatória dentro da instituição e repudia a atitude de alunos veteranos que recebem calouros com trote violento.
A UFF repele os trotes que geram constrangimento, violência e discriminação, assim como os que obrigam os alunos a se humilharem para arrecadar dinheiro nas ruas.
O reitor Roberto Salles determinou que a direção da Faculdade de Direito abra uma comissão de sindicância para apuração dos fatos denunciados na imprensa, e garante que, apontados os culpados, os responsáveis serão punidos exemplarmente.
Ele ressalta que, já há oito anos, a universidade assumiu oficialmente uma ação para mudar o perfil do trote universitário, tendo criado o Projeto Trote Cultural UFF. A atividade, adotada pela maioria dos Diretórios Acadêmicos, recebe seus calouros por meio de campanhas com objetivos socioculturais e voluntários que acrescentam valores à vida acadêmica e pessoal dos alunos que chegam à Universidade Federal Fluminense, eliminando a violência e valorizando a prática da cidadania, do respeito à vida e ao meio ambiente. Entretanto, alguns grupos de estudantes insistem em praticar atividades que causam constrangimento e que são indignas da real posição da Reitoria da UFF em relação ao recebimento de seus novos alunos.
A Universidade Federal Fluminense não irá tolerar nenhum tipo de trote que leve ao constrangimento, violência ou discriminação."
Fonte: SRZD


Veja o comentário deixado por duas estudantes em postagem anterior:

Aline disse...
Post infeliz, totalmente infeliz. Eu quero que provem o que dizem antes de denegrir a imagem do meu curso, da minha faculdade e dos meus colegas. Essa é uma historinha muito absurda, participa do trote quem quer, pede dinheiro quem quer e há a questão do trote solidário. Se prezam a credibilidade de vocês, façam o mínimo esforço para averiguar os fatos antes de reproduzirem na internet qualquer história que alguém conta. Por quê não procuram os calouros para saber o que acharam do trote, os veteranos que já passaram por isso antes, a comunidade que recebe as doações do trote, pais de alunos que já acompanharam trotes? Sujar a imagem de uma faculdade federal é uma coisa séria, pensem antes de fazer esse tipo de post sem responsabilidade.

Juliana disse...
A notícia verdadeira, eu conheço a vítima.
Tb sou aluna da faculdade de Direito da Uff e sei exatamente como são os trotes aplicados nas calouras, principalmente nas bonitas.
Não é a 1ª vez que este trote acontece dentro das paredes da faculdade, mas a 1ª vez que a vítima teve coragem para denunciar.

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