Tranquilidade e “morabeza”, expressão local que pode ser traduzida como algo entre gentileza e hospitalidade, são algumas das qualidades evocadas por brasileiros quando questionados o que os fez trocar o país pelo arquipélago de dez ilhas que compõem Cabo Verde, localizado na costa oeste da África.
Colônia portuguesa até 1975, o país que tem uma comunidade brasileira de apenas cem pessoas registradas, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, vem atraindo mais brasileiros nos últimos anos seja por um emergente intercâmbio comercial ou a busca de um estilo de vida diferente.
“As pessoas são muito gente fina. Há uma “morabeza”, como eles falam, uma amizade. Você que está habituado a uma correria, principalmente em São Paulo, se adapta a uma vida mais tranquila, em que tem duas horas e meia de almoço, que quase para a cidade”, conta o músico paulista Ricardo de Deus, 31 anos, há dez em Cidade de Praia, a capital.
Paulista de Suzano, ele esteve pela primeira vez no país para uma apresentação com uma banda de Porto Seguro e acabou ficando. Casou-se com uma cabo-verdiana, acompanhou artistas locais em turnês pelo país e pela Europa e, há dois anos, gravou seu próprio disco, o instrumental “Fragmentos”, que une temas brasileiros, ritmos cabo-verdianos e até standarts de jazz.
Além da “morabeza”, Ricardo conta ter aprendido, “com forte sotaque português”, um pouco do crioulo, dialeto local que é falado junto com o português, a língua oficial. “Todo mundo fala crioulo, mas tem pessoas mais humildes que não falam português”, conta Ricardo, que pratica o dialeto com a mulher e os alunos nas aulas de piano e teoria musical que ministra no Centro de Cultura Brasil-Cabo Verde.
Diretora do centro, a mineira Marilene Pereira mudou-se para Cabo Verde também após conhecer e casar-se com um cabo-verdiano. No país há 21 anos, nacionalizada há oito, ela diz fazer parte de um perfil muito comum dos brasileiros que chegam ao país. “Normalmente é mulher que casa com cabo-verdiano. Os homens são muito poucos, mas mulheres há muitas”, conta.
Colônia portuguesa até 1975, o país que tem uma comunidade brasileira de apenas cem pessoas registradas, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, vem atraindo mais brasileiros nos últimos anos seja por um emergente intercâmbio comercial ou a busca de um estilo de vida diferente.
“As pessoas são muito gente fina. Há uma “morabeza”, como eles falam, uma amizade. Você que está habituado a uma correria, principalmente em São Paulo, se adapta a uma vida mais tranquila, em que tem duas horas e meia de almoço, que quase para a cidade”, conta o músico paulista Ricardo de Deus, 31 anos, há dez em Cidade de Praia, a capital.
Paulista de Suzano, ele esteve pela primeira vez no país para uma apresentação com uma banda de Porto Seguro e acabou ficando. Casou-se com uma cabo-verdiana, acompanhou artistas locais em turnês pelo país e pela Europa e, há dois anos, gravou seu próprio disco, o instrumental “Fragmentos”, que une temas brasileiros, ritmos cabo-verdianos e até standarts de jazz.
Além da “morabeza”, Ricardo conta ter aprendido, “com forte sotaque português”, um pouco do crioulo, dialeto local que é falado junto com o português, a língua oficial. “Todo mundo fala crioulo, mas tem pessoas mais humildes que não falam português”, conta Ricardo, que pratica o dialeto com a mulher e os alunos nas aulas de piano e teoria musical que ministra no Centro de Cultura Brasil-Cabo Verde.
Diretora do centro, a mineira Marilene Pereira mudou-se para Cabo Verde também após conhecer e casar-se com um cabo-verdiano. No país há 21 anos, nacionalizada há oito, ela diz fazer parte de um perfil muito comum dos brasileiros que chegam ao país. “Normalmente é mulher que casa com cabo-verdiano. Os homens são muito poucos, mas mulheres há muitas”, conta.
Intercâmbio comercial
Além da receptividade cabo-verdiana – “quando você fala que é brasileiro, o sorriso abre logo” -, ela afirma que o intercâmbio comercial com o Brasil tem atraído brasileiros, após a inauguração de voos diretos para o país africano. “Os brasileiros estão fazendo negócios aqui e o produto primeiro da pauta de exportação é o produto de beleza. Dentre eles, o alisante de cabelo”, conta.
O empresário cearense Ricardo Alencar, 42, confirma. No país há sete anos, ele diz que “devagarinho, os produtos brasileiros estão entrando no mercado de Cabo Verde”. Dono de duas lojas de importação e exportação, ele leva do Brasil, além dos cosméticos, uma grande variedade de mercadoria, que vai de equipamentos para aquários a artigos para festas de aniversário. Mas diz que precisou de muita “persistência” para se estabelecer na ilha.
Cabo-verdianas testam produtos em loja brasileira em Cidade de Praia, Cabo Verde (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)
"A modalidade de comércio aqui é totalmente diferente do Brasil. Aqui, o que faz você girar mercadoria é novidade e não quantidade. Muitas vezes [os comerciantes brasileiros] vêm e trazem uma quantidade de roupas, várias do mesmo modelo. Até vendem no início, mas depois se esgota a clientela. Aqui eles procuram sempre novidades”, diz o empresário, que diz viajar pelo menos quatro vezes a Fortaleza em busca de produtos novos para a exigente clientela.
Desde que se mudou, ele afirma ter trazido 18 parentes e conhecidos brasileiros para trabalhar nas lojas, que acabaram retornando ao Brasil por não se adaptarem ao país.
"A modalidade de comércio aqui é totalmente diferente do Brasil. Aqui, o que faz você girar mercadoria é novidade e não quantidade. Muitas vezes [os comerciantes brasileiros] vêm e trazem uma quantidade de roupas, várias do mesmo modelo. Até vendem no início, mas depois se esgota a clientela. Aqui eles procuram sempre novidades”, diz o empresário, que diz viajar pelo menos quatro vezes a Fortaleza em busca de produtos novos para a exigente clientela.
Desde que se mudou, ele afirma ter trazido 18 parentes e conhecidos brasileiros para trabalhar nas lojas, que acabaram retornando ao Brasil por não se adaptarem ao país.
Eles não demoram, não se adaptaram com a cultura. Aqui não tem a mesma qualidade de vida do Brasil, de diversão, é mais trabalho”, diz. Por outro lado, o cearense também aponta a tranquilidade da vida cabo verdiana como vantagem. “Minha adaptação é porque simplesmente aceitei a vida aqui como ela é. É um lugar bem mais tranqüilo que o Brasil. Não se ouve falar em assalto, assassinato, em roubo.”
Feijoada, cachaça e novela
Para além da língua portuguesa, os brasileiros que vivem no arquipélago africano também veem semelhanças entre os dois países que ajudam a amenizar a saudade da terra natal, como a cachupa, prato que se assemelha à feijoada, mas feito à base de milho; o grogo, a aguardente local e a popularidade das novelas brasileiras.
Após alguns anos de convivência, também ajudam a vencer certos estereótipos comuns por aqui sobre o continente africano. “As pessoas falam da África [no Brasil] como se fosse um país, tem aquela idéia de que tem leões e elefante nas ruas. E a África é um continente com muitos países, muita diversidade”, afirma Ricardo de Deus.
Para o músico, o que se fala sobre o continente na mídia ajuda a reforçar “uma imagem deturpada”. “Acho que aqui há pobreza tanto quanto algumas regiões do Brasil. Se você vai para Rodonia, Mato Grosso ou Acre também há muita pobreza. Isso é muito relativo.”
G1
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